"Eu sei que tem essa coisa da volta do preto, sei lá o quê. Mas minha coleção é superotimista, colorida. Continuo gostando de cor, cada vez mais", diz Alexandre Herchcovitch, justificando sua coleção de referências folk e campestres, que mostra na próxima terça, estréia da SPFW.
O estilista diz isso diante das tendências internacionais, que nas coleções de inverno 2006 começaram a lançar de novo roupas pretas e austeras.
Herchcovitch acha que a moda de hoje pode servir como escape: "Pode até ter sido inconsciente nas primeiras vezes que segui esse caminho, mas depois comecei a pensar de fato em imagens que façam com que as pessoas esqueçam os problemas, nem que seja por alguns minutos". "Quando eu assisto a um desfile, não penso no que li de manhã no jornal", completa.
Já a Zoomp, um dos pilares do jeanswear paulistano, desfila quarta, dia em que internautas de todo o país estão combinando pelo Orkut de usar preto em protesto, como "luto nacional".
"Talvez seja um bom momento mesmo para um manifesto", diz Renato Kherlakian, empresário da marca. "Mas, no meio de tudo isso, uma idéia pode ser colorir muito e trazer o espírito renovado, baseado não no governo, mas em iniciativas pessoais." Para ele, "reagir com alegria é uma característica não apenas da cultura latina, mas que nós brasileiros estamos nos esforçando para manter".
"A moda como fenômeno tão forte nos últimos anos só fortalece uma estrutura capaz de pensar sobre os problemas", completa o estilista Jum Nakao.
Alguém falou em sexo para esquecer da vida? Sabendo do potencial dos brasileiros nessa praia, a divisão de roupas da "Playboy" internacional prepara sua invasão fashion (que começou há alguns anos no planeta) por aqui. Procuraram o escritório de Alice Ferraz, que armou a primeira história: a descolada Raia de Goeye virá na SPFW com uma série inspirada no famoso coelho. "É uma sensualidade contemporânea que é a cara das meninas", diz Alice.

STEVEN E PATTI CHEGAM EM JULHO!!
Tá sabendo? Steven Klein chega dia 1º de julho. O mais influente fotógrafo de moda da atualidade vem ao Brasil para fazer a nova campanha da Arezzo, com Carol Trentini. O styling é da lendária Patti Wilson, que entrou para a história com trabalhos para David LaChapelle e todo mundo que importa, isso desde os 80. Patti também vem. Tudo com direção de arte do brasileiro Giovanni Bianco.
E Steven acerta também os detalhes da megaexposição sobre seu trabalho que rola em janeiro de 2006 na Faap, em São Paulo. O criador da famosa foto de Madonna do avesso na pose de ioga vai mostrar seu recente editorial de Brad Pitt e Angelina Jolie na "W" (que vai virar livro com Bianco). Patti vai criar uma pequena linha de jeans para as fotos. "Nosso problema é que a gente sempre tem que colocar a roupa dos outros", justifica o empresário Anderson Birmann, dono da Arezzo. "Pode ser o embrião de um novo negócio, mas não quero ser mais um a festejar o mercado", diz. Patti, que é uma figuraça, fez somente um pedido: ter um tempo para conhecer Maria Bethania. Arrasa.

SÍNTESE DO FASHION RIO
Biquínis mais comportados, calcinhas maiores tanto atrás quanto nos lados, nenhuma extravagância de ordem sexual. As praias brasileiras serão mais conservadoras no próximo verão? Bem, ao menos assim foram os desfiles de moda praia do Fashion Rio. A questão da brasilidade está forte ainda, refletido em estampas e cores: o neotropicalismo decola, o que se estende ao prêt-à-porter. Menos do que temas definidos, entretanto, consolida-se a tese do tal DNA carioca, calcado fortemente no "life style", na cultura das ruas, no invejado jeitão da cidade. Tudo muito à vontade, solto, fluido, confortável, sem complicação. Quem complicou dançou -na passarela.
A Maria Bonita Extra, por exemplo, com uma coleção de sonho, se enrolou na apresentação. Coisa que os jovens atores da Blue Man não fizeram, ainda que as roupas não sejam brilhantes. Os melhores desfiles: os já citados MFL e PV, mais Redley, Zigfreda, Salinas (inesquecível, aquele da Carmem Miranda), Alessa, Lenny. Entre os novos, Chiaro e Flesh Bleck Crew.