São Paulo, domingo, 24 de junho de 2007

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Ultimate Fighting foi criado para ser vitrine do jiu-jítsu brasileiro nos EUA

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Principal responsável pela popularidade do ""jiu-jítsu brasileiro", denominação da modalidade aperfeiçoada pela família Gracie, o evento de vale-tudo Ultimate Fighting Championship foi criado na década de 90 para funcionar como vitrine desse esporte nos EUA.
Não à toa o conceito do UFC foi idealizado por Rorion, um dos filhos de Hélio Gracie, patriarca do clã. Royce, irmão de Rorion, era confrontado no interior de uma jaula em formato de octógono por representantes de várias artes marciais. Com o domínio da luta de solo propiciado pelo jiu-jítsu, mais técnicas de mão e chutes, Royce dominava os oponentes.
Escaldados, candidatos a participar de edições subseqüentes do UFC ou eventos similares, como o japonês Pride, adquirido recentemente pelo UFC, aprenderam técnica de chão. Muitos lançaram mão do ""jiu-jítsu brasileiro", como o atual campeão dos médios do UFC, o brasileiro Anderson Silva, originário do muai thay, que privilegia socos e chutes.
Com o passar do tempo, no caminho para conquistar a aceitação do público, o vale-tudo foi rebatizado com uma denominação politicamente mais correta: "mixed martial arts" (artes marciais mistas).

Mais regras
O próprio formato do UFC mudou. Banido pelas comissões atléticas dos EUA, deixou de lado o slogan ""dois homens entram, só um sai [andando]" e adotou mais regras. Baniu golpes violentos e instituiu sistema de assaltos; cinco para lutas por títulos e três para as outras.
Há alguns anos, um funcionário do UFC lamentou a adoção de tantas regras. Disse preferir menos limitações e reconheceu que, não fosse assim, a modalidade nunca seria legitimada ao público. De toda forma, o formato atual, com lutas rápidas e espaço para promoção antes e após os combates, parece seduzir a nova geração por não exigir concentração prolongada em uma só luta. Alguns comparam sua ""embalagem" à dos jogos de videogame.
As mudanças deram resultado. As arenas que recebem o UFC são freqüentadas por celebridades, como Andre Agassi e sua mulher, Steffi Graf, a modelo Cindy Crawford e artistas de cinema e seriados de TV.
A conceituada publicação norte-americana ""Sports Illustrated", que tradicionalmente esnoba ou ataca o boxe, dedicou matéria de capa de oito páginas ao Ultimate, o ""esporte mais polêmico e que mais rápido cresce na América".
No Brasil, o canal pay-per-view Premiere Combate, que exibe o UFC e competições similares, tem 15 mil assinantes.
A Confederação Brasileira de Jiu-Jítsu contabiliza 20 mil federados no país; entretanto, admite que o número de praticantes pode ser bem maior.
Também é novidade o comportamento de quem assiste. Em um esporte taxado há alguns anos como ""brutal", o público não recrimina os atletas, que não têm pudor em ""pedir água" ao bater a mão no solo.
No boxe, Roberto ""Manos de Piedra" Durán foi visto como covarde durante anos por desistir de sua luta com ""Sugar" Ray Leonard. Popó também foi criticado pela imprensa dos EUA por desistir nas lutas com Diego Corrales e Juan Diaz.


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