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Ultimate Fighting foi criado para ser vitrine do jiu-jítsu brasileiro nos EUA
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Principal responsável pela
popularidade do ""jiu-jítsu brasileiro", denominação da modalidade aperfeiçoada pela família Gracie, o evento de vale-tudo Ultimate Fighting Championship foi criado na década
de 90 para funcionar como vitrine desse esporte nos EUA.
Não à toa o conceito do UFC
foi idealizado por Rorion, um
dos filhos de Hélio Gracie, patriarca do clã. Royce, irmão de
Rorion, era confrontado no interior de uma jaula em formato
de octógono por representantes de várias artes marciais.
Com o domínio da luta de solo
propiciado pelo jiu-jítsu, mais
técnicas de mão e chutes, Royce dominava os oponentes.
Escaldados, candidatos a
participar de edições subseqüentes do UFC ou eventos similares, como o japonês Pride,
adquirido recentemente pelo
UFC, aprenderam técnica de
chão. Muitos lançaram mão do
""jiu-jítsu brasileiro", como o
atual campeão dos médios do
UFC, o brasileiro Anderson Silva, originário do muai thay, que
privilegia socos e chutes.
Com o passar do tempo, no
caminho para conquistar a
aceitação do público, o vale-tudo foi rebatizado com uma denominação politicamente mais
correta: "mixed martial arts"
(artes marciais mistas).
Mais regras
O próprio formato do UFC
mudou. Banido pelas comissões atléticas dos EUA, deixou
de lado o slogan ""dois homens
entram, só um sai [andando]" e
adotou mais regras. Baniu golpes violentos e instituiu sistema de assaltos; cinco para lutas
por títulos e três para as outras.
Há alguns anos, um funcionário do UFC lamentou a adoção de tantas regras. Disse preferir menos limitações e reconheceu que, não fosse assim, a
modalidade nunca seria legitimada ao público. De toda forma, o formato atual, com lutas
rápidas e espaço para promoção antes e após os combates,
parece seduzir a nova geração
por não exigir concentração
prolongada em uma só luta. Alguns comparam sua ""embalagem" à dos jogos de videogame.
As mudanças deram resultado. As arenas que recebem o
UFC são freqüentadas por celebridades, como Andre Agassi e
sua mulher, Steffi Graf, a modelo Cindy Crawford e artistas de
cinema e seriados de TV.
A conceituada publicação
norte-americana ""Sports Illustrated", que tradicionalmente
esnoba ou ataca o boxe, dedicou matéria de capa de oito páginas ao Ultimate, o ""esporte
mais polêmico e que mais rápido cresce na América".
No Brasil, o canal pay-per-view Premiere Combate, que
exibe o UFC e competições similares, tem 15 mil assinantes.
A Confederação Brasileira de
Jiu-Jítsu contabiliza 20 mil federados no país; entretanto, admite que o número de praticantes pode ser bem maior.
Também é novidade o comportamento de quem assiste.
Em um esporte taxado há alguns anos como ""brutal", o público não recrimina os atletas,
que não têm pudor em ""pedir
água" ao bater a mão no solo.
No boxe, Roberto ""Manos de
Piedra" Durán foi visto como
covarde durante anos por desistir de sua luta com ""Sugar"
Ray Leonard. Popó também foi
criticado pela imprensa dos
EUA por desistir nas lutas com
Diego Corrales e Juan Diaz.
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