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Iphan vota hoje tombamento do Oficina
Teatro renovado por Lina Bo Bardi em 1986, protegido no município e no Estado, pode ter proteção federal
Documento que será avaliado, no entanto, não põe fim definitivo à disputa do grupo com empreiteiros na região
DE SÃO PAULO
Será votado hoje, no Rio, o
tombamento do teatro Oficina pelo Iphan, órgão federal
para a defesa do patrimônio
histórico e artístico.
Dirigido por José Celso
Martinez Corrêa, o teatro funciona num casarão na Bela
Vista, em São Paulo, reformado pela arquiteta Lina Bo
Bardi em 1986. A construção
e entorno já são protegidos
em âmbito municipal, desde
1991, e estadual, desde 1983.
Nos anos 1980, o governo
do Estado comprou o imóvel
onde funciona o teatro para
evitar que fosse "engolido
pelo Baú da Felicidade", nas
palavras de Martinez Corrêa,
em referência a construções
que o Grupo Silvio Santos
pretende executar na área.
Agora, a companhia do
Oficina espera que o tombamento federal ponha fim à
disputa com empreiteiros e
proteja o prédio e seu entorno, onde pretendem construir um teatro de estádio e
montar o que chamam de
Universidade Antropófaga.
Mas, segundo o parecer interno do Iphan, obtido pela
Folha, a votação de hoje,
mesmo que favorável ao Oficina, não encerra a questão.
Está previsto no documento uma proteção à vista dos
janelões de vidro do Oficina,
mas não um bloqueio ou desapropriação do entorno.
Segundo o texto, "os panoramas devem ser salvaguardados por um cone visual com abertura de 45 para cada lado do pano de vidro". A área tombada se restringiria então apenas ao lote
onde está hoje o Oficina.
"Não é isso que vai impedir a construção do complexo do Grupo Silvio Santos",
diz Dalmo de Oliveira Filho,
relator do parecer, à Folha.
"Não é o tombamento do
imóvel, mas do lugar, porque
ali ocorreram fatos importantes para o teatro brasileiro."
Oliveira Filho acrescenta
que alguma restrição nos lotes vizinhos será necessária
para "manter essa relação
com a paisagem" que caracteriza o teatro, mas não especifica a extensão da proteção.
O parecer do Iphan termina com uma ressalva. "A
apropriação do espaço vizinho pela presunção da necessidade futura é campo diverso, que vai muito além do
reconhecimento de valor",
diz o texto.
(SILAS MARTÍ)
JOSÉ SIMÃO
O colunista é publicado no caderno Copa 2010
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