São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2010

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Iphan vota hoje tombamento do Oficina

Teatro renovado por Lina Bo Bardi em 1986, protegido no município e no Estado, pode ter proteção federal

Documento que será avaliado, no entanto, não põe fim definitivo à disputa do grupo com empreiteiros na região

DE SÃO PAULO

Será votado hoje, no Rio, o tombamento do teatro Oficina pelo Iphan, órgão federal para a defesa do patrimônio histórico e artístico.
Dirigido por José Celso Martinez Corrêa, o teatro funciona num casarão na Bela Vista, em São Paulo, reformado pela arquiteta Lina Bo Bardi em 1986. A construção e entorno já são protegidos em âmbito municipal, desde 1991, e estadual, desde 1983.
Nos anos 1980, o governo do Estado comprou o imóvel onde funciona o teatro para evitar que fosse "engolido pelo Baú da Felicidade", nas palavras de Martinez Corrêa, em referência a construções que o Grupo Silvio Santos pretende executar na área.
Agora, a companhia do Oficina espera que o tombamento federal ponha fim à disputa com empreiteiros e proteja o prédio e seu entorno, onde pretendem construir um teatro de estádio e montar o que chamam de Universidade Antropófaga.
Mas, segundo o parecer interno do Iphan, obtido pela Folha, a votação de hoje, mesmo que favorável ao Oficina, não encerra a questão.
Está previsto no documento uma proteção à vista dos janelões de vidro do Oficina, mas não um bloqueio ou desapropriação do entorno.
Segundo o texto, "os panoramas devem ser salvaguardados por um cone visual com abertura de 45 para cada lado do pano de vidro". A área tombada se restringiria então apenas ao lote onde está hoje o Oficina.
"Não é isso que vai impedir a construção do complexo do Grupo Silvio Santos", diz Dalmo de Oliveira Filho, relator do parecer, à Folha.
"Não é o tombamento do imóvel, mas do lugar, porque ali ocorreram fatos importantes para o teatro brasileiro."
Oliveira Filho acrescenta que alguma restrição nos lotes vizinhos será necessária para "manter essa relação com a paisagem" que caracteriza o teatro, mas não especifica a extensão da proteção.
O parecer do Iphan termina com uma ressalva. "A apropriação do espaço vizinho pela presunção da necessidade futura é campo diverso, que vai muito além do reconhecimento de valor", diz o texto.
(SILAS MARTÍ)



JOSÉ SIMÃO
O colunista é publicado no caderno Copa 2010


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