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Ator Bela Lugosi marcou clássico de terror de 31
CRÍTICO DA FOLHA
A primeira marca do "Drácula" de 1931 é, claro, Bela Lugosi. Sua voz é envolvente, seus
olhos são sedutores. Mas ninguém se engane: o encanto do
personagem criado por Lugosi
vem de sua incrível ambiguidade, da capacidade de transmitir, ao mesmo tempo, as idéias
de dor e de terror.
Pois Drácula é um demônio
noturno, um pesadelo -e, se o
filme hoje é um clássico, é em
boa parte porque Lugosi conseguiu lhe dar a densidade e a
intensidade que os pesadelos
requerem.
É verdade que sozinho Lugosi não faria tudo o que fez, e o
filme não seria o que é se a Universal não tivesse providenciado a iluminação de Karl
Freund, um alemão saído das
sombras do expressionismo
-e um dos maiores fotógrafos
do cinema. Ou ainda se não tivesse a dirigi-lo Tod Browning,
que formava com James Whale
a grande dupla de mestres do
horror dos anos 30.
O terror é um gênero estranho e difícil, pois convoca plenamente o imaginário, mas só
o faz na medida em que acene
com a hipótese de tudo aquilo
nos afetar realmente. É um gênero que nos agita inteiramente, corpo e alma, idéia e matéria. Poucos chegaram a isso e
mantiveram por tanto tempo
sua eficácia quanto esse "Drácula".
(INÁCIO ARAUJO)
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