São Paulo, sexta-feira, 24 de agosto de 2001

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Ator Bela Lugosi marcou clássico de terror de 31

CRÍTICO DA FOLHA

A primeira marca do "Drácula" de 1931 é, claro, Bela Lugosi. Sua voz é envolvente, seus olhos são sedutores. Mas ninguém se engane: o encanto do personagem criado por Lugosi vem de sua incrível ambiguidade, da capacidade de transmitir, ao mesmo tempo, as idéias de dor e de terror.
Pois Drácula é um demônio noturno, um pesadelo -e, se o filme hoje é um clássico, é em boa parte porque Lugosi conseguiu lhe dar a densidade e a intensidade que os pesadelos requerem.
É verdade que sozinho Lugosi não faria tudo o que fez, e o filme não seria o que é se a Universal não tivesse providenciado a iluminação de Karl Freund, um alemão saído das sombras do expressionismo -e um dos maiores fotógrafos do cinema. Ou ainda se não tivesse a dirigi-lo Tod Browning, que formava com James Whale a grande dupla de mestres do horror dos anos 30.
O terror é um gênero estranho e difícil, pois convoca plenamente o imaginário, mas só o faz na medida em que acene com a hipótese de tudo aquilo nos afetar realmente. É um gênero que nos agita inteiramente, corpo e alma, idéia e matéria. Poucos chegaram a isso e mantiveram por tanto tempo sua eficácia quanto esse "Drácula". (INÁCIO ARAUJO)



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