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CRÍTICA
Rock "macho" e humor careta amornam prêmio
CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi a vitória do certo sobre o duvidoso. Ao festejar CPM 22 e passar batido
por gratas novidades como
Nega Gizza e Textículos de
Mary, a premiação da MTV
esteve milhas distante da ousadia num dos eventos mais
caretas de sua história.
E não é justo botar a culpa
apenas no telespectador da
MTV, responsável pela escolha de grande parte dos vencedores. As opções de voto já
vieram caducas na raiz.
Na categoria rock, por
exemplo, havia a possibilidade de votar em Rodox
(grupo do Rodolfo, ex-Raimundos), O Rappa, Titãs e
CPM 22. Com essa "cédula"
na mão, o fã da MTV preferiu premiar pela enésima vez
os "roqueiros" dos Titãs.
O rock "macho" deu a tônica do evento. Na estreante
categoria de melhor clipe internacional, ganhou o nu
metal do Linkin Park. Não
foi surpresa, então, a banda
eleita revelação do ano ter sido a paulistana CPM 22, cópia abrasileirada do hardcore comercial de Green Day.
No rap, categoria que tinha
concorrentes vigorosos (MV
Bill, Rappin" Hood, Sabotage), o eleito foi Xis, popular
depois de participar da "Casa dos Artistas" e, de quebra,
fazer comerciais de supermercado. Pior para Nega
Gizza, irmã de Bill, que concorria com o polêmico e corajoso clipe de "Prostituta".
A premiação foi costurada
por paródias do americano
"Osbournes". Só que as versões nacionalizadas (os Lima, as Do Brasil, os Nova, os
Di Camargo, os Canisso e,
campeão da pieguice, os Veloso) pecaram pela caretice.
Em vez de mostrar momentos do cotidiano das famílias, as vinhetas tinham cantores tentando ser atores, em
historinhas vazias.
As piadinhas com os artistas faziam parte dos esforços
da MTV em fazer um evento
baseado na autotiração de
sarro. Só que, velado e comedido, o mote cômico só teria
feito rir se viesse acompanhado de gabarito.
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