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São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2003

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MÍDIA

Enquanto lei que determina cota para programas locais segue para o Senado, TVs procuram valorizar suas afiliadas

Globo e SBT começam a investir em regionalização

LAURA MATTOS
ENVIADA ESPECIAL A PORTO DE GALINHAS

Dois eventos -um da Globo e outro do SBT- realizados na última semana comprovam: mesmo antes de se tornar obrigatório por lei, o investimento em programação regional já está entre as prioridades das duas redes.
O projeto de lei que determina cotas horárias para a exibição de programas locais nas TVs foi aprovado na Câmara no último dia 13. Dois dias depois, cerca de 140 pessoas chegavam a um resort em Porto de Galinhas (PE) para um congresso organizado por nove afiliadas do SBT no Nordeste.
Representantes de anunciantes e de agências de publicidade tiveram contato com executivos das emissoras nordestinas. Foram apresentados pacotes de patrocínio em eventos regionais, como festas de São João.
O encontro custou perto de R$ 400 mil. O investimento se justifica: em 2002, a primeira edição rendeu R$ 4 milhões em anúncios aos radiodifusores do chamado Comitê Nordeste. Das oito cotas, sete foram comercializadas. Animadas, as afiliadas criaram 12 cotas para a nova temporada. O valor unitário aproximado de quatro delas é de R$ 4,5 milhões e o de oito, R$ 2,5 milhões.
O projeto Nordeste conta com o apoio de Silvio Santos. Superintendente de rede, Julio César Casares, disse que, há quatro anos, mostrou ao empresário o plano de regionalização. Silvio teria duvidado da importância. "Disse a ele: "A regionalização vai virar lei, e temos que sair na frente". E ele resolveu apoiar", disse Casares.
O departamento de rede do SBT, que vende programas das afiliadas, foi criado há três anos. Segundo Casares, as vendas cresceram 25% de 2001 para 2002 e 40% no último ano -taxas superiores às de crescimento das redes. O SBT também pretende trazer conteúdos regionais à programação e, se Silvio Santos colocar em prática o investimento em jornalismo, há a intenção de criar um jornal nacional com reportagens de afiliadas.
A 7ª Feira de Eventos e Projetos Regionais, da Globo, aconteceu na Câmara Americana de Comércio, em SP (dias 18 e 19). Segundo a emissora, compareceram as suas 115 afiliadas, responsáveis por selecionar os eventos mais importantes regionais, que "mobilizam multidões e movimentam a economia local". Para a Globo, "o objetivo é atrair cada vez mais o interesse das agências e anunciantes para os projetos realizados em todo o Brasil".
Com recursos escassos, anunciantes estão optando por campanhas mais focalizadas, com custos menores. Ricardo Monteiro, gerente de mídia da Procter & Gamble, afirmou que sua empresa passou a investir em anúncios regionais. Em 2002, produziu uma campanha para as afiliadas do Nordeste e teve um crescimento de vendas na região 240% acima de suas expectativas.
Enquanto o mercado já começa a ditar essa regra, a lei que obriga as TVs a exibirem programação local segue para o Senado. Pela lei, cerca de 20% da programação das afiliadas teriam de ser com produções locais, exibidas entre 5h e 20h. Dessa cota, 40% teriam de ser de independentes. A deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ), autora do projeto, acredita que a tramitação será rápida, pois já houve negociação com as TVs durante as votações na Câmara.


A repórter Laura Mattos viajou a convite do SBT Nordeste


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