DA REPORTAGEM LOCAL

A nova versão de "Elis & Tom" é, além de obra de arte, um teste de novos formatos para a combalida indústria fonográfica nacional. Pode iniciar novas práticas de produção e edição de música no Brasil, mas pode também ficar restrita ao público de elite a que inicialmente se reporta.
A grande novidade do pacote que inclui CD e o ainda desconhecido DVD áudio está nas novas mixagens. Cesar Camargo Mariano orientou a remixagem dos tapes originais em estéreo (para o formato CD) e no sistema "surround 5.1" (para o DVD).
Os oito canais originais de gravação foram abertos e redistribuídos pelas seis caixas de som que compõem o sistema 5.1 -segundo Mariano, a intenção é fazer com que o ouvinte que possua tal aparelhagem em casa se sinta como se estivesse no centro do estúdio de gravação, com Elis cantando à frente, as sessões de sopros ao fundo e assim por diante.
A idéia nasceu na Trama, que teve de buscar acordo de reedição especial com a gravadora Universal, proprietária dos tapes originais e dos direitos do álbum.
"Desde o início do século 20, o que o cara tocava no estúdio era muito diferente do que era registrado em disco. A captação sempre distorceu e achatou o som", diz João Marcello Bôscoli, celebrando novas tecnologias que, segundo ele, só agora permitirão saber como soava em carne viva um trabalho como "Elis & Tom".
Segundo técnicos da Trama, mesmo a audição em um toca-CDs comum ou num aparelho convencional de DVD de vídeo resultará em volume, qualidade sonora e resolução pelo menos 30% superiores aos conhecidos pelo velho CD da Universal.
O DVD áudio engendrado pela Trama toca em qualquer aparelho de DVD -mas só quem possui o sistema 5.1 em casa desfrutará integralmente da recuperação.
Bôscoli planeja para o ano que vem um DVD em vídeo do mesmo produto, com imagens de especial exibido à época pela TV Bandeirantes. Ele diz que o processo de recuperação das imagens custaria entre R$ 250 mil e R$ 400 mil e que a Trama pretende constituir tecnologia própria para fazê-lo -multinacionais do disco e redes de TV não querem ou não podem, só tinha de acontecer pelas mãos do filho de Elis. (PAS)