São Paulo, segunda, 24 de agosto de 1998

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TELEVISÃO
Nas eleições, é melhor imitar do que competir

TELMO MARTINO
Colunista da Folha

A novela "Brida" está em obras. A reforma vai ser total. Mesmo assim, "Brida" vai ao ar em dois horários todos os dias.
Em temporada de propaganda eleitoral é melhor imitar do que competir.
Além da bomba, desemprego, fome e miséria do Enéas ("Mamãe, para onde vai o careca barbudo da bomba quando não tem campanha eleitoral?" "Vai morar no anonimato") é impressionante a quantidade de homem que também quer ser presidente.
Tem o Vasco Neto porque ele acredita que o Sol nasce para todos e o João de Deus porque acredita que os devotos do Getúlio Vargas ainda têm pernas para chegar até uma urna eletrônica. O quê? E-le-trô-nica?
É um verdadeiro absurdo ver uma estrela da importância do Ciro Gomes, nossa única esperança de ter um Clint Eastwood forte e justo, ser reduzido a minutos cronometrados.
Ainda por cima, disfarçado de anônimo monocromático no terno e na gravata.
Mesmo assim, Ciro Gomes é uma estrela. Com ele, o "horário político" vai a Hollywood. Mas volta rápido.
O verde, mas nunca pálido, Alfredo Sirkis também quer ser presidente. Fernando Gabeira já descobriu que seu carro eletroecológico corre menos.
Antes de ser uma Nancy, Jackie ou Hillary, dona Ruth Cardoso é uma socióloga. Aparece com uma simplicidade nunca vista em qualquer sobe-e-desce das Daslu.
Dona Ruth, inocente quando não é erudição, apresenta-se atrás de um balcão. Ela não sabe que, depois da "Vida ao Vivo", balcão está mais "out" do que show da banda do Supla.
Mas dona Ruth é sempre bom senso em sua disposição para o trabalho. E sempre muito convincente.
Como estrela máxima do programa, o presidente que busca reeleição tem o "glossy" colorido de revista americana. Tudo nele é firmeza, confiança e otimismo. É capa. Basta
E o PT pediu ajuda a Cristina Pereira. Ela é a cara do PT. Até o humor é bem baratinho. Copia a "Casseta", mas não paga. Põe um grupo de "asiáticos" só para mostrar quem ganha emprego do presidente.
Depois mostra uns desempregados vestindo o mesmo luxo do Lula. Ninguém pode parecer inferior ao líder. É tanta gravata que reforma agrária foi citada no mais rápido dos "en passants". Esse luxo vai criar problema.
Toda mulher vai querer roupa igual à da Martha Suplicy. Antes de ser PT, ela era "née" Smith Vasconcelos. Haja caixa.




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