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RELÂMPAGOS
Couro
JOÃO GILBERTO NOLL
Se ele dissesse uma palavra,
uma que fosse, eu ficaria mais
calmo. Mas, não, ele me puxava, puxava pelo braço como se eu tivesse cometido o
pior dos crimes e marchasse
agora para o patíbulo. Na
nossa passagem os cavalos relinchavam, cachorros ladravam, crianças acorriam até a
borda da estrada -faces ranhentas, aflitas. Os adultos,
esses nos evitavam, mantendo-se atrás das moitas. Quando avistei a praia, entendi de
um golpe que eu via tudo do
avesso. Pois era um dia de calor, as pessoas se banhavam.
Olhei para cima e vi o mesmo
homem. Ele apenas pegava a
minha mão, como em férias.
"Quem é", me perguntei, notando que eu dava na altura
do seu cinto, cinto com cenas
de rodeio... Aí ele tirou a minha camisa e a dele, e entramos no mar, calados...
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