São Paulo, segunda-feira, 24 de setembro de 2001

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RELÂMPAGOS

Couro

JOÃO GILBERTO NOLL

Se ele dissesse uma palavra, uma que fosse, eu ficaria mais calmo. Mas, não, ele me puxava, puxava pelo braço como se eu tivesse cometido o pior dos crimes e marchasse agora para o patíbulo. Na nossa passagem os cavalos relinchavam, cachorros ladravam, crianças acorriam até a borda da estrada -faces ranhentas, aflitas. Os adultos, esses nos evitavam, mantendo-se atrás das moitas. Quando avistei a praia, entendi de um golpe que eu via tudo do avesso. Pois era um dia de calor, as pessoas se banhavam. Olhei para cima e vi o mesmo homem. Ele apenas pegava a minha mão, como em férias. "Quem é", me perguntei, notando que eu dava na altura do seu cinto, cinto com cenas de rodeio... Aí ele tirou a minha camisa e a dele, e entramos no mar, calados...


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