|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BARBARA GANCIA
Será que o Pelé assiste ao programa do Pelé?
A imagem mais chocante
dos últimos dias não foi feita
em meio aos escombros do World
Trade Center ou no sáfaro Afeganistão. Ela veio do Ed Sullivan
Theatre, em Nova York, onde é
gravado o "Late Show", com David Letterman.
Foi algo de extraordinário ver o
veterano Dan Rather -um dos
três âncoras mais importantes da
TV americana, com Peter Jennings e Tom Brokaw- chorar
feito bebê ao falar com Letterman
sobre os atentados.
Desde o dia 11 temos visto muita
gente chorar. Nem mesmo o presidente Bush conseguiu conter as
lágrimas diante das câmeras.
Mas ver o duro-na-queda Rather
engasgar na cara da platéia foi de
arrepiar. E ajuda a dar a dimensão da gravidade do que está
ocorrendo. Sempre com aquele ar
inquebrantável de Clint Eastwood, Rather cobriu as guerras
do Vietnã, da Bósnia, do Golfo e
do Afeganistão. Se ele está inconsolável, que dirá nós, que somos
bem mais bambos do que ele?
Foi adiada nos EUA a estréia da
nova temporada de "Friends",
que estava marcada para estes
dias. Pois eu pergunto: depois dos
eventos em Nova York e Washington, quem pode imaginar o
irônico Chandler, o bobalhão
Ross, o ingênuo Joey, a maluca
Phoebe, a patricinha Rachel e a
perfeccionista Monica tomando
café no Central Perk, como nos
bons tempos em que mal sabíamos o nome do terrorista Osama
bin Laden?
Agora entendi porque ninguém
comenta o show do Pelé, na PSN:
o programa é um zero à esquerda!
Dá a impressão de que o Pelé faz
as gravações só para cumprir o
contrato com a PSN, entre um telefonema para Nova York e uma
reunião com a Nokia.
O rei simplesmente não demonstra nenhum empenho. E o
cenário? O que é aquilo? Pobrim,
pobrim. Estaria de bom tamanho
para o Chico Lang e o Avallone,
mas para o nosso rei?
Ainda bem que o Michael Jordan não fala português. Já imaginou que vergonha o Pelé não ia
passar se o outro mito vivo assistisse ao seu programa de TV? O
único aspecto surpreendente, ao
menos da apresentação que assisti, é que Pelé não diz nem uma
vez "entende?".
Por falar em PSN, lamento informar que a saga da nacionalidade do comentarista de tênis Nicolas Pereira não terminou.
Semana passada corrigi uma
informação anterior, dizendo que
o Nicolas não é americano, e sim
uruguaio. Na verdade, ele é venezuelano. Aí está. Se, na semana
que vem, eu disser que ele não é
venezuelano, e sim húngaro, o leitor pode mandar os homens de
branco atrás de mim.
barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia/
Texto Anterior: Debate: Escritores conversam com o público Próximo Texto: Dança: Em pé de igualdade Índice
|