São Paulo, segunda-feira, 24 de setembro de 2001

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BARBARA GANCIA

Será que o Pelé assiste ao programa do Pelé?

A imagem mais chocante dos últimos dias não foi feita em meio aos escombros do World Trade Center ou no sáfaro Afeganistão. Ela veio do Ed Sullivan Theatre, em Nova York, onde é gravado o "Late Show", com David Letterman.
Foi algo de extraordinário ver o veterano Dan Rather -um dos três âncoras mais importantes da TV americana, com Peter Jennings e Tom Brokaw- chorar feito bebê ao falar com Letterman sobre os atentados.
Desde o dia 11 temos visto muita gente chorar. Nem mesmo o presidente Bush conseguiu conter as lágrimas diante das câmeras. Mas ver o duro-na-queda Rather engasgar na cara da platéia foi de arrepiar. E ajuda a dar a dimensão da gravidade do que está ocorrendo. Sempre com aquele ar inquebrantável de Clint Eastwood, Rather cobriu as guerras do Vietnã, da Bósnia, do Golfo e do Afeganistão. Se ele está inconsolável, que dirá nós, que somos bem mais bambos do que ele?

Foi adiada nos EUA a estréia da nova temporada de "Friends", que estava marcada para estes dias. Pois eu pergunto: depois dos eventos em Nova York e Washington, quem pode imaginar o irônico Chandler, o bobalhão Ross, o ingênuo Joey, a maluca Phoebe, a patricinha Rachel e a perfeccionista Monica tomando café no Central Perk, como nos bons tempos em que mal sabíamos o nome do terrorista Osama bin Laden?

Agora entendi porque ninguém comenta o show do Pelé, na PSN: o programa é um zero à esquerda! Dá a impressão de que o Pelé faz as gravações só para cumprir o contrato com a PSN, entre um telefonema para Nova York e uma reunião com a Nokia.
O rei simplesmente não demonstra nenhum empenho. E o cenário? O que é aquilo? Pobrim, pobrim. Estaria de bom tamanho para o Chico Lang e o Avallone, mas para o nosso rei?
Ainda bem que o Michael Jordan não fala português. Já imaginou que vergonha o Pelé não ia passar se o outro mito vivo assistisse ao seu programa de TV? O único aspecto surpreendente, ao menos da apresentação que assisti, é que Pelé não diz nem uma vez "entende?".
Por falar em PSN, lamento informar que a saga da nacionalidade do comentarista de tênis Nicolas Pereira não terminou.
Semana passada corrigi uma informação anterior, dizendo que o Nicolas não é americano, e sim uruguaio. Na verdade, ele é venezuelano. Aí está. Se, na semana que vem, eu disser que ele não é venezuelano, e sim húngaro, o leitor pode mandar os homens de branco atrás de mim.


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