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São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2003

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Cineasta encontra público na mostra em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Além de "Ser e Ter", o público paulistano terá a chance de ver outros quatro documentários do cineasta francês Nicholas Philibert, em mostra que o Cinesesc abriga, a partir de sexta, com entrada franca em todas as sessões.
A reunião completa de sua obra deveria incluir dois outros títulos -"La Voix de Son Maître" (A Voz de seu Professor), primeiro de sua filmografia, de 1978, e "Qui Sait?" (Quem Sabe?), de 1999.
O cineasta vem ao Brasil para a mostra e participará de encontro com o público, no domingo, após a exibição de "Ser e Ter" (18h).
O primeiro título programado pelo Cinesesc é "A Cidade Louvre" (1990), que registra o cotidiano de trabalho no museu parisiense. O espectador verá não (apenas) o Louvre das obras expostas, mas sobretudo a rotina do museu invisível ao visitante.

Patins
Da cozinha em que são preparadas as refeições para os funcionários aos testes para contratação de pessoal, o filme acompanha o vaivém profissional dentro do museu, onde mensageiros percorrem os enormes corredores de patins.
"Um Animal, os Animais" é o segundo filme da mostra e conta a história da reabertura da Galeria de Zoologia do Museu Nacional de História Natural. Philibert acompanha discussões museográficas, segue os trabalhos de preparação dos animais a serem expostos e brinca com o inusitado de seu tema ao registrar diálogos como: "Eu preciso de um crânio".
Com apresentação também na sexta-feira de abertura da mostra "5 Filmes de Nicholas Philibert", "O País dos Surdos" é talvez o trabalho do cineasta que mais exige do espectador disposição para entregar-se ao ritmo do filme.
Philibert entrevista diversos portadores de deficiência auditiva. Eles se expressam em linguagem de sinais e contam a relação com o mundo dos sons e do silêncio, como o personagem que explica sua opção por não usar o aparelho que lhe permite distinguir sons. "Eles [os sons] me atordoavam."

Método
"Ao Menos Isso", cartaz de sexta e sábado, é um título indispensável para quem quiser comparar o método empregado pelo cineasta em "Ser e Ter" aplicado a uma realidade totalmente diferente.
Nesse caso, Philibert acompanha o processo de montagem de uma peça teatral na renomada clínica La Borde, dedicada ao atendimento de saúde mental.
O cineasta opta por não fazer uma apresentação clara de quais são os personagens em tratamento na clínica e quais são os profissionais que os atendem.
O tênue limite entre a normalidade e o distúrbio será tratado ora poeticamente ora em forma de revelação. Pertence à última categoria o caso do professor de música que, solicitado a tocar a Marselhesa, o hino nacional francês, mal consegue lidar com seu desconforto. Lírica é a passagem em que um dos "atores" da peça relata sua montagem favorita na clínica -a de um texto absurdo, em que nada tinha sentido e que, por isso mesmo, o fazia sentir-se menos diferente.


5 FILMES DE NICHOLAS PHILIBERT - Mostra da produção do documentarista francês. Onde: Cinesesc (r. Augusta, 2.075, Consolação, SP, tel. 0/xx/11/3082-0213). Quando: de sexta (26/9) a domingo (28/9). Quanto: grátis.


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