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OUTRA FREQUÊNCIA
O rádio e a revolução na educação
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Ambicioso projeto da Universidade de São Paulo deverá entregar a 455 escolas públicas
miniestações internas de rádio.
O "Educomunicação pelas Ondas do Rádio", que terá seu primeiro simpósio no dia 8 de novembro, baseia-se na seguinte tese: uma criança capaz de colocar
um programa de rádio no ar certamente não terá dificuldades para se comunicar com os colegas,
professores e sua família.
Desenvolvida pelo Núcleo de
Comunicação e Educação da Escola de Comunicações e Artes da
USP, a idéia deverá ser implementada em 455 escolas municipais
até o final de 2004 -já passou por
187 e está atualmente em 78.
Funciona assim: os colégios recebem equipes formadas por professores e radialistas durante 12
sábados. Os encontros giram em
torno da idéia de "educomunicação": sem comunicação, não há
educação. Pelo conceito, um aluno que não se comunica bem não
aprende bem -do bê-á-bá ao
cálculo estequiométrico.
Nas aulas, crianças e membros
da comunidade debatem sobre
sua relação com os meios de comunicação. Segundo Ismar de
Oliveira Soares, coordenador do
núcleo, o objetivo é desenvolver
nos alunos uma visão crítica da
mídia e ensiná-los a se relacionar
com ela. "Devem saber selecionar
o conteúdo dos veículos, olhar
criticamente a parte ruim e aproveitar a boa, como acesso a informações sobre saúde e cultura."
Ao final do curso, a escola ganha
uma miniestação interna de rádio, que amplia no grupo a noção
do que é um meio de comunicação, para que serve e como pode
ser usado. "O rádio é nosso principal instrumento para a educação. É simples de montar, barato e
desenvolve a técnica da fala."
Duas questões relevantes: 1) o
professor da rede pública também é foco do projeto (www.educomradio.com.br), e a idéia é
transformá-lo em "educomunicador"; 2) segundo o coordenador, houve redução média de 50%
de atos de violência nas escolas já
contempladas pela iniciativa.
O rádio, aliás, nasceu no Brasil ligado à educação. Há 80 anos, Roquette Pinto criou a primeira estação no país com o sonho de usar
as ondas de AM para o ensino à
distância. Tanto que a pioneira
Rádio Sociedade do Rio de Janeiro foi entregue, em 1936, ao Ministério da Educação, e Roquette
Pinto teve de insistir para que Getúlio Vargas não a colocasse a serviço do DIP (Departamento de
Imprensa e Propaganda).
A história do fundador do rádio
será contada amanhã num documentário precioso produzido por
Julio de Paula, às 20h05, na Cultura FM (103,3 MHz, em SP).
laura@folhasp.com.br
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