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ELETRÔNICO
Chemical Brothers lançam coletânea, declaram seu amor pelo clubbing e dizem que canções "exigem atenção"
Duo celebra dez anos em cenário mutante
ALEXIA LOUNDRAS
DO "THE INDEPENDENT"
"O clubbing faz parte de nossa
existência. É o que nós fazemos",
diz Ed Simons, a metade travessa
da dupla eletrônica inglesa Chemical Brothers. Em dez anos, ele e
o "irmão", Tom Rowlands, conquistaram o status que hoje desfrutam de lendas do mundo clubber graças a suas músicas que incendeiam as pistas de dança. Neste momento, porém, Simons seria
mais convincente se confessasse
uma predileção por palavras cruzadas ou dominó.
Os Chemical Brothers acabam
de lançar, pela Virgin, uma coleção dos sucessos de toda sua carreira, "Singles 93-03", e, como
crianças que têm alguma coisa
melhor a fazer, estão achando o
trabalho de promoção do disco
tão chato quanto ficar de castigo
depois da aula.
Nos dez anos em que fazem música juntos, os Chemical Brothers
ergueram um legado singular na
paisagem sempre cambiante do
dance. O acid house deu origem
ao house progressivo, e as raves
cederam espaço aos superclubes,
mas os Chemical Brothers superaram todas as tendências da dance music vistas até hoje. Os arautos da big beat já venderam milhões de cópias de seus quatro álbuns aclamados pela crítica, conquistaram as paradas, ganharam
prêmios e romperam algumas
barreiras. "Achamos que era motivo de comemoração", diz Tom
Rowlands, modesto, referindo-se
à coletânea de singles ("de alguma
maneira, chamá-la de "Greatest
Hits" foi meio decadente"). "Estas
canções exigem atenção. Queremos que as pessoas as ouçam em
sequência", acrescenta Simons.
Retrospectiva
O álbum mapeia a carreira dos
Chemical Brothers e, basicamente, funciona como retrospectiva
essencial. Voltada à eletrificação
das sinapses neurais e provocando um desejo incontrolável de
dançar, a coletânea passa do
abandono movido pelo acid ao
eletrorock plugado. O álbum não
se presta a ser classificado -e isso
é motivo de orgulho especial para
os Brothers.
"Não nos sentimos limitados
por pertencer a qualquer cenário
musical em particular. O que gostamos em nossas músicas é que
elas existem num universo próprio. "Block Rockin" Beats" foi, para nós, um disco para abrir uma
noite de sábado, mas ele saiu para
o mundo e ganhou o Grammy de
melhor rock instrumental. Poderíamos fazer um álbum realmente
bonito com Beth Orton ou Hope
Sandoval como convidadas, e ainda teria nosso toque. Juntamos
idéias musicais e as passamos pelo filtro da nossa experiência do
clubbing", diz Rowlands.
"Hoje em dia o dance, o pop,
rock, hip hop, R&B- é tudo
igual! Aqueles megaclubes desagradáveis fecharam, mas não vejo
isso como algo ruim. O Marquee
fechou, e isso não significou o fim
do rock. O impulso das pessoas de
ouvir música com seus amigos e
se divertir ainda existe, e é isso o
mais importante", afirma, rindo.
Simons concorda: "Fui a uma festa no mês passado, e foi tão boa
quanto qualquer rave em que já
estive. Não importava a música
que estava tocando -calipso, o
que fosse-, era música para dançar e curtir. Aquele espírito underground que existia no fim dos
anos 80 e início dos 90 ainda está
vivo. As pessoas estavam sorrindo e dançando, e estava ótimo."
Decolagem
Os Chemical Brothers estão
com vida nova. O véu cinza do desânimo foi afastado. "Gosto
quando nossa música me deixa
maluco", diz Rowlands. "Aquela
sensação maciça que explode a
partir de nossas músicas. Às vezes
é realmente avassalador. Quando
estou lá, tocando uma sequência
ao vivo, percebo que as pessoas
estão sentindo a mesma coisa. E é
isso que eu gosto: a decolagem."
Simons conclui: "A sensação
que a música nos dá, seja qual for,
é uma experiência em nível mais
alto do que a maior parte da vida.
A música pode fazer qualquer coisa, levar você a qualquer lugar."
SINGLES 93-03. Artista: Chemical
Brothers. Lançamento: Astralwerks/
Emd. Quanto: R$ 60, em média (duplo,
importado).
Tradução Clara Allain
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