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São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2003

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ELETRÔNICO

Chemical Brothers lançam coletânea, declaram seu amor pelo clubbing e dizem que canções "exigem atenção"

Duo celebra dez anos em cenário mutante

ALEXIA LOUNDRAS
DO "THE INDEPENDENT"

"O clubbing faz parte de nossa existência. É o que nós fazemos", diz Ed Simons, a metade travessa da dupla eletrônica inglesa Chemical Brothers. Em dez anos, ele e o "irmão", Tom Rowlands, conquistaram o status que hoje desfrutam de lendas do mundo clubber graças a suas músicas que incendeiam as pistas de dança. Neste momento, porém, Simons seria mais convincente se confessasse uma predileção por palavras cruzadas ou dominó.
Os Chemical Brothers acabam de lançar, pela Virgin, uma coleção dos sucessos de toda sua carreira, "Singles 93-03", e, como crianças que têm alguma coisa melhor a fazer, estão achando o trabalho de promoção do disco tão chato quanto ficar de castigo depois da aula.
Nos dez anos em que fazem música juntos, os Chemical Brothers ergueram um legado singular na paisagem sempre cambiante do dance. O acid house deu origem ao house progressivo, e as raves cederam espaço aos superclubes, mas os Chemical Brothers superaram todas as tendências da dance music vistas até hoje. Os arautos da big beat já venderam milhões de cópias de seus quatro álbuns aclamados pela crítica, conquistaram as paradas, ganharam prêmios e romperam algumas barreiras. "Achamos que era motivo de comemoração", diz Tom Rowlands, modesto, referindo-se à coletânea de singles ("de alguma maneira, chamá-la de "Greatest Hits" foi meio decadente"). "Estas canções exigem atenção. Queremos que as pessoas as ouçam em sequência", acrescenta Simons.

Retrospectiva
O álbum mapeia a carreira dos Chemical Brothers e, basicamente, funciona como retrospectiva essencial. Voltada à eletrificação das sinapses neurais e provocando um desejo incontrolável de dançar, a coletânea passa do abandono movido pelo acid ao eletrorock plugado. O álbum não se presta a ser classificado -e isso é motivo de orgulho especial para os Brothers.
"Não nos sentimos limitados por pertencer a qualquer cenário musical em particular. O que gostamos em nossas músicas é que elas existem num universo próprio. "Block Rockin" Beats" foi, para nós, um disco para abrir uma noite de sábado, mas ele saiu para o mundo e ganhou o Grammy de melhor rock instrumental. Poderíamos fazer um álbum realmente bonito com Beth Orton ou Hope Sandoval como convidadas, e ainda teria nosso toque. Juntamos idéias musicais e as passamos pelo filtro da nossa experiência do clubbing", diz Rowlands.
"Hoje em dia o dance, o pop, rock, hip hop, R&B- é tudo igual! Aqueles megaclubes desagradáveis fecharam, mas não vejo isso como algo ruim. O Marquee fechou, e isso não significou o fim do rock. O impulso das pessoas de ouvir música com seus amigos e se divertir ainda existe, e é isso o mais importante", afirma, rindo. Simons concorda: "Fui a uma festa no mês passado, e foi tão boa quanto qualquer rave em que já estive. Não importava a música que estava tocando -calipso, o que fosse-, era música para dançar e curtir. Aquele espírito underground que existia no fim dos anos 80 e início dos 90 ainda está vivo. As pessoas estavam sorrindo e dançando, e estava ótimo."

Decolagem
Os Chemical Brothers estão com vida nova. O véu cinza do desânimo foi afastado. "Gosto quando nossa música me deixa maluco", diz Rowlands. "Aquela sensação maciça que explode a partir de nossas músicas. Às vezes é realmente avassalador. Quando estou lá, tocando uma sequência ao vivo, percebo que as pessoas estão sentindo a mesma coisa. E é isso que eu gosto: a decolagem."
Simons conclui: "A sensação que a música nos dá, seja qual for, é uma experiência em nível mais alto do que a maior parte da vida. A música pode fazer qualquer coisa, levar você a qualquer lugar."


SINGLES 93-03. Artista: Chemical Brothers. Lançamento: Astralwerks/ Emd. Quanto: R$ 60, em média (duplo, importado).

Tradução Clara Allain



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