|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Temos obrigação de elevar o nível da programação", diz secretária de Justiça
LILIAN CHRISTOFOLETTI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
A entrevista exibida pelo "Domingo Legal" no SBT no dia 7,
com dois falsos integrantes da facção criminosa PCC, será o estopim para a criação de leis mais severas que permitam um controle
rígido da programação da TV.
Até o final deste ano, a Secretaria Nacional de Justiça pretende
apresentar uma nova portaria para regulamentar o setor.
Uma das propostas trata de incluir, no início de cada programa
considerado impróprio, uma tela
com fundo azul alertando sobre o
conteúdo a ser transmitido.
A nova portaria, que será definida por comissão formada por seis
especialistas, deverá prever ainda
uma metodologia mais rígida para a classificação dos programas.
Hoje o Ministério da Justiça realiza controle externo do conteúdo
da TV aberta pela classificação indicativa de idades e horários.
Além disso, acrescente-se ao
trabalho da Secretaria Nacional
de Justiça a tentativa de reabrir a
discussão sobre o uso de chips nas
TVs, aparelhos controlados pelos
pais para limitar a programação
dos filhos, como ocorre nos EUA.
Como no Brasil 95% dos televisores não são compatíveis com o
chip, a secretaria quer sugerir ao
Congresso um projeto de lei que
obrigue os fabricantes a incluir o
sistema nos novos aparelhos.
"Isso não é censura", afirma a
secretária nacional de Justiça,
Cláudia Chagas. "Temos a obrigação de preservar as crianças de
conteúdos inadequados e de elevar o nível da programação, em
especial no horário livre [das 6h às
20h]", disse ela, mãe de um menino de 14 anos e uma menina de 12.
A discussão de uma nova portaria de classificação já estava em
andamento desde janeiro deste
ano, segundo Chagas, mas o episódio envolvendo o apresentador
Gugu Liberato ampliou o leque
das possíveis mudanças.
"A situação pode provocar uma
reflexão importante sobre o controle social do conteúdo da programação", afirmou Chagas.
Nova denúncia
O Ministério das Comunicações
recebeu anteontem uma nova denúncia contra o SBT por exibir
conteúdo considerado violento.
Desta vez, o alvo foi uma "pegadinha" apresentada no domingo à
noite por Silvio Santos.
Na "pegadinha", dois atores,
dentro de um táxi comum, travam uma discussão verbal que
termina quando um dos atores
saca um revólver e atira no colega,
para susto do taxista, que desconhecia a brincadeira.
"É uma afronta, num momento
em que a população rediscute o
desarmamento, apresentar um
programa de tão mau gosto", afirmou o deputado Enio Bacci
(PDT-RS), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, que encaminhou o pedido
de investigação ao Ministério das
Comunicações.
O ministro Miro Teixeira informou que irá anexar o novo pedido à investigação que move contra o SBT. Nesta semana, ele espera receber cópia do inquérito policial aberto em SP para tomar uma
"decisão muito forte" sobre o caso, como teria afirmado a interlocutores, segundo a Folha apurou.
Texto Anterior: Televisão: SBT diz que punirá culpados por "caso PCC" Próximo Texto: Advogado de Gugu tenta evitar indiciamento Índice
|