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Mônica Bergamo
@ - bergamo@folhasp.com.br
Rafael Andrade/Folha Imagem
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O ator André Ramiro, 26, que era porteiro de cinema no Rio e interpreta um dos policiais do filme "Tropa de Elite", de José Padilha |
TROPA DE ELITE
"Já vi gente morrer"
Ex-porteiro de cinema, André Ramiro estréia nas telas como um dos policiais de "Tropa
de Elite". Ele faz o papel de um PM incorruptível que entra para o Bope, o Batalhão de Operações Especiais, grupo de elite que é sempre chamado para incursões nas favelas cariocas.
Ele falou à coluna:
FOLHA - O filme está gerando reações de apoio ao Bope, por mostrar o
batalhão como violento, mas incorruptível. O que acha?
ANDRÉ RAMIRO - É complicado
achar que os caras são heróis,
porque eles torturam no filme.
Herói é Gandhi, é Martin Luther King, é madre Tereza, é
Betinho. Os grandes heróis não
pegam em armas.
FOLHA - Em São Paulo, houve empresários que reagiram ao filme com
a afirmação de que, afinal, o Bope
enfrenta uma "guerra" na favela.
RAMIRO - É fácil falar quando
você está no apartamento e só
vê isso pela TV. Por que não se
investe em lazer, cultura e educação? Eu não tive isso no meu
bairro [Vila Kennedy, na zona
oeste do Rio]. Já vi gente morrer nessa guerra. Em vez de
exaltar o Bope, as pessoas precisam perguntar: por que tem
que matar?
FOLHA - Já sofreu violência ou discriminação policial por ser negro?
RAMIRO - De vez em quando
acontece, quando estou com
um amigo no carro.
FOLHA - O que achou da invasão
policial do Complexo do Alemão,
que deixou 19 mortos, em junho, teve respaldo do governo Sérgio Cabral e um amplo apoio, de acordo
com pesquisas?
RAMIRO - Aquilo foi dado como
uma operação policial bem-sucedida, mas quem sofreu foi o
trabalhador, a mãe que ficou
chorando. Quem dá ordem para
entrar e matar não sofre o problema na pele. O saldo não foi
maravilhoso. Foi uma operação
malsucedida.
FOLHA - Fez amigos no Bope, nas
filmagens?
RAMIRO - Polícia era uma coisa
que eu abominava. Continuo
com a mesma opinião, mas agora conheço as pessoas.
FOLHA - O filme foi pirateado e impulsionou a discussão sobre a legitimidade de pessoas que não têm muito dinheiro terem acesso à cultura, ainda que de forma irregular. Você, que já foi porteiro de cinema, o que acha da discussão?
RAMIRO - Trabalhava no Fashion Mall, um shopping de elite. Os únicos pobres por ali
eram faxineiros, porteiros e caixas que trabalhavam lá. Cinema
é caro e quem mora na favela
não tem grana. O engraçado é
que quem tem grana apresenta
carteirinha de meia entrada.
Não posso dizer que [comprar
DVD pirata] seja justo. Pessoas
trabalharam no filme e esperam um retorno [financeiro].
Por outro lado, tem muita diferença pagar R$ 5 no DVD e R$
18 no ingresso de cinema. As
pessoas querem ver o "Tropa"
porque é bom. Se eu ainda estivesse na portaria do cinema, seria um filme que gostaria de ver.
Mas no piratão, nem pensar!
TARANTINO EM SP
O promotor José Carlos Blat,
autor da denúncia que fechou o
Café Millenium, uma das casas
noturnas acusadas de explorar
a prostituição, quer investigar
as movimentações financeiras
de duas empresas ligadas ao estabelecimento. Quando um
cliente pagava o consumo com
cartões de crédito e débito, o
recibo era emitido em nome
desses dois empreendimentos,
para garantir a privacidade. A
julgar pelos codinomes, os donos da boate são fãs de programas policiais e do cineasta
Quentin Tarantino: as empresas se chamam "Linha Direta
Bar e Lanches Ltda." e "Restaurante Kill Bill Ltda".
BATA MAIS
O deputado Raul Jungmann
(PPS-PE), um dos protagonistas da briga entre seguranças e
parlamentares, antes do julgamento da cassação de Renan
Calheiros, recebeu na semana
passada um "torpedo" em um
bar de Brasília. "O senhor fez o
que gostaríamos de ter feito,
mas, da próxima vez, bata
mais", dizia o bilhete. O deputado leu a mensagem em voz alta.
DESPERTADOR
O banco Itaú decidiu desligar
as lâmpadas de seu logotipo, ao
lado do relógio do Conjunto
Nacional -que continuará funcionando. Mas não desistiu de
manter a marca no ponto. Diz
que "continuará mantendo diálogo construtivo com as autoridades municipais" sobre o assunto, na esperança de que o logo seja um dia religado.
ÁRVORE
Já a decisão sobre os luminosos da Editora Abril, nas marginais Tietê e Pinheiros, ficou para esta quarta, quando a Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU) analisa o caso. A
empresa alega que seu logotipo
é referência para o trânsito.
MÃO FECHADA
Fracassou a iniciativa de moradores dos Jardins de fazerem
uma "vaquinha" de R$ 2 milhões para recapear as ruas do
bairro, onde estão alguns dos
imóveis mais caros da cidade.
Em 2006, a associação de moradores assinou protocolo de
intenções com a prefeitura para realizar a tarefa. A administração faria o recapeamento
das grandes vias: avenidas Brasil e Cidade Jardim, alameda
Gabriel Monteiro da Silva e rua
Groenlândia. Assinar o papel
foi fácil. Duro foi fazer com que
os moradores abrissem a mão.
O projeto não saiu da gaveta.
BLINDAGEM
Diante da multiplicação de
reclamações de moradores dos
Jardins por causa das ruas não
recapeadas, a prefeitura lembra que cumpriu a sua parte no
protocolo, enquanto os moradores nada fizeram. Fábio Saboya, presidente da associação,
diz que "hoje temos outra prioridade: segurança. Entre arrecadar R$ 2 milhões para recapear ruas ou R$ 1 milhão para câmeras de vigilância, preferimos a segunda alternativa".
POCOTÓ
Dois restaurantes japoneses
de SP começaram a servir sushi
e sashimi preparados com carne de cavalo.
CLIENTE SEM RAZÃO
Guy Rubino, dono do restaurante Rain, em Nova York, elegeu os clientes mais mal educados de seu estabelecimento. No
topo da lista está Nelly Furtado. A cantora fez reserva para
dez pessoas, levou 15 e brigou
porque queria pratos individuais (o que o restaurante não
faz nesses casos). Em segundo,
está Justin Timberlake, que vai
ao restaurante e pede o que não
está no cardápio. Já Michael
Douglas e Catherine Zeta-Jones são os melhores clientes.
CURTO-CIRCUITO
A CANTORA MART'NÁLIA se apresenta, de hoje a quarta-feira, a
partir das 22h, no Tom Jazz, em Higienópolis.
LU MONTEIRO realiza hoje desfile beneficente, às 20h, na Casa
Fasano, em prol dos Doutores da Alegria, e leva à passarela
Ana Hickmann, Caroline Bittencourt e Luciana Gimenez.
SERÁ LANÇADO HOJE o livro "Saquê: para Iniciantes e Iniciados",
de Griffith Frost e John Gautner, no Jam Warehouse.
O GRUPO FRAME CIRCUS se apresenta no projeto "Encontros da
Imagem e do Som", no MIS (av. Europa, 158), às 21h.
A PEÇA "SOB O MESMO TETO" , da russa Liudmila Razumóvskaia,
será encenada hoje no teatro do Centro da Cultura Judaica.
JUSCELINO PEREIRA comanda, a partir de hoje, a temporada de
tartufos no restaurante Piselli, nos Jardins.
IVETE SANGALO e a Garnier Nutrisse comemoram quatro anos
de parceria com coquetel no restaurante Maní, às 19h.
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