São Paulo, segunda-feira, 24 de setembro de 2007

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Mônica Bergamo

@ - bergamo@folhasp.com.br

Rafael Andrade/Folha Imagem
O ator André Ramiro, 26, que era porteiro de cinema no Rio e interpreta um dos policiais do filme "Tropa de Elite", de José Padilha


TROPA DE ELITE

"Já vi gente morrer"

Ex-porteiro de cinema, André Ramiro estréia nas telas como um dos policiais de "Tropa de Elite". Ele faz o papel de um PM incorruptível que entra para o Bope, o Batalhão de Operações Especiais, grupo de elite que é sempre chamado para incursões nas favelas cariocas. Ele falou à coluna:  

FOLHA - O filme está gerando reações de apoio ao Bope, por mostrar o batalhão como violento, mas incorruptível. O que acha?
ANDRÉ RAMIRO
- É complicado achar que os caras são heróis, porque eles torturam no filme. Herói é Gandhi, é Martin Luther King, é madre Tereza, é Betinho. Os grandes heróis não pegam em armas.

FOLHA - Em São Paulo, houve empresários que reagiram ao filme com a afirmação de que, afinal, o Bope enfrenta uma "guerra" na favela.
RAMIRO
- É fácil falar quando você está no apartamento e só vê isso pela TV. Por que não se investe em lazer, cultura e educação? Eu não tive isso no meu bairro [Vila Kennedy, na zona oeste do Rio]. Já vi gente morrer nessa guerra. Em vez de exaltar o Bope, as pessoas precisam perguntar: por que tem que matar?

FOLHA - Já sofreu violência ou discriminação policial por ser negro?
RAMIRO
- De vez em quando acontece, quando estou com um amigo no carro.

FOLHA - O que achou da invasão policial do Complexo do Alemão, que deixou 19 mortos, em junho, teve respaldo do governo Sérgio Cabral e um amplo apoio, de acordo com pesquisas?
RAMIRO
- Aquilo foi dado como uma operação policial bem-sucedida, mas quem sofreu foi o trabalhador, a mãe que ficou chorando. Quem dá ordem para entrar e matar não sofre o problema na pele. O saldo não foi maravilhoso. Foi uma operação malsucedida.

FOLHA - Fez amigos no Bope, nas filmagens?
RAMIRO
- Polícia era uma coisa que eu abominava. Continuo com a mesma opinião, mas agora conheço as pessoas.

FOLHA - O filme foi pirateado e impulsionou a discussão sobre a legitimidade de pessoas que não têm muito dinheiro terem acesso à cultura, ainda que de forma irregular. Você, que já foi porteiro de cinema, o que acha da discussão?
RAMIRO
- Trabalhava no Fashion Mall, um shopping de elite. Os únicos pobres por ali eram faxineiros, porteiros e caixas que trabalhavam lá. Cinema é caro e quem mora na favela não tem grana. O engraçado é que quem tem grana apresenta carteirinha de meia entrada.
Não posso dizer que [comprar DVD pirata] seja justo. Pessoas trabalharam no filme e esperam um retorno [financeiro].
Por outro lado, tem muita diferença pagar R$ 5 no DVD e R$ 18 no ingresso de cinema. As pessoas querem ver o "Tropa" porque é bom. Se eu ainda estivesse na portaria do cinema, seria um filme que gostaria de ver. Mas no piratão, nem pensar!

TARANTINO EM SP
O promotor José Carlos Blat, autor da denúncia que fechou o Café Millenium, uma das casas noturnas acusadas de explorar a prostituição, quer investigar as movimentações financeiras de duas empresas ligadas ao estabelecimento. Quando um cliente pagava o consumo com cartões de crédito e débito, o recibo era emitido em nome desses dois empreendimentos, para garantir a privacidade. A julgar pelos codinomes, os donos da boate são fãs de programas policiais e do cineasta Quentin Tarantino: as empresas se chamam "Linha Direta Bar e Lanches Ltda." e "Restaurante Kill Bill Ltda".

BATA MAIS
O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), um dos protagonistas da briga entre seguranças e parlamentares, antes do julgamento da cassação de Renan Calheiros, recebeu na semana passada um "torpedo" em um bar de Brasília. "O senhor fez o que gostaríamos de ter feito, mas, da próxima vez, bata mais", dizia o bilhete. O deputado leu a mensagem em voz alta.

DESPERTADOR
O banco Itaú decidiu desligar as lâmpadas de seu logotipo, ao lado do relógio do Conjunto Nacional -que continuará funcionando. Mas não desistiu de manter a marca no ponto. Diz que "continuará mantendo diálogo construtivo com as autoridades municipais" sobre o assunto, na esperança de que o logo seja um dia religado.

ÁRVORE
Já a decisão sobre os luminosos da Editora Abril, nas marginais Tietê e Pinheiros, ficou para esta quarta, quando a Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU) analisa o caso. A empresa alega que seu logotipo é referência para o trânsito.

MÃO FECHADA
Fracassou a iniciativa de moradores dos Jardins de fazerem uma "vaquinha" de R$ 2 milhões para recapear as ruas do bairro, onde estão alguns dos imóveis mais caros da cidade. Em 2006, a associação de moradores assinou protocolo de intenções com a prefeitura para realizar a tarefa. A administração faria o recapeamento das grandes vias: avenidas Brasil e Cidade Jardim, alameda Gabriel Monteiro da Silva e rua Groenlândia. Assinar o papel foi fácil. Duro foi fazer com que os moradores abrissem a mão. O projeto não saiu da gaveta.

BLINDAGEM
Diante da multiplicação de reclamações de moradores dos Jardins por causa das ruas não recapeadas, a prefeitura lembra que cumpriu a sua parte no protocolo, enquanto os moradores nada fizeram. Fábio Saboya, presidente da associação, diz que "hoje temos outra prioridade: segurança. Entre arrecadar R$ 2 milhões para recapear ruas ou R$ 1 milhão para câmeras de vigilância, preferimos a segunda alternativa".

POCOTÓ
Dois restaurantes japoneses de SP começaram a servir sushi e sashimi preparados com carne de cavalo.

CLIENTE SEM RAZÃO
Guy Rubino, dono do restaurante Rain, em Nova York, elegeu os clientes mais mal educados de seu estabelecimento. No topo da lista está Nelly Furtado. A cantora fez reserva para dez pessoas, levou 15 e brigou porque queria pratos individuais (o que o restaurante não faz nesses casos). Em segundo, está Justin Timberlake, que vai ao restaurante e pede o que não está no cardápio. Já Michael Douglas e Catherine Zeta-Jones são os melhores clientes.

CURTO-CIRCUITO

A CANTORA MART'NÁLIA se apresenta, de hoje a quarta-feira, a partir das 22h, no Tom Jazz, em Higienópolis.
LU MONTEIRO realiza hoje desfile beneficente, às 20h, na Casa Fasano, em prol dos Doutores da Alegria, e leva à passarela Ana Hickmann, Caroline Bittencourt e Luciana Gimenez.
SERÁ LANÇADO HOJE o livro "Saquê: para Iniciantes e Iniciados", de Griffith Frost e John Gautner, no Jam Warehouse.
O GRUPO FRAME CIRCUS se apresenta no projeto "Encontros da Imagem e do Som", no MIS (av. Europa, 158), às 21h.
A PEÇA "SOB O MESMO TETO" , da russa Liudmila Razumóvskaia, será encenada hoje no teatro do Centro da Cultura Judaica.
JUSCELINO PEREIRA comanda, a partir de hoje, a temporada de tartufos no restaurante Piselli, nos Jardins.
IVETE SANGALO e a Garnier Nutrisse comemoram quatro anos de parceria com coquetel no restaurante Maní, às 19h.

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