São Paulo, segunda-feira, 24 de setembro de 2007

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Jazz em dueto

Especialmente para a Ilustrada, a cantora brasileira Luciana Souza entrevista o saxofonista Joe Lovano, destaque do Tim Festival

LUCIANA SOUZA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Joe Lovano é considerado um dos saxofonistas mais importantes do mundo. Nascido em Cleveland, Ohio, filho de outro saxofonista, Lovano ganhou destaque no cenário musical como líder em meados dos anos 80, deixando uma marca forte como improvisador.
Ele tocou com alguns dos músicos mais importantes do jazz e hoje, décadas depois, se vê continuamente moldando o jazz moderno. De seu tenor saem sons da mais sublime técnica (fundamentada no bebop e no pós-bop), mas não é esse seu verdadeiro ponto forte. Seu talento maior está na conexão direta com o coração e no jeito de contar histórias com o instrumento. Tendo dividido o palco com Lovano [atração do Tim Festival, em outubro, no Rio, em Vitória e em SP], pude testemunhar sua capacidade surpreendente de estar de corpo e alma dentro da música, contando histórias por meio do som.  

LUCIANA SOUZA - Parece que seu pai, por ter sido saxofonista, exerceu papel importante em sua vida. A criação que você teve ainda o afeta?
JOE LOVANO
- A inspiração dele continua viva até hoje, e muito forte. Não só sua música e seu jeito de tocar, mas como ele me abriu a porta e me ensinou a ensinar música a mim mesmo e a encontrar meu caminho no jazz e na música em geral. Ele tinha uma grande coleção de discos com a qual cresci, e aquilo foi belo. Ele era generoso.

LUCIANA - Você sempre homenageia músicos que o ajudaram. Que lições aprendeu com gente como Lonnie Smith, Chet, Woody ou Mel, na Vanguard Orchestra?
LOVANO
- A gente encontra momentos de beleza com músicos diferentes que têm uma paixão profunda. Quando penso nisso, me emociono. Minha música e meu jeito de tocar são um reflexo dos lugares onde já estive como músico em turnê e dos lugares onde já estive musicalmente, em fases diferentes, com várias pessoas.
Desde os primórdios, quando toquei com Lonnie Smith, até vir para Nova York e gravar com ele no estúdio, recebendo sua confiança numa idade tão jovem -eu tinha 20, 21 anos-, me deixando sentir que era minha sessão de gravação, sabe? Ao longo dos anos, tocar com Woody Herman, Mel Louis, Chet Baker e os outros que você mencionou, logo no início de minha carreira, me deu confiança e me lançou para fazer da minha carreira o que ela se tornou. Colaborações com mestres, Ed Blackwell, Hank Jones e John Scofield, sabe? Isso é inspirador. E se reflete e continua vivo em tudo o que eu faço.


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