São Paulo, segunda-feira, 24 de setembro de 2007

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Brasil holandês é tema de mostra em São Paulo

Telas de Frans Post, armas, tapeçarias, mapas e objetos de Pernambuco do início do século 17 estão na galeria do Sesi

Um conjunto com sete armaduras -incluindo uma com um cavalo e uma para cachorro- promete ser a sensação da exposição

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para quem conhece, o Instituto Ricardo Brennand, no Recife, é um dos locais mais inusitados do país. Em plena floresta tropical, um castelo em estilo medieval reúne uma coleção de 3.000 armas e armaduras. Ao lado, em outro espaço expositivo, a Pinacoteca, estão 18 obras de Frans Post, o primeiro pintor a retratar o Brasil, no século 17, junto com Albert Eckout.
A partir de hoje, parte dessas duas coleções estará na mostra "O Instituto Ricardo Brennand e o Resgate do Brasil Holandês", na galeria do Sesi, na avenida Paulista. Do ponto de vista artístico e histórico, o núcleo central da exposição deve ser considerado o grupo de 13 Frans Post (1612-1680) e os mapas e livros do século 17.
Das mais de 5.000 obras do acervo de Brennand, 224 estão na exposição, dividida em dois módulos: a coleção do castelo e a coleção da Pinacoteca. "A coleção teve início com as armas brancas e armaduras, quando lutar era uma ação entre cavalheiros. Daí ele passou a comprar também esculturas e pinturas européias dos séculos 18 e 19", conta a antropóloga Maria Lúcia Montes, uma das coordenadoras da mostra.
E como foi parar em Post? "A partir do interesse pela pintura, Brennand buscou o que seria representativo e acabou chegando ao Brasil holandês e a Frans Post", conta Montes. O chamado Brasil holandês, durante a invasão holandesa em Pernambuco (1630-1654), é um dos momentos mais ricos do período colonial.
"Maurício de Nassau, o comandante que reinou entre 1637 e 1644, veio para cá não só por interesses comerciais, mas para criar a sede da colônia", afirma Montes. Para tanto, sua comitiva incluía arquitetos, artistas, cartógrafos, o que até então Portugal não havia trazido ao país. Por isso as primeiras imagens da América foram criadas durante a ocupação.
Aqui, Post pintou apenas sete telas, uma delas na coleção de Brennand e exposta em São Paulo. Ao regressar, ele realizou mais cerca de 130 obras, algumas variações das primeiras, outras incorporando elementos que nem fazem parte da natureza brasileira.
A mostra também apresenta uma série de documentos históricos que retratam o período, como os mapas atribuídos ao cartógrafo George Marcgraf e gravuras reunidas na publicação organizada por Gaspar Barléu, no século 17. Também estão exibidos objetos como moedas, cachimbos e copos.
Já o núcleo da coleção do castelo, que promete ser a sensação da mostra, reúne não só as armas como um conjunto de sete armaduras, uma delas com um cavalo, além de uma armadura para cachorro. A mais antiga data de 1494 e a mais recente, de 1904.
Nenhuma delas, portanto, pode ser considerada uma armadura medieval, pois a data para o fim da Idade Média considerada mais larga é 1492.
Desse grupo, fazem parte ainda pinturas acadêmicas do século 19, especialmente algumas de mulheres nuas, outra vertente da coleção, e "Panorama do Porto e da Cidade de Santos", de Benedito Calixto, realizada em 1898, e que os auxiliares de Brennand na montagem da exposição consideram a homenagem do colecionador a São Paulo.


INSTITUTO RICARDO BRENNAND E O RESGATE DO BRASIL HOLANDÊS
Onde:
Galeria de Arte do Sesi (av. Paulista, 1.313, SP, tel. 0/xx/ 11/ 3146-7405)
Quando: abertura, hoje, 19h30 (para convidados) , seg., das 11h às 20h; ter. a sáb., das 10h às 20h; dom., das 10h às 19h
Quanto: entrada franca


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