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Brasil holandês é tema de mostra em São Paulo
Telas de Frans Post, armas, tapeçarias, mapas e objetos de Pernambuco do início do século 17 estão na galeria do Sesi
Um conjunto com sete armaduras -incluindo uma com um cavalo e uma para cachorro- promete ser a sensação da exposição
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Para quem conhece, o Instituto Ricardo Brennand, no Recife, é um dos locais mais inusitados do país. Em plena floresta tropical, um castelo em estilo
medieval reúne uma coleção de
3.000 armas e armaduras. Ao
lado, em outro espaço expositivo, a Pinacoteca, estão 18 obras
de Frans Post, o primeiro pintor a retratar o Brasil, no século
17, junto com Albert Eckout.
A partir de hoje, parte dessas
duas coleções estará na mostra
"O Instituto Ricardo Brennand
e o Resgate do Brasil Holandês", na galeria do Sesi, na avenida Paulista. Do ponto de vista
artístico e histórico, o núcleo
central da exposição deve ser
considerado o grupo de 13
Frans Post (1612-1680) e os
mapas e livros do século 17.
Das mais de 5.000 obras do
acervo de Brennand, 224 estão
na exposição, dividida em dois
módulos: a coleção do castelo e
a coleção da Pinacoteca. "A coleção teve início com as armas
brancas e armaduras, quando
lutar era uma ação entre cavalheiros. Daí ele passou a comprar também esculturas e pinturas européias dos séculos 18 e 19", conta a antropóloga Maria
Lúcia Montes, uma das coordenadoras da mostra.
E como foi parar em Post? "A
partir do interesse pela pintura, Brennand buscou o que seria representativo e acabou
chegando ao Brasil holandês e a
Frans Post", conta Montes. O
chamado Brasil holandês, durante a invasão holandesa em
Pernambuco (1630-1654), é um
dos momentos mais ricos do
período colonial.
"Maurício de Nassau, o comandante que reinou entre
1637 e 1644, veio para cá não só
por interesses comerciais, mas
para criar a sede da colônia",
afirma Montes. Para tanto, sua
comitiva incluía arquitetos, artistas, cartógrafos, o que até então Portugal não havia trazido
ao país. Por isso as primeiras
imagens da América foram
criadas durante a ocupação.
Aqui, Post pintou apenas sete
telas, uma delas na coleção de
Brennand e exposta em São
Paulo. Ao regressar, ele realizou mais cerca de 130 obras, algumas variações das primeiras,
outras incorporando elementos que nem fazem parte da natureza brasileira.
A mostra também apresenta
uma série de documentos históricos que retratam o período,
como os mapas atribuídos ao
cartógrafo George Marcgraf e
gravuras reunidas na publicação organizada por Gaspar Barléu, no século 17. Também estão exibidos objetos como moedas, cachimbos e copos.
Já o núcleo da coleção do castelo, que promete ser a sensação da mostra, reúne não só as
armas como um conjunto de
sete armaduras, uma delas com
um cavalo, além de uma armadura para cachorro. A mais antiga data de 1494 e a mais recente, de 1904.
Nenhuma delas, portanto, pode ser considerada
uma armadura medieval, pois a
data para o fim da Idade Média
considerada mais larga é 1492.
Desse grupo, fazem parte
ainda pinturas acadêmicas do
século 19, especialmente algumas de mulheres nuas, outra
vertente da coleção, e "Panorama do Porto e da Cidade de
Santos", de Benedito Calixto,
realizada em 1898, e que os auxiliares de Brennand na montagem da exposição consideram a
homenagem do colecionador a
São Paulo.
INSTITUTO RICARDO BRENNAND E O RESGATE DO BRASIL HOLANDÊS
Onde: Galeria de Arte do Sesi (av.
Paulista, 1.313, SP, tel. 0/xx/ 11/
3146-7405)
Quando: abertura, hoje, 19h30 (para
convidados) , seg., das 11h às 20h;
ter. a sáb., das 10h às 20h; dom., das
10h às 19h
Quanto: entrada franca
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