São Paulo, segunda-feira, 24 de setembro de 2007

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análise

Sem palavras, sua linguagem era inovadora

INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA

O grande mímico Marcel Marceau, que fascinou o público de cinco continentes com sua arte corporal, morreu aos 84 anos. Ele afirmava: "A palavra não é necessária para exprimir o que se sente no coração".
Nascido em 1923, em Estrasburgo, Marceau levou a arte da mímica a patamares jamais alcançados marcando a cena mundial. Aluno de Etienne Decroux, pioneiro da mímica moderna, foi integrante da companhia teatral de Madeleine Renaud e Jean-Louis Barrault.
A mímica por ele praticada tinha um alto grau de sofisticação no entrelaçamento dos movimentos, no tempo e na consciência dos gestos.
A construção da personagem aparecia em cada minúcia da expressão facial, evocando as palavras do corpo, que se completam no corpo do outro.
Sua arte encontra inspiração e paralelo com o cinema silencioso de Charles Chaplin e Buster Keaton. O palco vazio se torna repleto de seres imaginários e reais, tristes e engraçados, numa paleta interminável de tipos.
Ainda bem no início da carreira, quando Marceau completava 24 anos, nasceu Bip, seu personagem emblemático, que colocou em foco inúmeras situações do dia-a-dia e das relações humanas.
Com seu rosto pintado de branco, calças largas de palhaço e uma expressividade corporal frágil, o personagem acompanhou Marceau por toda a vida.
Em 2000, ele apresentou "A Primeira Despedida de Bip", que teria continuação em 2002 com "A Volta do Mímico Marceau" e em 2005 com "O Melhor de Marceau". Fez incursões pelo cinema como ator, com Roger Vadim em "Barbarella" (1968) e com Mel Brooks em "Silent Movie" (1976).
Marcel Marceau foi, do início ao fim de sua carreira, uma testemunha ativa de sua era. Sem palavras, exprimiu como poucos, e para milhões de espectadores, seus sentimentos de resistência e compaixão, em linguagem ao mesmo tempo inovadora e atemporal.


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