|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
análise
Sem palavras, sua linguagem era inovadora
INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA
O grande mímico Marcel
Marceau, que fascinou o público de cinco continentes
com sua arte corporal, morreu aos 84 anos. Ele afirmava: "A palavra não é necessária para exprimir o que se sente no coração".
Nascido em 1923, em Estrasburgo, Marceau levou a
arte da mímica a patamares
jamais alcançados marcando
a cena mundial. Aluno de
Etienne Decroux, pioneiro
da mímica moderna, foi integrante da companhia teatral
de Madeleine Renaud e
Jean-Louis Barrault.
A mímica por ele praticada
tinha um alto grau de sofisticação no entrelaçamento dos
movimentos, no tempo e na
consciência dos gestos.
A construção da personagem aparecia em cada minúcia da expressão facial, evocando as palavras do corpo,
que se completam no corpo
do outro.
Sua arte encontra inspiração e paralelo com o cinema
silencioso de Charles Chaplin e Buster Keaton. O palco
vazio se torna repleto de seres imaginários e reais, tristes e engraçados, numa paleta interminável de tipos.
Ainda bem no início da
carreira, quando Marceau
completava 24 anos, nasceu
Bip, seu personagem emblemático, que colocou em foco
inúmeras situações do dia-a-dia e das relações humanas.
Com seu rosto pintado de
branco, calças largas de palhaço e uma expressividade
corporal frágil, o personagem acompanhou Marceau
por toda a vida.
Em 2000, ele apresentou
"A Primeira Despedida de
Bip", que teria continuação
em 2002 com "A Volta do
Mímico Marceau" e em 2005
com "O Melhor de Marceau".
Fez incursões pelo cinema
como ator, com Roger Vadim
em "Barbarella" (1968) e
com Mel Brooks em "Silent
Movie" (1976).
Marcel Marceau foi, do início ao fim de sua carreira,
uma testemunha ativa de sua
era. Sem palavras, exprimiu
como poucos, e para milhões
de espectadores, seus sentimentos de resistência e compaixão, em linguagem ao
mesmo tempo inovadora e
atemporal.
Texto Anterior: Cronologia Próximo Texto: Bienal do Livro no Rio termina com aumento de visitantes Índice
|