DA REDAÇÃO

Clarah Averbuck, que lança seu segundo livro, "Das Coisas Esquecidas Atrás da Estante", é uma fugitiva da primeira impressão que deixou no público e na crítica. Nem tanto por sua obra, mas pela forma com que ela foi apresentada.
Antes de seu primeiro livro, "Máquina de Pinball" (ed. Conrad, 2001), Clarah, 24, ficou conhecida na onda de blogs -sites pessoais de fácil atualização. Com o sucesso do seu brazileirapre ta.blogspot.com, seu nome foi sempre ligado à febre que tomou a rede.
Desde então, "Máquina" já foi ao teatro, em peça de Antônio Abujamra, e será filmado no ano que vem pelo cineasta Murilo Salles. Clarah, porém, continua vista como "blogueira".
"Blog para mim sempre foi um meio e não um gênero", diz Clarah à Folha. "Foi uma continuação natural das coisas que eu já escrevia sobre a minha vida no [fanzine eletrônico] Cardoso On Line havia três anos."
O tom autobiográfico ajuda a misturar as coisas, mas segundo diz, sua literatura não depende só de vivências.
"Óbvio que muito é baseado na minha vida, mas romantizo, exagero, invento. Literatura é sempre autobiográfica em algum nível", diz a fã confessa de Charles Bukowski (1920-94) e John Fante (1909-83). "Achava que tinha que escrever ficção, mas, depois do Fante, percebi que podia contar só minhas próprias histórias."
Isso se vê em "Das Coisas Esquecidas", que traz a própria Clarah como protagonista, alternando narrativas ferinas com momentos de prosa ferida, quase poesia.
A autora dá, assim, férias à personagem Camila, de "Máquina", que tem volta marcada em "Vida de Gato", romance já concluído que a editora Ciência do Acidente deve lançar em 2004.