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"Kill Bill" e o metrossexual
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
Muita gente por aí resolve
casar. A assassina Bride,
personagem do filme novo de
Quentin Tarantino, "Kill Bill",
também resolveu. No exato dia de
romper com sua solteirice, foi atacada por seu chefe, o Bill, e largada à morte. Ficou uns anos em coma, acordou e foi se vingar. Até o
final do filme, Bride ia abater vários inimigos cortando-lhes braços, pernas e, por que não?, a cabeça.
Tem uma cena ainda em "Kill
Bill" em que acontece o seguinte:
uma garotinha japonesa bonitinha, vestida de saia quadriculada
e blazer de escola, pergunta para
um homem se ele quer transar
com ela. Ao ouvir um "sim, claro"
como resposta, ela enterra uma
faca na barriga do sujeito.
"Você ainda quer penetrar em
mim ou sou eu que penetro em
você do jeito que eu quero?", falou
a pequena estudante japonesa.
Meu conselho: cuidado com a
mulherada.
Li um artigo no "The New York
Times" que tinha um título assim:
"Eu sou mulher. Agora prepare-se para morrer", que falava que a
chegada de "Kill Bill" aos cinemas
era uma representação de que as
mulheres estão partindo feio para
a ignorância, se você ainda não tinha percebido.
E que fêmeas como a Nikita, as
Panteras, as Superpoderosas e a
garota (Jennifer Garner) do seriado "Alias" não estão com forte
presença no imaginário pop de
bobeira.
Metrossexuais
Essa tendência de dominação
feminina, mesmo na base da porrada, já começa a ter implicações
no "fragilizado" e acuado lado
masculino. Ao mesmo tempo em
que "Kill Bill" estréia nos cinemas
(nos EUA) e carrega para as bilheterias 40% de público feminino
(lembre-se, é um filme ultraviolento, para "machos"), um livro
chamado "The Metrosexual Guide to Style" é lançado com muito
barulho.
O subtítulo entrega para quem é
o livro: "Um Manual para o Homem Moderno", assim, em
maiúsculas.
Acontece que metrossexual é
um subgênero masculino cada
vez mais presente nas grandes cidades americanas, espécie da categoria macho que lota clubes, vai
a shows, consome livros, vê muitos filmes, não sai de restaurantes
da moda, está em estádios esportivos e tem uma preocupação cada vez maior com coisas que só
chamavam a atenção feminina.
Metrossexual é o sujeito que
não é gay de jeito nenhum, está
pensando o quê?, mas tem vasto
conhecimento em produtos para
os cabelos, passa creme no corpo
depois do banho, não sai de casa
sem combinar o sapato com o
cinto, só toma banho com sabonete da Lush, morre por uma calça Diesel e está interessado tanto
em futebol quanto em espalhar
velas transadas pela casa. E, repito, não é gay. Ou um "espada" levemente gay.
Já há todo um olhar mercadológico em cima dessa nova tendência do homem moderno.
Sem querer alarmar, mas o homem metrossexual já vai poder
ser visto por aqui. É só dar uma
chegada ao Xingu, quando o clube reabrir, em breve. Ou conferir
o seriado "Queer Eye for the
Straight Guy", o novo sucesso entre as séries americanas que o canal pago Sony põe no ar no Brasil
a partir de novembro.
São cinco caras gays, os Fab 5,
que prestam assessoria a homens
heteros em apuros na hora de
comprar uma roupa, ler um bom
livro, escolher vinho, adquirir o
móvel certo.
lucio@uol.com.br
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