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São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2003

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"Kill Bill" e o metrossexual

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

Muita gente por aí resolve casar. A assassina Bride, personagem do filme novo de Quentin Tarantino, "Kill Bill", também resolveu. No exato dia de romper com sua solteirice, foi atacada por seu chefe, o Bill, e largada à morte. Ficou uns anos em coma, acordou e foi se vingar. Até o final do filme, Bride ia abater vários inimigos cortando-lhes braços, pernas e, por que não?, a cabeça.
Tem uma cena ainda em "Kill Bill" em que acontece o seguinte: uma garotinha japonesa bonitinha, vestida de saia quadriculada e blazer de escola, pergunta para um homem se ele quer transar com ela. Ao ouvir um "sim, claro" como resposta, ela enterra uma faca na barriga do sujeito.
"Você ainda quer penetrar em mim ou sou eu que penetro em você do jeito que eu quero?", falou a pequena estudante japonesa.
Meu conselho: cuidado com a mulherada.
Li um artigo no "The New York Times" que tinha um título assim: "Eu sou mulher. Agora prepare-se para morrer", que falava que a chegada de "Kill Bill" aos cinemas era uma representação de que as mulheres estão partindo feio para a ignorância, se você ainda não tinha percebido.
E que fêmeas como a Nikita, as Panteras, as Superpoderosas e a garota (Jennifer Garner) do seriado "Alias" não estão com forte presença no imaginário pop de bobeira.

Metrossexuais
Essa tendência de dominação feminina, mesmo na base da porrada, já começa a ter implicações no "fragilizado" e acuado lado masculino. Ao mesmo tempo em que "Kill Bill" estréia nos cinemas (nos EUA) e carrega para as bilheterias 40% de público feminino (lembre-se, é um filme ultraviolento, para "machos"), um livro chamado "The Metrosexual Guide to Style" é lançado com muito barulho.
O subtítulo entrega para quem é o livro: "Um Manual para o Homem Moderno", assim, em maiúsculas.
Acontece que metrossexual é um subgênero masculino cada vez mais presente nas grandes cidades americanas, espécie da categoria macho que lota clubes, vai a shows, consome livros, vê muitos filmes, não sai de restaurantes da moda, está em estádios esportivos e tem uma preocupação cada vez maior com coisas que só chamavam a atenção feminina.
Metrossexual é o sujeito que não é gay de jeito nenhum, está pensando o quê?, mas tem vasto conhecimento em produtos para os cabelos, passa creme no corpo depois do banho, não sai de casa sem combinar o sapato com o cinto, só toma banho com sabonete da Lush, morre por uma calça Diesel e está interessado tanto em futebol quanto em espalhar velas transadas pela casa. E, repito, não é gay. Ou um "espada" levemente gay.
Já há todo um olhar mercadológico em cima dessa nova tendência do homem moderno.
Sem querer alarmar, mas o homem metrossexual já vai poder ser visto por aqui. É só dar uma chegada ao Xingu, quando o clube reabrir, em breve. Ou conferir o seriado "Queer Eye for the Straight Guy", o novo sucesso entre as séries americanas que o canal pago Sony põe no ar no Brasil a partir de novembro.
São cinco caras gays, os Fab 5, que prestam assessoria a homens heteros em apuros na hora de comprar uma roupa, ler um bom livro, escolher vinho, adquirir o móvel certo.

lucio@uol.com.br

DEMOROU Acabaram os ingressos para a noite de sexta, 31/10, do Tim Stage (4.000 pessoas), em que tocam White Stripes e Rapture; a Globo vai transmitir um especial do Tim Festival


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