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"OS VIGARISTAS"
Com a história de redenção de um vigarista, Ridley Scott tenta "vender" imagem de Los Angeles
Táticas publicitárias fazem de filme um passatempo agradável
Divulgação
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Nicolas Cage em cena de "Os Vigaristas", de Ridley Scott |
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
No jargão publicitário,
"packshot" é a imagem do
produto que precisa ser perfeita.
Em "Os Vigaristas", Ridley Scott
parece ter feito um cinema só de
"packshots", em que o produto é
Los Angeles e sua arquitetura.
Cada plano de "Os Vigaristas" é
uma imagem impecável de um
ambiente da cidade californiana.
Seja uma rua ou o aeroporto, um
escritório ou uma lavanderia, ou,
principalmente, a casa do personagem principal, os cenários recebem tratamento de luz que supervaloriza um certo padrão da imagem "bela", de tom artificial.
Diante desse constante desfile
de imagens que chamam atenção
para si, passa quase imperceptível
a história razoavelmente bem arquitetada da redenção de Roy
(Nicolas Cage), um vigarista.
Não bastassem as complicações
naturais de seu trabalho como estelionatário, Roy é obsessivo-compulsivo e agorafóbico. São
suas mazelas que ajudam a conquistar a solidariedade do espectador.
O roteiro de "Os Vigaristas" é
uma costura bem feita de temas
do cinema americano, como o
próprio personagem obsessivo-compulsivo, a arquitetura dos
grandes golpes, os jogos de pura
aparência e as relações entre mestre e aprendiz e pai e filha.
Todos são trabalhados na forma
de um passatempo agradável, em
que o final feliz é parte integrante
da sensação de déjà vu que o filme
desperta o tempo todo.
Os Vigaristas
Matchstick Men
Produção: EUA, 2003
Direção: Ridley Scott
Com: Nicolas Cage, Sam Rockwell
Quando: a partir de hoje nos cines
Anália Franco, Interlagos e circuito
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