São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 2005

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ROCK 2

Wilco dá sentido ao que sugere

ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O público ainda estava distraído, conversando na fila da cerveja, embasbacado com a explosiva apresentação do Arcade Fire, quando o Wilco subiu ao palco Tim Lab, anteontem, de repente, sem alarde e sem o habitual suspense pré-entrada.
Ao começar o show discretos, a impressão inicial é que temos à frente "apenas" uma banda tradicional de rock, com seus seis músicos tocando comportados folks americanos, em contraste à exuberância visual do grupo anterior. Ao vivo, no entanto, o Wilco cresce e amplifica seu som, dando sentido a tudo aquilo que em discos vem (bem) sugerido.
É assim em músicas como "Monday" ou "At Least That's What You Said", em que a estrutura country das canções se mistura e se integra às distorções e microfonias do rock alternativo dos anos 90. Ou tome ainda "Spiders", levada adiante pela banda de Jeff Tweedy durante seus mais de dez minutos, em que cada parada de guitarra e bateria leva a audiência à paisagens psicodélicas nunca imaginadas por fãs de música "calminha", de violão do interior dos EUA.
O Wilco, portanto, não facilita. Se, por um lado, tem uma face regional, country, por outro, encontra no peso de gente como Radiohead ou Mogwai o complemento de sua identidade e afasta qualquer possibilidade de concessão comercial. Por isso mesmo, é um grupo que confunde quem procura encaixar a música em rótulos. O Wilco é do tipo de banda que parece, mas não é. E, aqui, isso vem para o bem, para desafiar, como toda manifestação artística deveria ser. (BRUNO YUTAKA SAITO)


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