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ROCK 2
Wilco dá sentido ao que sugere
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
O público ainda estava distraído, conversando na fila
da cerveja, embasbacado com a
explosiva apresentação do Arcade
Fire, quando o Wilco subiu ao
palco Tim Lab, anteontem, de repente, sem alarde e sem o habitual
suspense pré-entrada.
Ao começar o show discretos, a
impressão inicial é que temos à
frente "apenas" uma banda tradicional de rock, com seus seis músicos tocando comportados folks
americanos, em contraste à exuberância visual do grupo anterior.
Ao vivo, no entanto, o Wilco cresce e amplifica seu som, dando
sentido a tudo aquilo que em discos vem (bem) sugerido.
É assim em músicas como
"Monday" ou "At Least That's
What You Said", em que a estrutura country das canções se mistura e se integra às distorções e
microfonias do rock alternativo
dos anos 90. Ou tome ainda "Spiders", levada adiante pela banda
de Jeff Tweedy durante seus mais
de dez minutos, em que cada parada de guitarra e bateria leva a
audiência à paisagens psicodélicas nunca imaginadas por fãs de
música "calminha", de violão do
interior dos EUA.
O Wilco, portanto, não facilita.
Se, por um lado, tem uma face regional, country, por outro, encontra no peso de gente como Radiohead ou Mogwai o complemento
de sua identidade e afasta qualquer possibilidade de concessão
comercial. Por isso mesmo, é um
grupo que confunde quem procura encaixar a música em rótulos.
O Wilco é do tipo de banda que
parece, mas não é. E, aqui, isso
vem para o bem, para desafiar,
como toda manifestação artística
deveria ser.
(BRUNO YUTAKA SAITO)
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