São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 2005

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ARTES PLÁSTICAS

Conhecido por suas "assemblages", artista franco-americano era considerado um "fazedor de objetos"

Morre o escultor neo-realista Arman

Behrouz Mehri/France Presse
O escultor franco-americano Arman, 76, que morreu no sábado


DA REPORTAGEM LOCAL

Não é demais dizer que as artes plásticas terminam o fim de semana com um saldo significativamente negativo. Morreu anteontem, em Nova York, o escultor franco-americano Armand Pierre Arman, amplamente conhecido apenas como Arman, uma figura de liderança e vanguarda no movimento neo-realista da segunda metade do século 20. Ele tinha 76 anos e já há algum tempo vinha batalhando contra um câncer, segundo informou a família.
Bastante conhecido por suas "assemblages", que transformam objetos de natureza diversa em escultura -por meio de sua acumulação, repetição ou conjunção-, Arman era com freqüência classificado como um "fazedor de objetos". Classificar, aliás, era uma de suas práticas rotineiras, tendo sua obra sido definida por Umberto Eco como da ordem da "poética da enumeração e da catalogação".
Uma poética que, ainda segundo o escritor e lingüista italiano, ao contrário de estabelecer uma ordem e uma hierarquia ao mundo, apenas revela, com grande ironia, a indefinição de suas identidades. Facilitando a compreensão dessa lógica, Arman também criava esculturas a partir de objetos queimados, itens encontrados no lixo ou destruídos, como pedaços de instrumentos musicais que ele rearranjava e expunha em grandes museus internacionais. Para arremedá-los, o artista utilizava técnicas diversas, incluindo cimento e explosões.
Nascido na cidade de Nice, no sul da França, e tendo inicialmente o nome de Armand Pierre Fernández, Arman foi iniciado na pintura a óleo por seu pai, um vendedor de móveis antigos. Foi a partir desse interesse que decidiu ingressar na Escola de Artes Decorativas de Nice e, em seguida, concluídos esses estudos, na Escola do Louvre.
Foi em 1949 que conheceu Yves Klein e Claude Pascal, com quem, um ano mais tarde, formou o grupo artístico Triangle. Juntamente com Klein, Arman fundou, nos anos 60, o Movimento Neo-Realista. Na mesma década é que se mudou para os EUA, onde acabou adquirindo a dupla nacionalidade. Foi só em 1973 que adotou o nome Armand Pierre Arman.
A mudança para os EUA, apesar de alavancar uma difusão mais internacional de sua obra, não impediu que ele continuasse sendo profundamente estimado na França. Ontem, o presidente francês, Jacques Chirac, lamentou a morte desse "incansável criador", que trabalhava apaixonadamente com constante curiosidade e entusiasmo. "É uma grande figura da arte contemporânea que acaba de nos deixar", concluiu Chirac.
Na próxima quinta, juntamente com o funeral, será realizada uma dupla cerimônia em homenagem ao artista, simultaneamente nos EUA e na França.

Com agências internacionais


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