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ARTES
Empresa faz parceria com casa chinesa para atender a restrições a estrangeiros e licencia uso de seu nome e serviços
Christie's assina contrato para fazer leilões na China
CAROL VOGEL
DO "NEW YORK TIMES"
Determinada a ser a primeira
casa de leilões ocidental a tirar
vantagem direta do florescente
mercado chinês de arte, a Christie's assinou um contrato para
conduzir leilões em Pequim, informaram dirigentes da empresa.
E para atender às restrições do governo chinês quanto à realização
de leilões por empresas estrangeiras, o grupo formou uma parceria
com uma casa de leilões recentemente estabelecida em Pequim,
chamada Forever.
Sob os termos do acordo, fechado esta semana, a Christie's licenciará o uso de seu nome, fornecerá especialistas e supervisionará
todo o processo de leilão, da aquisição dos trabalhos para venda à
impressão e design dos catálogos.
O primeiro leilão da empresa na
China -450 peças de arte moderna e contemporânea chinesa-
está marcado para o dia 3/11 no
Great Wall Sheraton Hotel, em
Pequim, e o total arrecadado deve
ultrapassar os US$ 10 milhões.
"É importante para nós marcar
presença e informar que chegamos", disse Edward Dolman, presidente-executivo da Christie's.
"Trata-se de um mercado imenso, e tomamos como ponto de
partida as vendas excelentes que
já realizamos em Hong Kong."
Em maio e junho, informou
Dolman, as vendas da Christie's
em Hong Kong totalizaram cerca
de US$ 130 milhões e atraíram
cerca de 4.500 pessoas por dia. Os
interessados estavam à procura
de peças que variavam de cerâmica chinesa clássica a jóias em jade,
passando por quadros modernos
e contemporâneos.
O número de colecionadores ricos está crescendo na China à medida que fortunas são feitas em setores como a construção, tecnologia e imóveis. De acordo com números das dez principais casas de
leilões chinesas, as vendas cresceram de menos de US$ 100 milhões
em 2000 para cerca de US$ 1 bilhão em 2005.
A China não é território novo
nem para a Christie's nem para
sua principal rival, a Sotheby's.
Ambas abriram escritórios em
Xangai em 1994 para identificar
propriedades vendáveis e contatar potenciais compradores. Dois
anos mais tarde, a Christie's abriu
um escritório em Pequim. A Sotheby's tem representação na capital chinesa desde o ano passado.
Quanto a Hong Kong, a Sotheby's
realiza leilões na antiga colônia
britânica desde 1973, e a Christie's, desde 1986.
Ano a ano cresce o número de
asiáticos que adquirem peças de
arte em leilões. Os executivos da
Sotheby's informaram que, em
2004, os clientes asiáticos do grupo investiram mais de US$ 275
milhões nas salas de leilões operadas pela empresa em todo o mundo, ante pouco mais de US$ 100
milhões em 2003.
A arte asiática está ganhando
popularidade e seu preço também
está crescendo. Em julho, a Christie's estabeleceu um recorde para
peças de arte asiáticas vendidas
em leilão quando um negociante
londrino adquiriu um vaso azul e
branco do século 14 por US$ 27,7
milhões. Agora, a Christie's e a
Sotheby's procuram a melhor
maneira de aproveitar as oportunidades do mercado chinês.
Mas enquanto a Christie's fechou acordo com uma congênere
chinesa em Pequim, a Sotheby's
optou por abordagem mais cautelosa. "Estamos sondando o mercado e observaremos de perto o
que acontece com a Christie's para ver o que se pode aprender",
disse Henry Howard-Sneyd, diretor executivo da Sotheby's na Ásia
e Austrália, acrescentando que o
número de funcionários de sua
empresa em toda a Ásia cresceu
entre 15% e 20%.
A arte contemporânea chinesa é
um dos segmentos de mais rápido
crescimento nesse mercado,
atraindo compradores de todo o
mundo. A Sotheby's planeja realizar seu primeiro leilão desse segmento em março, durante sua semana asiática, em Nova York.
Xiaming Zhiang, especialista encarregada do leilão, antes de ser
contratada pela Sotheby's era funcionária do museu Guggenheim,
onde ajudou a organizar a mostra
"China, 5.000 anos", em 1998.
Zhang está agora viajando pela
China à procura de propriedades
para vender. "Não é fácil", disse
por telefone. "A procura é muito
maior do que a oferta".
Os artistas contemporâneos
chineses em geral se enquadram
em duas categorias. No primeiro
grupo estão aqueles cujo estilo se
baseia nas imagens e formas tradicionais chinesas, como paisagens em aquarela que remontam
aos séculos 17 e 18. Um exemplo é
Wu Guanzhong, cujo "White Poplar Woods", visão moderna de
uma floresta que, tradicionalmente, serve de tema à pintura
chinesa, deve ser vendido por um
valor entre US$ 770 mil e US$ 900
mil no leilão da Christie's/Forever, no mês que vem.
A segunda categoria inclui os
trabalhos de um importante grupo de artistas chineses cujas peças
se inspiram na arte pop e na arte
conceitual e têm grande aceitação
internacional. Entre eles, destaca-se Cai Guo-Qiang, curador do primeiro pavilhão oficial chinês na
Bienal de Veneza.
Tradução Paulo Migliacci
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