São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 2005

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TIM FESTIVAL

No palco principal, De La Soul faz platéia gritar por "Saturday"; M.I.A., Dizzee Rascal e Cut Chemist completam a escalação

Tendências do hip hop marcam 2ª noite

ADRIANA FERREIRA SILVA
TEREZA NOVAES
ENVIADAS AO RIO

Se a estréia dos Strokes no país garantiu ao rock o "hype" na primeira noite do Tim Festival, os shows de De La Soul, M.I.A, Dizzee Rascal e Cut Chemist emplacaram o hip hop no segundo dia do evento no Rio.
A programação de anteontem foi um panorama das diversas tendências desse estilo hoje e alinhavou as pontas das mais inventivas variações: começando pelo rap "roots" dos veteranos do De La Soul e passando por híbridos, como o da anglo-cingalesa M.I.A, que canta sobre um mix de ritmos orientais, breakbeats e funk carioca, às batidas secas e rimas rascantes do rapper inglês Dizzee Rascal e às sofisticadas colagens sonoras do produtor norte-americano Cut Chemist.
Apesar da excelente escalação, a ordem das atrações, com De La Soul abrindo o palco principal, foi um erro. O grupo fez a melhor apresentação deixando para M.I.A e Dizzee Rascal a dura tarefa de manter a platéia empolgada.
Era uma noite de sábado e o refrão de "Saturday", um dos hits do De La Soul, que prega a diversão depois de cinco dias de trabalho, ganhou todas as vozes. Na seqüência, a banda emendou outro megahit "Me Myself and I" e o público veio abaixo.
Com 16 anos de estrada e nove álbuns, o trio nova-iorquino pediu licença para apresentar músicas do disco mais recente, "The Grind Date". Mesmo diante de refrões menos conhecidos, o povo não parou de dançar. Os três "plugs", um dos vários apelidos dos rapazes, seguraram o público, pedindo mãos para cima e participação nos refrões.

Sotaque britânico
O contraponto aos americanos foram as apresentações de M.I.A e Dizzee Rascal, duas vertentes do rap inglês. Com pouco rebolado, mas cheia de atitude, M.I.A se garantiu graças, em parte, a duas coadjuvantes: a MC inglesa Cherry e a funkeira carioca Deize Tigrona (leia texto nesta página).
O clima ganhou contornos sombrios com a entrada de Dizzee Rascal.
Acompanhado pelo MC Aaron W. Lawson e pelo DJ Semtex, Rascal mostrou músicas de seus dois discos, "Boy in da Corner" e "Showtime", em um show linear, sem um grande clímax.
Ao vivo, suas rimas secas e rápidas, com um forte sotaque das ruas, perdem um pouco da força que têm no CD, o que deu para sentir principalmente quando ele cantou o hit "I Luv U".
É inegável a habilidade vocal do rapaz, mas ficou faltando ao show um pouco mais da "ginga" que caracteriza as performances de rap americano.
Estados Unidos, Reino Unido e o futuro... É isso o que o DJ e produtor norte-americano Cut Chemist representa para o hip hop.
Segunda atração do Motomix, que começou à 1h, Chemist entrou após o DJ KL Jay (do Racionais MCs), que mostrou uma deliciosa mistura de rap e ritmos brasileiros.
Integrante de uma das bandas mais importantes do chamado hip hop underground, o Jurassic 5, Cut Chemist entrou na madrugada de domingo e fez o diabo com os pick-ups, tocando jazz, samba, afro-samba, reggae, rap.
Em uma amostra de "turntablism", arte de fazer malabarismos nos toca-discos, Cut Chemist os transformou em instrumentos de percussão, fez scratches, tocou bateria eletrônica. Ao mesmo tempo.
Os paulistanos terão a oportunidade de assistir ao DJ hoje à noite, no clube Vegas (r. Augusta, 765, tel. 0/xx/11/3231-3705; ingr. R$ 15), a partir das 23h.


De La Soul:     

Cut Chemist:     

Dizzee Rascal:    

M.I.A.:    


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