São Paulo, quarta-feira, 24 de outubro de 2007

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Engarrafamento pop

Temporada de shows no Brasil começa amanhã, com pelo menos cinco festivais corporativos e apresentações ao vivo de Chemical Brothers, LCD Soundsystem e Police

Karl Walter/Getty Images
A banda The Killers, atração do Tim Festival


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Amanhã começa o Tim Festival e, por tabela, a temporada de grandes eventos e shows de música pop deste final de ano. A questão: o público vai ter dinheiro para tanto?
O dólar estável e o encerramento da temporada de shows de verão no hemisfério Norte estão entre os principais fatores que impulsionam a ocupação do calendário brasileiro nesta época, de acordo com produtores ouvidos pela Folha.
Além das atrações já anteriormente anunciadas oficialmente que se apresentam no país, surge mais um nome de peso: o grupo Underground Resistance, um dos mais importantes da história da música eletrônica.
O coletivo, baseado em Detroit, desde 1989 encara o tecno como manifesto político. Liderados pelo músico e produtor Mike Banks, o UR, como é conhecido, se apresentará pela primeira vez no Brasil no Nokia Trends, que acontece em São Paulo em 8 de dezembro.
Ao vivo, a música do UR é produzida por sintetizadores, saxofone, bateria, baixo, percussão e teclados. Além do grupo, o festival terá as bandas She Wants Revenge (EUA) e Van She (Austrália), entre outros.
Entre amanhã, quando o Tim Festival inicia a temporada de final de ano com shows da cantora Cat Power, da banda Antony and the Johnsons (ambos norte-americanos) e do brasileiro Toni Platão, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, e dezembro, haverá cinco festivais corporativos, além dos independentes Eletronika e Goiânia Noise e de shows de bandas como Police, Chemical Brothers e LCD Soundsystem.

Verão europeu
Por que tantos eventos concentrados em poucos meses?
"A grade de shows para a América Latina acontece de setembro a fevereiro, março, no máximo", afirma Alexandre Cardoso, diretor de marketing do Terra, que promove o Planeta Terra. "É difícil tirar uma banda das turnês de verão pela Europa para vir ao Brasil. O custo é alto, não compensa."
O congestionamento de festivais e shows pode levar a uma saturação? Há divergência.
"Há uma saturação, sim. É difícil estabelecer o ponto ideal", opina Monique Gardenberg, da Dueto, responsável pela produção do Tim Festival. "A oferta de shows para esse período do ano é determinada pela agenda dos artistas, e esta não é infinita; pelo contrário, é bastante limitada. Sente-se esse reflexo em algumas programações, que saem prejudicadas. Tivemos sorte neste ano, já que a concorrência era assustadora."
Para Luciane Mauri Matiello, da Nokia, cada evento tem seu nicho de público. "Não acredito que tenhamos uma saturação. Nós temos um "target" de público bem definido que conseguimos atingir."
"Existe uma demanda e existe público, as pessoas estão dispostas a consumir entretenimento", diz Cardoso. "O que temos de fazer é montar um evento atrativo."
Para realizar um festival atrativo, as empresas buscam, muitas vezes, os mesmos artistas, o que causa um leilão que joga para cima o cachê.
"Não tem como fugir disso", resigna-se Gardenberg. "Talvez procurando trabalhar com a maior antecedência possível, mas aí você pode perder no frescor da sua programação."
Para Gardenberg, há uma "crise de formato". "Existe uma acomodação muito grande em torno de um modelo já testado. Não se cria algo novo."


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