São Paulo, quarta-feira, 24 de outubro de 2007

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A. Monkeys contrapõe energia e ar blasé

Ao vivo, banda conquista público com vocal rápido e baixo estridente; já em entrevistas, impera um clima modorrento

Vocalista elogia remix gravado pelo Bonde do Rolê e comenta impressão de cansaço: "Sempre sôo assim, como se estivesse arrasado"

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Com uma das trajetórias mais pungentes da música pop recente, o grupo inglês Arctic Monkeys tem sua curta e meteórica carreira marcada por um contraponto: se, no palco, fazem dos shows mais vibrantes do rock atual, fora dele encaram o ambiente que os cerca com um notório desinteresse.
A banda, que existe desde 2002, começou a ficar conhecida quando fãs passaram a trocar as músicas do grupo pela internet e por CDs piratas. A imprensa britânica notou o assédio e, antes de lançar um disco ou de assinar com uma gravadora, o Arctic Monkeys ganhava jornais, rádios e revistas.
O primeiro álbum, "Whatever People Say I Am, That's What I'm Not", vendeu pouco mais de 360 mil cópias no Reino Unido apenas na semana de estréia nas lojas (janeiro de 2006). O segundo, "Favourite Worst Nightmare" (abril de 2007), também chegou ao primeiro lugar das paradas.
Liderada pelo vocalista Alex Turner, a banda parece alheia à festa armada à sua volta. Nas entrevistas, são lacônicos; o visual está longe de inspirar ensaios em revistas de moda.
A Folha viu a banda ao vivo duas vezes, em dois dos maiores festivais da Europa: uma no inglês Reading (em 2006), e outra no dinamarquês Roskilde (em julho deste ano).
Os shows não trazem produção cenográfica nem de luzes. Ao vivo, a vibração aparece com o barulho das guitarras rápidas, com o baixo estridente e com o vocal rápido que jorra letras sobre o cotidiano juvenil.
Esse deve ser o clima que os fãs brasileiros do Arctic Monkeys encontrarão nos shows que a banda faz no Rio (sexta), em São Paulo (domingo) e em Curitiba (quarta que vem), dentro do Tim Festival.
Alex Turner falou com a Folha por duas vezes, por telefone, nos últimos meses. Nas duas, mostrou-se solícito, mas foi breve nas respostas. Após meia dúzia de cumprimentos de praxe, parece que o vocalista está de ressaca, de mau humor ou ambos. "Estou um pouco cansado, mas sempre sôo assim, como se estivesse arrasado. Mas não estou", diz.
Tudo bem, então. Ao longo da entrevista, a impressão vai se desfazendo e resta a conclusão de que, de fato, Alex Turner soa sempre assim. Sobre o show de Roskilde, Turner diz que foi "bom, tinha um pouco de sol. Estava cheio de lama [devido às chuvas anteriores], mas nós trouxemos o sol, eu tinha o sol nas minhas costas."
Como reagiu ao ser chamado para tocar no Brasil?
"Lembro de algumas entrevistas que fiz no ano passado, em que me disseram que tínhamos fãs no Brasil e queriam que tocássemos aí, mas eles sempre dizem isso em entrevistas, não? Não tinha certeza se era verdade. Mas agora acredito que haja realmente interesse pelo Arctic Monkeys na América do Sul."
Sobre o Brasil, Turner afirma conhecer, claro, Cansei de Ser Sexy e Bonde do Rolê -este último fez um remix para a música "Teddy Picker", do Arctic Monkeys. "Ficou interessante. Na verdade, não gostamos muito de remixes de nossas músicas, mas foi divertido de ouvir. E soube que as letras deles são bastante rudes."


Alex Turner, do Arctic Monkeys, fala sobre influências e as bandas que tem ouvido

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