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A. Monkeys contrapõe energia e ar blasé
Ao vivo, banda conquista público com vocal rápido e baixo estridente; já em entrevistas, impera um clima modorrento
Vocalista elogia remix gravado pelo Bonde do Rolê e comenta impressão de cansaço: "Sempre sôo assim, como se estivesse arrasado"
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Com uma das trajetórias
mais pungentes da música pop
recente, o grupo inglês Arctic
Monkeys tem sua curta e meteórica carreira marcada por
um contraponto: se, no palco,
fazem dos shows mais vibrantes do rock atual, fora dele encaram o ambiente que os cerca
com um notório desinteresse.
A banda, que existe desde
2002, começou a ficar conhecida quando fãs passaram a trocar as músicas do grupo pela internet e por CDs piratas. A imprensa britânica notou o assédio e, antes de lançar um disco
ou de assinar com uma gravadora, o Arctic Monkeys ganhava jornais, rádios e revistas.
O primeiro álbum, "Whatever People Say I Am, That's
What I'm Not", vendeu pouco
mais de 360 mil cópias no Reino Unido apenas na semana de
estréia nas lojas (janeiro de
2006). O segundo, "Favourite
Worst Nightmare" (abril de
2007), também chegou ao primeiro lugar das paradas.
Liderada pelo vocalista Alex
Turner, a banda parece alheia à
festa armada à sua volta. Nas
entrevistas, são lacônicos; o visual está longe de inspirar ensaios em revistas de moda.
A Folha viu a banda ao vivo
duas vezes, em dois dos maiores festivais da Europa: uma no
inglês Reading (em 2006), e
outra no dinamarquês Roskilde (em julho deste ano).
Os shows não trazem produção cenográfica nem de luzes.
Ao vivo, a vibração aparece
com o barulho das guitarras rápidas, com o baixo estridente e
com o vocal rápido que jorra letras sobre o cotidiano juvenil.
Esse deve ser o clima que os
fãs brasileiros do Arctic Monkeys encontrarão nos shows
que a banda faz no Rio (sexta),
em São Paulo (domingo) e em
Curitiba (quarta que vem),
dentro do Tim Festival.
Alex Turner falou com a Folha por duas vezes, por telefone, nos últimos meses. Nas
duas, mostrou-se solícito, mas
foi breve nas respostas. Após
meia dúzia de cumprimentos
de praxe, parece que o vocalista
está de ressaca, de mau humor
ou ambos. "Estou um pouco
cansado, mas sempre sôo assim, como se estivesse arrasado. Mas não estou", diz.
Tudo bem, então. Ao longo
da entrevista, a impressão vai
se desfazendo e resta a conclusão de que, de fato, Alex Turner
soa sempre assim. Sobre o
show de Roskilde, Turner diz
que foi "bom, tinha um pouco
de sol. Estava cheio de lama
[devido às chuvas anteriores],
mas nós trouxemos o sol, eu tinha o sol nas minhas costas."
Como reagiu ao ser chamado
para tocar no Brasil?
"Lembro de algumas entrevistas que fiz no ano passado,
em que me disseram que tínhamos fãs no Brasil e queriam que
tocássemos aí, mas eles sempre
dizem isso em entrevistas, não?
Não tinha certeza se era verdade. Mas agora acredito que haja
realmente interesse pelo Arctic
Monkeys na América do Sul."
Sobre o Brasil, Turner afirma
conhecer, claro, Cansei de Ser
Sexy e Bonde do Rolê -este último fez um remix para a música "Teddy Picker", do Arctic
Monkeys. "Ficou interessante.
Na verdade, não gostamos muito de remixes de nossas músicas, mas foi divertido de ouvir.
E soube que as letras deles são
bastante rudes."
Alex Turner, do Arctic Monkeys, fala sobre influências e as bandas que tem ouvido
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