São Paulo, quarta-feira, 24 de outubro de 2007

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Paul McCartney faz noite nostálgica em Paris

Músico tocou 13 canções dos Beatles em show de novo disco, "Memory Almost Full"

"Hoje tudo se move muito rápido: a caixa de mensagens está quase sempre cheia, e também a mente", disse, sobre nome do álbum

GABRIELA LONGMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

Quarenta e três anos depois de tocar com os Beatles e 35 anos após se apresentar com os Wings, Paul McCartney, 65, voltou ao Olympia, tradicional casa de shows parisiense, anteontem.
Na turnê do recente "Memory Almost Full" (Universal), o britânico surpreendeu a platéia de 2.000 pessoas ao deixar um pouco de lado a carreira solo, num show repleto de sucesso dos Beatles e clima de nostalgia. Das 24 canções, 13 eram da banda de Liverpool.
"Lady Madonna", "Hey Jude" "Get Back" e "Blackbird" foram alguns sucessos que o público -em grande parte, quarentões e cinqüentões- cantou em coro, enquanto McCartney se alternava entre o piano, o baixo e o violão acústico. Com sua banda, o músico manteve os arranjos próximos aos originais dos anos 60. O terno azul-marinho e gravata estreita reafirmavam o "retorno" estético à época dos Beatles.
"Há 40 anos, ser músico parecia algo completamente novo e excitante; agora, continua excitante, mas já não é novo", disse o músico, em entrevista para cerca de 120 jornalistas, da qual a Folha participou, duas horas antes do show. Segundo ele, a sombra dos Beatles tornou-se algo incômodo apenas na época dos Wings -banda que formou entre 1971 e 1981.
"Naquela época, eu queria limpar minha mente e ver se conseguia fazer algo diferente. Hoje, simplesmente tenho orgulho de ter pertencido a um dos melhores grupos. Ou o melhor", ressaltou McCartney, que cantou ainda "Let It Be" e "Here Today" -homenagem a John Lennon composta logo após seu assassinato, em 1980.

Fora da intimidade
"Questões profissionais, e apenas estas." A instrução dada aos jornalistas antes da entrevista impediu qualquer pergunta sobre o processo de divórcio do cantor com a modelo Heather Mills, envolvendo um acordo de 25 milhões de libras (aproximadamente R$ 92 milhões) para que ela silencie sobre os detalhes do casamento.
Feita a ressalva, McCartney respondeu bem-humorado às questões sobre sua carreira: negou que esteja compondo a trilha-sonora de "Sherk 4", negou terminantemente que esteja se aposentando e deu explicações sobre o título do disco novo.
"A frase ["memory almost full"] me parece simbólica do que é o mundo de hoje, em que tudo se move muito rapidamente: a caixa de mensagens está sempre quase cheia, e também a mente", disse o cantor, que prepara o lançamento de "McCartney Years", DVD triplo sobre sua carreira que sai mês que vem no Brasil.

Última chance
A apresentação única gerou uma corrida pelos ingressos -todos foram postos à venda apenas no dia do show, fazendo com que os fãs atravessassem a noite por um lugar na fila. A polícia foi chamada para organizar a aglomeração, e um sistema de pulseiras plásticas foi montado para evitar cambistas.
"Acho que é minha chance única de ainda ver um Beatle", disse a gerente de loja Françoise Dicale, 53, ainda na fila. Horas mais tarde, a interpretação de "Michelle" deixaria as senhoras francesas emocionadas.


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