|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Paul McCartney faz noite nostálgica em Paris
Músico tocou 13 canções dos Beatles em show de novo disco, "Memory Almost Full"
"Hoje tudo se move muito rápido: a caixa de mensagens está quase sempre cheia, e também a mente", disse, sobre nome do álbum
GABRIELA LONGMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
Quarenta e três anos depois
de tocar com os Beatles e 35
anos após se apresentar com os
Wings, Paul McCartney, 65,
voltou ao Olympia, tradicional
casa de shows parisiense, anteontem.
Na turnê do recente "Memory Almost Full" (Universal),
o britânico surpreendeu a platéia de 2.000 pessoas ao deixar
um pouco de lado a carreira solo, num show repleto de sucesso dos Beatles e clima de nostalgia. Das 24 canções, 13 eram
da banda de Liverpool.
"Lady Madonna", "Hey Jude" "Get Back" e "Blackbird"
foram alguns sucessos que o
público -em grande parte,
quarentões e cinqüentões-
cantou em coro, enquanto
McCartney se alternava entre o
piano, o baixo e o violão acústico. Com sua banda, o músico
manteve os arranjos próximos
aos originais dos anos 60. O terno azul-marinho e gravata estreita reafirmavam o "retorno"
estético à época dos Beatles.
"Há 40 anos, ser músico parecia algo completamente novo
e excitante; agora, continua excitante, mas já não é novo", disse o músico, em entrevista para
cerca de 120 jornalistas, da qual
a Folha participou, duas horas
antes do show. Segundo ele, a
sombra dos Beatles tornou-se
algo incômodo apenas na época dos Wings -banda que formou entre 1971 e 1981.
"Naquela época, eu queria
limpar minha mente e ver se
conseguia fazer algo diferente.
Hoje, simplesmente tenho orgulho de ter pertencido a um
dos melhores grupos. Ou o melhor", ressaltou McCartney,
que cantou ainda "Let It Be" e
"Here Today" -homenagem a
John Lennon composta logo
após seu assassinato, em 1980.
Fora da intimidade
"Questões profissionais, e
apenas estas." A instrução dada
aos jornalistas antes da entrevista impediu qualquer pergunta sobre o processo de divórcio do cantor com a modelo
Heather Mills, envolvendo um
acordo de 25 milhões de libras
(aproximadamente R$ 92 milhões) para que ela silencie sobre os detalhes do casamento.
Feita a ressalva, McCartney
respondeu bem-humorado às
questões sobre sua carreira: negou que esteja compondo a trilha-sonora de "Sherk 4", negou
terminantemente que esteja se
aposentando e deu explicações
sobre o título do disco novo.
"A frase ["memory almost
full"] me parece simbólica do
que é o mundo de hoje, em que
tudo se move muito rapidamente: a caixa de mensagens
está sempre quase cheia, e também a mente", disse o cantor,
que prepara o lançamento de
"McCartney Years", DVD triplo sobre sua carreira que sai
mês que vem no Brasil.
Última chance
A apresentação única gerou
uma corrida pelos ingressos
-todos foram postos à venda
apenas no dia do show, fazendo
com que os fãs atravessassem a
noite por um lugar na fila. A polícia foi chamada para organizar a aglomeração, e um sistema de pulseiras plásticas foi
montado para evitar cambistas.
"Acho que é minha chance
única de ainda ver um Beatle",
disse a gerente de loja Françoise Dicale, 53, ainda na fila. Horas mais tarde, a interpretação
de "Michelle" deixaria as senhoras francesas emocionadas.
Texto Anterior: João Pereira Coutinho: A arte de recomeçar Próximo Texto: Crítica/erudito: Freire e Tiempo encaram Chopin com brilhantismo Índice
|