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Crítica/"Teza"
Filme interessa apenas como autobiografia
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O Prêmio Especial do Júri e o de melhor roteiro
que "Teza" recebeu no
último Festival de Veneza confirmam certa inclinação dos
festivais em agraciar obras por
seu conteúdo político, desprezando-se muitas vezes a forma
como o discurso chega à tela.
O longa do etíope Haile Gerima comenta um assunto importante -a situação política
da Etiópia desde os anos 70, devastada por ditaduras e guerras. Vemos esse cenário por
meio de Anberber (Aaron Arefe), um idealista que retorna ao
país após estudar medicina na
Alemanha a fim de trazer a cura
ao seu povo. Seu drama será
sentir-se um quase estrangeiro.
Gerima adota uma montagem de fluxos e "flashbacks",
numa estética ultra-estilizada,
vasculhando por que o protagonista começa o filme atormentado e mutilado. O longa acaba
"resolvendo" esse excesso com
um encurtamento das seqüências, o que soa bastante tosco.
"Teza" é feito com os devidos
recursos e assinado por alguém
que é professor emérito em
universidade de Washington.
Ou seja, a tabuada foi ensinada
a Gerima. Mas, nesse embaraço
por escolhas visuais semelhante ao de Anberber em seu país,
parece claro que Gerima assinou um trabalho autobiográfico, o que torna "Teza" um tanto
mais interessante. Ou pelo menos "digno", outro traço que os
festivais em geral apreciam.
TEZA
Quando: hoje, 21h, Cine TAM; amanhã,
23h20, Espaço Unibanco Pompéia 10;
dia 26, 21h50, Cine Bombril 1; dia 27,
22h, Reserva Cultural Sala 1
Classificação: não indicado a menores
de 16 anos
Avaliação: regular
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