São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2008

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Ferragamo exibe sua história

Relações do fundador da grife com as estrelas de Hollywood são destaque em megamostra na Triennale de Milão

Pola Negri comprava vários pares de um mesmo sapato porque detestava limpá-los.
Mary Pickford tinha pés minúsculos, como os de uma menina. Os de Audrey Hepburn eram longos e esguios, em perfeita sintonia com sua altura.
Essas e outras histórias dos pés de atrizes famosas de Hollywood pontuam uma grande exposição na Triennale de Milão (Itália) que apresenta, até o próximo dia 9, a extraordinária contribuição de Salvatore Ferragamo para a história dos calçados no século 20.
A exibição é parte das comemorações dos 80 anos de fundação da marca -que, no dia 6, abre a sua quinta loja no Brasil, no shopping Cidade Jardim.
Um dos méritos da mostra é ressaltar a importância da relação de Ferragamo (1898-1960) com o cinema -particularmente com Hollywood. Ainda adolescente, ele desembarca em 1915, nos EUA, e segue para a Califórnia. O cinema balbucia, mas Ferragamo já é convocado por pioneiros da "sétima arte", como David Griffith e Cecil B. DeMille, para criar calçados para os filmes mudos.
Nos anos 20, ele se tornará um dos sapateiros prediletos das primeiras divas hollywoodianas, como Paulette Godard e Greta Garbo. Mesmo após o seu retorno à Itália, em 1928, as estrelas não abandonarão Ferragamo. Ele desenhará calçados para Rita Hayworth, Ava Gardner, Marilyn Monroe, Carmen Miranda e até para celebridades políticas, como Evita.
As relações com o cinema também não se extinguem após a morte de Salvatore. A grife assinou criações para filmes recentes de Wim Wenders e Steven Spielberg, entre outros.
Centenas destes calçados estão expostos na Triennale, que exibe ainda bolsas e outros acessórios criados por Ferragamo, e croquis e modelos feitos pela filha mais velha do patriarca, Fiamma.
Os objetos vieram do acervo da grife em Florença, com cerca de 10 mil itens. Além deles, a mostra exibe um ateliê de confecção artesanal de sapatos e obras de artistas contemporâneos, como Vanessa Beecroft, inspiradas em ícones da grife.

Moda está desorientada, diz matriarca

Já pelo próprio título, a exposição "Salvatore Ferragamo -Expandindo a Lenda, 1928 -2008", na Triennale, demonstra o interesse da grife em não fazer apenas uma retrospectiva de sua história.
Busca também enfatizar os seus laços com as inovações técnicas do século 20 e do início do 21, a força atual da marca e as suas perspectivas futuras.
Para assegurar o vigor do mito, em setembro o clã Ferragamo compareceu em peso ao desfile do prêt-à-porter da grife na semana de Milão e, depois, à abertura da mostra.
No centro das atenções, estava a matriarca da família e presidente da empresa, Wanda Ferragamo, que foi quem assumiu os negócios após a morte de seu marido, em 1960.
Na Triennale lotada, uma longa fila de convidados se formou para cumprimentá-la. "Estou muito emocionada com esta homenagem que Milão presta a Salvatore", disse ela à Folha, em breve conversa, após o beija-mão do empresário Vittorio Missoni.
Wanda contou que, entre todas as atrizes que passaram pelo ateliê de seu marido, a que mais a cativou foi Audrey Hepburn. "Creio que já estava um pouco doente quando a vi, mas era uma mulher elegantíssima, tinha um estilo fantástico e era muito carinhosa."
Indagada sobre a moda atual, a matriarca não hesitou: "A moda está desorientada atualmente, as pessoas não sabem o que fazer, falta uma grande linha condutora".


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