São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2010

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OPINIÃO

Poder da TV iguala anônimos e mais ou menos famosos

BIA ABRAMO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O que é, digamos, mais eficaz? Fazer um programa com anônimos alçados à condição de celebridades ou com celebridades (de certa forma) fingindo que são pessoas (mais ou menos) comuns? Aqui no Brasil, pelo menos, dá empate.
A primeira formula é a do "Big Brother Brasil", da Rede Globo, que já resiste por dez anos e 11 edições. A segunda, da concorrência: a do pioneiro "Casa dos Artistas", do SBT, e a de "A Fazenda", da Record, que enfrenta sua terceira edição com sucesso.
Não deixa de ser curioso o fato de ambas funcionarem num tipo de atração que é chamado, justamente, de reality show.
Ao mesmo tempo, explica-se: o poder da televisão, da notoriedade criada ou catapultada pela exposição sistemática, iguala todos. Como não há nada mais irreal do que a realidade inventada dos reality shows, o artifício que sustenta esse tipo de programa independe do ponto de partida.
De certa forma, nem o de chegada: a notoriedade dos ganhadores, como já se provou de mais de uma maneira, é fugaz.
O que interessa, de fato, no reality show, é o percurso, ou seja, acompanhar como cada um se desdobra para ser vendido ao público, como cada um vai se moldando às exigências implacáveis do espetáculo televisivo.
As torcidas por um ou outro personagem não têm, como se quer pensar, relação com padrões morais, mas com o "merecimento" como mercadoria de entretenimento que cada qual consegue acumular.
Nesse sentido, os quase-famosos de "A Fazenda" são até mais engraçados do que os ainda anônimos do "Big Brother Brasil".
Enquanto os últimos são como telas em branco, os primeiros já têm alguma imagem esboçada pela submídia de celebridades, o que exige malabarismos maiores e manobras mais bruscas.
Dia desses, Viola se debatia exatamente com a questão: "Nem sei se eu sou famoso". Pois é.


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