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OPINIÃO
Poder da TV iguala anônimos e mais ou menos famosos
BIA ABRAMO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O que é, digamos, mais eficaz? Fazer um programa com
anônimos alçados à condição de celebridades ou com
celebridades (de certa forma)
fingindo que são pessoas
(mais ou menos) comuns?
Aqui no Brasil, pelo menos,
dá empate.
A primeira formula é a do
"Big Brother Brasil", da Rede
Globo, que já resiste por dez
anos e 11 edições. A segunda,
da concorrência: a do pioneiro "Casa dos Artistas", do
SBT, e a de "A Fazenda", da
Record, que enfrenta sua terceira edição com sucesso.
Não deixa de ser curioso o
fato de ambas funcionarem
num tipo de atração que é
chamado, justamente, de
reality show.
Ao mesmo tempo, explica-se: o poder da televisão, da
notoriedade criada ou catapultada pela exposição sistemática, iguala todos. Como
não há nada mais irreal do
que a realidade inventada
dos reality shows, o artifício
que sustenta esse tipo de programa independe do ponto
de partida.
De certa forma, nem o de
chegada: a notoriedade dos
ganhadores, como já se provou de mais de uma maneira,
é fugaz.
O que interessa, de fato, no
reality show, é o percurso, ou
seja, acompanhar como cada
um se desdobra para ser vendido ao público, como cada
um vai se moldando às exigências implacáveis do espetáculo televisivo.
As torcidas por um ou outro personagem não têm, como se quer pensar, relação
com padrões morais, mas
com o "merecimento" como
mercadoria de entretenimento que cada qual consegue
acumular.
Nesse sentido, os quase-famosos de "A Fazenda" são
até mais engraçados do que
os ainda anônimos do "Big
Brother Brasil".
Enquanto os últimos são
como telas em branco, os primeiros já têm alguma imagem esboçada pela submídia
de celebridades, o que exige
malabarismos maiores e manobras mais bruscas.
Dia desses, Viola se debatia exatamente com a questão: "Nem sei se eu sou famoso". Pois é.
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