LUCIANA PAREJA
DA REDAÇÃO

Nem só do eixo Rio-São Paulo vive o teatro nacional. Outras paragens, com iniciativas experimentais e de grupos, além de expor (literalmente) processos pelos quais realiza-se a cena, buscam ampliar o painel da produção.
Em janeiro deste ano, Curitiba (PR) ganhou um espaço de pesquisa, o ACT (Ateliê de Criação Teatral), em um casarão histórico. Comemorando a inauguração de uma nova sala, a Multiuso, que abrigará a partir do ano que vem pesquisas nas mais diversas áreas artísticas, o núcleo promove hoje, amanhã e em mais dois fins de semana (leia abaixo), às 21h, sua segunda mostra, que busca explicitar ao público os meandros da composição do teatro. O foco é a voz e o tratamento da palavra.
O que vai ser exibido ao público não é um espetáculo, mas uma colagem de cenas em fase de criação, para que a platéia possa dar sua opinião. Lygia Clark e Hélio Oiticica ditam o texto: a correspondência que trocaram sobre inquietações quanto a arte.
Mas não é só isso. Uma exposição de fotos dos atores durante o processo -exibidas em sacos plásticos com água, em um efeito que interfere na imagem- e a trilha composta com os sons produzidos pelos atores dão a união entre as várias vertentes criativas.
"Quando se fala em abrir as portas de algum lugar, como no Jardim Botânico do Rio, vem aquela idéia de comércio. Não é isso. Queremos aproximar o fazer teatral do público, como se levássemos amigos em casa, mostrássemos um trabalho em processo e pedíssemos sua opinião", diz Luis Melo, 44 anos, ator e coordenador artístico do ACT.
Melo aponta vantagens em trabalhar fora da grande vitrine cultural do país, como menos burocracia e mais tranquilidade, "porque o artista, em certos momentos, precisa de isolamento para criar", segundo ele. "Mas é complicado porque, tendo menos visibilidade, fica difícil conseguir apoio e patrocínio", diz.
Teatro de grupo
Em Belo Horizonte (MG), acontece desde quarta a "Estação em Movimento - 1ª Mostra de Teatro de Grupo", na Fábrica de Teatro. O evento pretende, além de apresentar espetáculos do Estado, suscitar discussões sobre a cena teatral mineira por meio de debates.
Em comum com a mostra de Curitiba, a "Estação em Movimento" traz uma exposição que pretende desnudar os bastidores, mas, em vez de integrar diversas mídias, tem caráter didático: mostra passo a passo a criação de uma montagem.