São Paulo, quinta-feira, 24 de novembro de 2005

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DE FÃ PARA FÃ

Humor britânico finalmente aparece na saga

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Deixemos algumas coisas estabelecidas logo de cara: o Harry Potter dos filmes (Daniel Radcliffe) é bem mais mauricinho do que o Harry Potter dos livros de J.K. Rowling. O Ron Weasley (Rupert Grint), bem mais bocó, e a Hermione Granger vivida por Emma Watson é uma vênus de Botticelli perto da amiga CDF de Potter descrita por Rowling.
Dito isto, é forçoso admitir que, a esta altura, qualquer fã da série do bruxinho, seja dos livros ou dos filmes, já se considera íntimo do trio de atores mirins que o público viu crescer em cada filme ao longos dos anos.
Em "Harry Potter e o Cálice de Fogo", que estréia oficialmente amanhã nos cinemas nacionais, os três colegas de Grifinória entram bombando em uma aventura que é compartilhada por "trouxas" do mundo todo.
Os deslumbrantes efeitos especiais do Campeonato Mundial de Quadribol são só um canapé. Desta vez, além dos perigos que rondam os muros e a floresta de Hogwarts, Harry Potter, Ron e Hermione são forçados a lidar com um tenebroso dragão chamado... adolescência.
É o aspecto "teen" que faz do quarto filme da série o mais especial de todos. Agora, o amor está no ar e Potter e sua turma ganharam diálogos e personalidades mais definidos.

Mérito do diretor
Nas versões cinematográficas anteriores, sempre ficou faltando o essencial. Mesmo a ótima adaptação do terceiro livro, "O Prisioneiro de Azkaban", dirigida por Alfonso Cuarón, deixou a desejar em um aspecto fundamental: o senso de humor britânico no qual J.K. Rowling deita e rola em todos os livros sobre o bruxo. Foi preciso entregar a direção de "O Cálice de Fogo" ao inglês Mike Newell (diretor de "Quatro Casamentos e Um Funeral") para que a graça de Rowling pudesse finalmente desabrochar na tela do cinema.
Para os fãs que preferem os livros de Harry Potter aos filmes e que reclamam do andamento das versões cinematográficas da Warner Bros., "Harry Potter e o Cálice de Fogo" é um alívio. Pela primeira vez, o leitor fiel irá rir e se amedrontar na mesma medida.
Pior para os mais petizes, que ficarão enfastiados lá pelo começo da segunda hora do filme, e para aqueles que não conhecem o texto de J.K. Rowling -e não saberão entender, por exemplo, porque Hermione briga com Ron durante o Baile de Inverno de Hogwarts.


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