São Paulo, quinta-feira, 24 de novembro de 2005

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PATRIMÔNIO

"Retratos Modernos" reúne imagens históricas do Arquivo Nacional

Publicação traz raridades de acervo

DA SUCURSAL DO RIO

No mesmo mês em que se divulgou o furto de 751 fotos da Biblioteca Nacional, o Arquivo Nacional lança "Retratos Modernos", livro que reúne uma amostra do acervo fotográfico da instituição. Não é um acervo tão poderoso, mas reúne imagens de Marc Ferrez, Alberto Henschel, J. Insley Pacheco e outros grandes fotógrafos do Brasil do século 19.
"Nós já usamos essas fotos de modo temático, em exposições sobre mulheres e crianças, por exemplo. Mas agora elas estão vistas como um conjunto e, pela primeira vez, são publicadas", diz Cláudia Heynemann, que organizou o livro ao lado de Maria do Carmo Rainho.
Ambas são historiadoras do Arquivo Nacional e assinam um ensaio. Na obra, há outro de Maurício Lissovisky, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Bilíngüe, "Retratos Modernos" apresenta 120 fotos feitas entre 1850 e os primeiros anos do século 20. É o período em que a técnica fotográfica entrou e se disseminou pelo país.
Como o título indica, a maior parte das imagens é de retratos. Da família imperial, de nobres, de homens e mulheres que se dirigiam a estúdios para serem fotografados e, também, de anônimos, muitos deles crianças. Os fotógrafos ocuparam o papel que os pintores tinham até então.
"O retrato é a grande novidade da época. Era sinal de status para muitas pessoas. E há uma recorrência da família imperial porque ela era uma grande cliente dos estúdios", diz Heynemann, lembrando a paixão de d. Pedro 2º pela fotografia -a maior parte do acervo iconográfico da Biblioteca Nacional foi doada por ele.
Uma das fotos célebres do livro é uma montagem feita pelo estúdio Carneiro & Gaspar com o imperador duplicado no quadro, como se ele, de pé, conversasse com ele mesmo sentado.
O português Joaquim Insley Pacheco (1839-1912) era um dos mais requisitados pela família imperial e por outros nobres. Dentre as dez fotos suas que estão em "Retratos Modernos", duas são da princesa Isabel, uma delas ao lado da duquesa de Saxe, ambas com seus filhos.
Embora predominem os brancos, há negros no livro. Sempre em estúdio, posando, como no caso da ama-de-leite Benvinda, que segura uma menina loira na Salvador de 1880, fotografada por Antônio Lopes Cardoso.
Também há paisagens e imagens de cidades. Neste grupo, destacam-se os registros do Rio feitos por Marc Ferrez (1843-1923), o maior fotógrafo brasileiro do século 19. A enseada de Botafogo tendo ao fundo o Corcovado -ainda sem o Cristo Redentor- é uma das fotos reproduzidas.
O Corcovado novamente aparece retratado pelo antilhano naturalizado brasileiro Juan Gutierrez, outro grande paisagista, que fotografou o Jardim Botânico e a Quinta da Boa Vista, entre outros.
São Paulo, Curitiba, Salvador e Recife são outras das cidades do livro. "Essa diversidade é fundamental. No Recife, por exemplo, havia muitos estúdios", ressalta Heynemann. (LFV)

Retratos Modernos
Editora:
Arquivo Nacional
Quanto: R$ 80 (no lançamento, R$ 60); 240 págs.
Lançamento: hoje, às 18h30, no Arquivo Nacional (pça. da República, 173, RJ, 0/xx/21/3806-6173)


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