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PATRIMÔNIO
"Retratos Modernos" reúne imagens históricas do Arquivo Nacional
Publicação traz raridades de acervo
DA SUCURSAL DO RIO
No mesmo mês em que se divulgou o furto de 751 fotos da Biblioteca Nacional, o Arquivo Nacional lança "Retratos Modernos", livro que reúne uma amostra do acervo fotográfico da instituição. Não é um acervo tão poderoso, mas reúne imagens de Marc
Ferrez, Alberto Henschel, J. Insley
Pacheco e outros grandes fotógrafos do Brasil do século 19.
"Nós já usamos essas fotos de
modo temático, em exposições
sobre mulheres e crianças, por
exemplo. Mas agora elas estão vistas como um conjunto e, pela primeira vez, são publicadas", diz
Cláudia Heynemann, que organizou o livro ao lado de Maria do
Carmo Rainho.
Ambas são historiadoras do Arquivo Nacional e assinam um ensaio. Na obra, há outro de Maurício Lissovisky, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Bilíngüe, "Retratos Modernos"
apresenta 120 fotos feitas entre
1850 e os primeiros anos do século 20. É o período em que a técnica
fotográfica entrou e se disseminou pelo país.
Como o título indica, a maior
parte das imagens é de retratos.
Da família imperial, de nobres, de
homens e mulheres que se dirigiam a estúdios para serem fotografados e, também, de anônimos, muitos deles crianças. Os fotógrafos ocuparam o papel que os
pintores tinham até então.
"O retrato é a grande novidade
da época. Era sinal de status para
muitas pessoas. E há uma recorrência da família imperial porque
ela era uma grande cliente dos estúdios", diz Heynemann, lembrando a paixão de d. Pedro 2º pela fotografia -a maior parte do
acervo iconográfico da Biblioteca
Nacional foi doada por ele.
Uma das fotos célebres do livro
é uma montagem feita pelo estúdio Carneiro & Gaspar com o imperador duplicado no quadro, como se ele, de pé, conversasse com
ele mesmo sentado.
O português Joaquim Insley Pacheco (1839-1912) era um dos
mais requisitados pela família imperial e por outros nobres. Dentre
as dez fotos suas que estão em
"Retratos Modernos", duas são
da princesa Isabel, uma delas ao
lado da duquesa de Saxe, ambas
com seus filhos.
Embora predominem os brancos, há negros no livro. Sempre
em estúdio, posando, como no
caso da ama-de-leite Benvinda,
que segura uma menina loira na
Salvador de 1880, fotografada por
Antônio Lopes Cardoso.
Também há paisagens e imagens de cidades. Neste grupo, destacam-se os registros do Rio feitos
por Marc Ferrez (1843-1923), o
maior fotógrafo brasileiro do século 19. A enseada de Botafogo
tendo ao fundo o Corcovado
-ainda sem o Cristo Redentor-
é uma das fotos reproduzidas.
O Corcovado novamente aparece retratado pelo antilhano naturalizado brasileiro Juan Gutierrez,
outro grande paisagista, que fotografou o Jardim Botânico e a
Quinta da Boa Vista, entre outros.
São Paulo, Curitiba, Salvador e
Recife são outras das cidades do
livro. "Essa diversidade é fundamental. No Recife, por exemplo,
havia muitos estúdios", ressalta
Heynemann.
(LFV)
Retratos Modernos
Editora: Arquivo Nacional
Quanto: R$ 80 (no lançamento, R$ 60);
240 págs.
Lançamento: hoje, às 18h30, no
Arquivo Nacional (pça. da República,
173, RJ, 0/xx/21/3806-6173)
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