São Paulo, quinta-feira, 24 de novembro de 2005

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MÚSICA

DJ brasileiro vai tocar com francês Laurent Garnier em casa noturna londrina e "testa" seu set no E-Muzik, em SP

Marky reconstrói drum'n'bass em clube

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Marco Antônio da Silva levou o drum'n'bass por um caminho. Muita gente foi atrás, a trilha ficou gasta e agora, diz ele, chegou a hora de mudar a direção. O mapa começa a ser desenhado amanhã, quando Marky estréia sua nova residência num clube paulistano.
Para onde ir? A pergunta cabe tanto para este gênero da eletrônica, tido como desgastado, como para o autor, já que a noite, Marky & Friends, no E-Muzik, será também um termômetro para verificar a quantas anda a popularidade e a influência do DJ.
Aos 32 anos, Marky transformou o londrino drum'n'bass em música brasileira e, por tabela, virou o DJ mais conhecido -e mais bem pago- do país. É responsável por feito raro: com Xerxes, em 2002, produziu "LK", canção que chegou ao 17º lugar da parada britânica de singles.
No Skol Beats, há anos causa comoção quando assume os pick-ups de sua tenda. Sua antiga noite, a Vibe, no Lov.e, atraía bom público às quintas-feiras. Mas, no meio do caminho, há dois ou três anos, algo deu errado.
O drum'n'bass, tanto no Reino Unido quanto no Brasil, começou a levar cada vez menos público às festas e clubes, as músicas passaram a soar muito iguais, e o Lov.e, neste ano, decidiu cancelar a residência de Marky. Hora do recomeço, afirma o DJ, com novo clube e novos parceiros.
"Acabei de fazer uma faixa com o Bungle, um produtor paulista de 22 anos. Chama "No Time to Love", em que tiramos um sample de uma canção dos anos 70 [do soulman Don Downing]. Já está sendo tocada por um monte de gente." Do drum'n'bossa para o soul'n'bossa. "Quero samplear coisas que não são óbvias. Quando você faz algo que funciona, uns 600 produtores vão fazer o mesmo. Foi o que aconteceu com "LK". Ninguém havia usado violão, era uma canção totalmente diferente do que tocava na época. Está faltando identidade. Como DJ, não dou mais o que o público quer. A missão é mostrar músicas diferentes às pessoas."
Para a tarefa, Marky contará com convidados durante sua residência. O primeiro, amanhã, é o DJ e produtor inglês Nu:Tone. "É um pianista profissional", ilustra Marky. "Ele gosta de jazz e funk como eu e toca músicas com alma, melodia. Hoje precisamos de melodia, de coisas bonitas, não só de batidas dark e pesadas."
A noite Marky & Friends, ele diz, deve ser mensal, a partir do ano que vem. É uma adaptação do projeto homônimo do DJ no clube The End, um dos mais conceituados de Londres. "Já fiz três datas no The End, todas com lotação esgotada." A próxima será em 2 de dezembro, quando Marky dividirá os toca-discos com o francês Laurent Garnier (que costuma tocar tecno e house), numa noite que já vem sendo comentada com algum estardalhaço pela imprensa britânica.
Sobre as misturas que vêm aparecendo na eletrônica, com rock e rap, Marky vê com certo receio. "Tem um artista inglês, o Pendulum, que conseguiu uma sonoridade incrível misturando rock com d'n'b. Essa coisa do rock está aparecendo com tecno, electro. Mas é aquilo: está funcionando hoje, mas, se continuarem com isso demasiadamente, vai cansar."


Marky & Friends
Quando:
amanhã, a partir das 23h30
Onde: E-Muzik (r. Lourenço Marques, 265, Vila Olímpia, SP, tel. 0/xx/ 11/3045-7128)
Quanto: de R$ 15 a R$ 20


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