|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
DJ brasileiro vai tocar com francês Laurent Garnier em casa noturna londrina e "testa" seu set no E-Muzik, em SP
Marky reconstrói drum'n'bass em clube
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Marco Antônio da Silva levou o
drum'n'bass por um caminho.
Muita gente foi atrás, a trilha ficou
gasta e agora, diz ele, chegou a hora de mudar a direção. O mapa
começa a ser desenhado amanhã,
quando Marky estréia sua nova
residência num clube paulistano.
Para onde ir? A pergunta cabe
tanto para este gênero da eletrônica, tido como desgastado, como
para o autor, já que a noite, Marky
& Friends, no E-Muzik, será também um termômetro para verificar a quantas anda a popularidade e a influência do DJ.
Aos 32 anos, Marky transformou o londrino drum'n'bass em
música brasileira e, por tabela, virou o DJ mais conhecido -e mais
bem pago- do país. É responsável por feito raro: com Xerxes, em
2002, produziu "LK", canção que
chegou ao 17º lugar da parada britânica de singles.
No Skol Beats, há anos causa comoção quando assume os pick-ups de sua tenda. Sua antiga noite,
a Vibe, no Lov.e, atraía bom público às quintas-feiras. Mas, no
meio do caminho, há dois ou três
anos, algo deu errado.
O drum'n'bass, tanto no Reino
Unido quanto no Brasil, começou
a levar cada vez menos público às
festas e clubes, as músicas passaram a soar muito iguais, e o Lov.e,
neste ano, decidiu cancelar a residência de Marky. Hora do recomeço, afirma o DJ, com novo clube e novos parceiros.
"Acabei de fazer uma faixa com
o Bungle, um produtor paulista
de 22 anos. Chama "No Time to
Love", em que tiramos um sample
de uma canção dos anos 70 [do
soulman Don Downing]. Já está
sendo tocada por um monte de
gente." Do drum'n'bossa para o
soul'n'bossa. "Quero samplear
coisas que não são óbvias. Quando você faz algo que funciona, uns
600 produtores vão fazer o mesmo. Foi o que aconteceu com
"LK". Ninguém havia usado violão, era uma canção totalmente
diferente do que tocava na época.
Está faltando identidade. Como
DJ, não dou mais o que o público
quer. A missão é mostrar músicas
diferentes às pessoas."
Para a tarefa, Marky contará
com convidados durante sua residência. O primeiro, amanhã, é o
DJ e produtor inglês Nu:Tone. "É
um pianista profissional", ilustra
Marky. "Ele gosta de jazz e funk
como eu e toca músicas com alma, melodia. Hoje precisamos de
melodia, de coisas bonitas, não só
de batidas dark e pesadas."
A noite Marky & Friends, ele
diz, deve ser mensal, a partir do
ano que vem. É uma adaptação do
projeto homônimo do DJ no clube The End, um dos mais conceituados de Londres. "Já fiz três datas no The End, todas com lotação
esgotada." A próxima será em 2
de dezembro, quando Marky dividirá os toca-discos com o francês Laurent Garnier (que costuma
tocar tecno e house), numa noite
que já vem sendo comentada com
algum estardalhaço pela imprensa britânica.
Sobre as misturas que vêm aparecendo na eletrônica, com rock e
rap, Marky vê com certo receio.
"Tem um artista inglês, o Pendulum, que conseguiu uma sonoridade incrível misturando rock
com d'n'b. Essa coisa do rock está
aparecendo com tecno, electro.
Mas é aquilo: está funcionando
hoje, mas, se continuarem com isso demasiadamente, vai cansar."
Marky & Friends
Quando: amanhã, a partir das 23h30
Onde: E-Muzik (r. Lourenço Marques,
265, Vila Olímpia, SP, tel. 0/xx/ 11/3045-7128)
Quanto: de R$ 15 a R$ 20
Texto Anterior: Personalidade 2: Chris Whitley morre no Texas Próximo Texto: Eletronika em BH recebe Mutek Índice
|