São Paulo, quinta-feira, 24 de novembro de 2005

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Cantora participaria de concerto no Vaticano com camiseta da campanha pelo uso da camisinha

Igreja Católica veta Daniela Mercury

ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Igreja Católica cancelou a participação da cantora Daniela Mercury em concerto de Natal que acontecerá em 3 de dezembro no Vaticano. O veto ocorreu porque a cantora foi protagonista de uma campanha do Ministério da Saúde, realizada no último Carnaval, pelo uso do preservativo para evitar a Aids -a Santa Sé defende a abstinência sexual e a fidelidade conjugal como formas de prevenção.
Mercury, que recebeu a notícia na terça, representaria o Brasil no evento "Natal no Vaticano - Concerto para as Missões no Oriente", que terá a presença do papa Bento 16 e celebra a abertura oficial do Ano Xaveriano, em honra a são Francisco Xavier. O espetáculo será exibido no dia 24, véspera de Natal, pelo Canal 5 da TV italiana.
Entre os participantes estão o grupo de rap Black Eyed Peas, o cantor Paul Anka e a ex-vocalista da banda Cranberries, Dolores O'Riordan. A brasileira iria interpretar "Águas de Março" e "Canto da Cidade".
Em um comunicado divulgado por sua assessoria de imprensa, a cantora afirmou que lamenta não poder representar o país no show e destacou que respeita a religião católica, "que é a sua religião".
Na nota, Mercury reafirmou sua posição de defesa da camisinha, dizendo que discorda da atitude da Igreja Católica, "porque, para ela, o uso é um instrumento de proteção à vida".
Embaixadora do programa Unaids, da ONU, e também do Unicef e da Unesco no país, Mercury gravou uma versão para o samba "Com que Roupa" (1931), de Noel Rosa, em que trechos da música foram adaptados -veja a letra ao lado.
No total, 36 artistas participaram da campanha, que teve um custo de R$ 5 milhões e foi criada por um comitê que reuniu representantes do poder público e da sociedade civil.
A Folha procurou a representação do Vaticano no Brasil para comentar a decisão, mas não obteve resposta. Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da CNBB afirmou que não poderia comentar o caso.


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