São Paulo, sábado, 24 de novembro de 2007

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Paralamas e Titãs fazem turnê juntos

Show em conjunto, que marca 25 anos de carreira das bandas, chega a São Paulo hoje; projeto vai render especial de TV

Apresentação, no Via Funchal, terá também, como convidados, o ex-Titãs Arnaldo Antunes, Marcelo Camelo e Andreas Kisser

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Eles poderiam ser chamados de heróis da resistência, se esse já não fosse o nome de um de seus contemporâneos da década de 1980. Paralamas do Sucesso e Titãs passaram por diversas mudanças e perdas e, no ano em que completam 25 de carreira, se uniram no palco para uma turnê que chega hoje a São Paulo.
É a terceira reunião das duas bandas, mas a primeira que fazem como realmente queriam.
"Há não muito tempo, não tínhamos condições técnicas de fazer essa reunião. Hoje podemos montar as duas bandas juntas no palco, com duas baterias, com tudo", diz Herbert Vianna, vocalista dos Paralamas, em conversa com a Folha no escritório do grupo, em Ipanema (Rio), à qual estão presentes também os Titãs Branco Mello e Paulo Miklos.
Esta "big band" (são três Paralamas e cinco Titãs) toca junta cerca de 18 das 30 músicas do show -cada grupo tem também seu momento individual e há ainda os convidados Arnaldo Antunes, Marcelo Camelo e Andreas Kisser.
"Não queremos fechar o show como uma autocelebração, vamos chutar o pau da barraca", diz Herbert, explicando a presença dos amigos.

Caminhos semelhantes
A reunião das duas bandas -patrocinada pela operadora de TV paga Sky, que está gravando um especial- é ancorada em diversas semelhanças, além dos 25 anos de carreira. Ambas tiveram seu pico produtivo na década de 80 e lançaram discos definitivos do pop rock nacional no mesmo ano (1986, quando saiu "Selvagem?", dos Paralamas, e "Cabeça Dinossauro", dos Titãs). Nas décadas seguintes, passaram pela onda dos discos ao vivo e acústicos, viveram seus traumas -o acidente de Herbert, a morte de Marcelo Fromer, guitarrista dos Titãs- e toparam com a crise do velho modelo de produção musical que conheciam, que os deixou sem gravadora atualmente.
"Acho que é um momento bom, permite refletir a relação artística com a gravadora. Há um desgaste muito grande, vivemos uma época que não vai existir mais, com aquele monte de discos de ouro", diz Branco.
Entram em pauta as alternativas da era da internet, como o modelo do Radiohead, que colocou seu álbum na rede e deixou o preço a cargo dos fãs. "Acho um pontapé inicial genial", diz Herbert. "Faz pensar, é uma provocação ética para os fãs. Não acho que é a solução ainda, mas é legal para botar em xeque", completa Miklos. "Qualquer maneira de tentar mostrar sua música, vendê-la, é bem-vinda. Meu filho tem uma banda e usa esses canais, como o YouTube", diz Branco.
Vovôs do rock
E a geração YouTube ainda se interessa por veteranos como Paralamas e Titãs?
Julgando pela presença na turnê (que já passou por Sorocaba, Belo Horizonte e Salvador, e vai para o Rio, em janeiro), os músicos dizem que sim.
"Vemos muito claramente que o público perto do palco não era nem nascido quando as bandas começaram. Pré-adolescentes cantando, entrando em sintonia com nossos gritos de guerra", diz Herbert.
"É uma mistura. Tem muita molecada, mas tem também os pais deles", diz Branco.
"Só que os pais estão mais atrás", emenda Miklos. "E os avós estão em cima do palco", completa Herbert, rindo.


TITÃS E PARALAMAS
Quando:
hoje, às 22h
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, São Paulo, tel. 0/xx/11/3188-4148)
Quanto: de R$ 60 a R$ 140


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