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Paralamas e Titãs fazem turnê juntos
Show em conjunto, que marca 25 anos de carreira das bandas, chega a São Paulo hoje; projeto vai render especial de TV
Apresentação, no Via Funchal, terá também, como convidados, o ex-Titãs Arnaldo Antunes, Marcelo Camelo e Andreas Kisser
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Eles poderiam ser chamados
de heróis da resistência, se esse
já não fosse o nome de um de
seus contemporâneos da década de 1980. Paralamas do Sucesso e Titãs passaram por diversas mudanças e perdas e, no
ano em que completam 25 de
carreira, se uniram no palco para uma turnê que chega hoje a
São Paulo.
É a terceira reunião das duas
bandas, mas a primeira que fazem como realmente queriam.
"Há não muito tempo, não tínhamos condições técnicas de
fazer essa reunião. Hoje podemos montar as duas bandas
juntas no palco, com duas baterias, com tudo", diz Herbert
Vianna, vocalista dos Paralamas, em conversa com a Folha
no escritório do grupo, em Ipanema (Rio), à qual estão presentes também os Titãs Branco
Mello e Paulo Miklos.
Esta "big band" (são três Paralamas e cinco Titãs) toca junta cerca de 18 das 30 músicas
do show -cada grupo tem também seu momento individual e
há ainda os convidados Arnaldo Antunes, Marcelo Camelo e
Andreas Kisser.
"Não queremos fechar o
show como uma autocelebração, vamos chutar o pau da barraca", diz Herbert, explicando a
presença dos amigos.
Caminhos semelhantes
A reunião das duas bandas
-patrocinada pela operadora
de TV paga Sky, que está gravando um especial- é ancorada em diversas semelhanças,
além dos 25 anos de carreira.
Ambas tiveram seu pico produtivo na década de 80 e lançaram discos definitivos do pop
rock nacional no mesmo ano
(1986, quando saiu "Selvagem?", dos Paralamas, e "Cabeça Dinossauro", dos Titãs).
Nas décadas seguintes, passaram pela onda dos discos ao
vivo e acústicos, viveram seus
traumas -o acidente de Herbert, a morte de Marcelo Fromer, guitarrista dos Titãs- e
toparam com a crise do velho
modelo de produção musical
que conheciam, que os deixou
sem gravadora atualmente.
"Acho que é um momento
bom, permite refletir a relação
artística com a gravadora. Há
um desgaste muito grande, vivemos uma época que não vai
existir mais, com aquele monte
de discos de ouro", diz Branco.
Entram em pauta as alternativas da era da internet, como o
modelo do Radiohead, que colocou seu álbum na rede e deixou o preço a cargo dos fãs.
"Acho um pontapé inicial genial", diz Herbert. "Faz pensar,
é uma provocação ética para os
fãs. Não acho que é a solução
ainda, mas é legal para botar em
xeque", completa Miklos.
"Qualquer maneira de tentar
mostrar sua música, vendê-la, é
bem-vinda. Meu filho tem uma
banda e usa esses canais, como
o YouTube", diz Branco.
Vovôs do rock
E a geração YouTube ainda
se interessa por veteranos como Paralamas e Titãs?
Julgando pela presença na
turnê (que já passou por Sorocaba, Belo Horizonte e Salvador, e vai para o Rio, em janeiro), os músicos dizem que sim.
"Vemos muito claramente
que o público perto do palco
não era nem nascido quando as
bandas começaram. Pré-adolescentes cantando, entrando
em sintonia com nossos gritos
de guerra", diz Herbert.
"É uma mistura. Tem muita
molecada, mas tem também os
pais deles", diz Branco.
"Só que os pais estão mais
atrás", emenda Miklos. "E os
avós estão em cima do palco",
completa Herbert, rindo.
TITÃS E PARALAMAS
Quando: hoje, às 22h
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, São Paulo, tel. 0/xx/11/3188-4148)
Quanto: de R$ 60 a R$ 140
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