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Crítica
"Cheiro do Ralo" vai da contenção à hipérbole
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O que mais me impressiona
em "O Cheiro do Ralo" (Canal
Brasil, 22h; não indicado para
menores de 16 anos) é o fato de
ter impressionado tão vivamente uma quantidade não
desprezível de espectadores.
Em parte, foi um reconhecimento à evolução de Heitor
Dhalia, cujo filme anterior,
"Nina", foi um equívoco.
Ao mesmo tempo é um reencontro com uma tendência
brasileira ao expressionístico.
Desde a história do sujeito de
cujo ralo exala um cheiro intratável até a interpretação de Selton Mello, tudo é marcado pela
idéia de hipérbole. Ao mesmo
tempo o filme aponta num sentido inverso: o da contenção.
É como se essa contradição
paralisasse o filme, impedindo
que tome qualquer partido -o
da contenção ou do excesso, o
da história narrada ou do minimalismo- e, com isso, centrando todo o seu interesse na
performance de Selton Mellon
(e não em seu personagem).
Esse tipo de impasse é que
permite, no entanto, esperar
mais dos próximos trabalhos
do realizador.
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