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MÚSICA ERUDITA
Única cópia manuscrita da ópera, composta por Manuel Joaquim de Macedo, foi encontrada em BH
'Tiradentes' vai estrear cem anos depois
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
A ópera "Tiradentes", composta
na virada do século, poderá ser encenada pela primeira vez no ano
que vem, no encerramento das comemorações do centenário de Belo Horizonte.
A Universidade Federal de Minas
Gerais e a produtora Viking firmaram convênio para a montagem da
ópera, a gravação de um CD e a
edição das partituras em livro.
"Tiradentes" foi composta por
Manuel Joaquim de Macedo
(1847-1925), mestre da Capela Imperial no reinado de dom Pedro 2º.
O libreto original é de autoria de
Augusto de Lima (1859-1934), que
presidiu a Academia Brasileira de
Letras.
Em 1890, a abertura da ópera
chegou a ser executada na Bélgica,
mas até 1897, quando o libreto foi
publicado, as partituras não haviam sido concluídas.
Cogitou-se ainda sua encenação
durante o centenário da Independência do Brasil, mas o compositor não concordou e acabou morrendo sem ver sua maior obra.
Durante décadas, as partituras
ficaram perdidas. A única cópia
conhecida, com mais de 2.000 páginas manuscritas, foi encontrada
há oito anos em um velho baú na
biblioteca da Escola de Música da
UFMG.
Para o diretor da escola, Maurício Freire, a importância de "Tiradentes" não é apenas histórica,
mas também musical.
"É uma das raras óperas do romantismo escritas em português e,
a partir de sua estréia, esperamos
que seja incorporada ao repertório
operístico, que é restrito a cerca de
200 obras", disse Freire.
Escrita sob influência das óperas
do alemão Richard Wagner, "Tiradentes" é uma superprodução
que demandará uma orquestra de
90 músicos, dois corais e cerca de
200 participantes em cena.
Os produtores calculam que será
necessário R$ 1,1 milhão para tornar viável sua estréia, prevista para
acontecer ao ar livre em meados
do ano que vem.
A duração original, de seis horas,
no entanto, terá de ser encurtada
pela metade, pois, segundo o produtor Alfonso Rezende, nenhum
espectador contemporâneo suportaria assistir a uma ópera durante tanto tempo.
"Tiradentes" é dividida em uma
abertura e quatro atos. No primeiro ato, os contribuintes reclamam
do alto imposto que era cobrado
por Portugal, que exigia 20% do
ouro extraído em Minas Gerais.
Nos atos seguintes, acontecem a
conspiração, a traição e o julgamento e a execução de Tiradentes.
Os personagens principais são
papéis masculinos, inspirados nos
protagonistas reais da Inconfidência Mineira: Tiradentes (barítono), o traidor Joaquim Silvério dos
Reis (barítono), Tomaz Antônio
Gonzaga (tenor) e o governador
Visconde de Barbacena (baixo).
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