|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FIM DE ANO
Novo disco da cantora e pianista, "Christmas Songs" traz versões para "Jingle Bells" e outras composições tradicionais
Diana Krall canta versão jazzística do Natal
Jimin Lai - 17.mar.2005
|
A cantora e pianista Diana Krall durante show na Malásia |
RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ano após ano, é sempre a
mesma coisa. Setembro, outubro, novembro vão se aproximando e as lojas começam a receber aqueles discos. É uma tradição infalível, como os álbuns
anuais de Roberto Carlos. Dezembro, pode reparar: não são
poucos os álbuns compilando, regravando, pagando tributo a canções natalinas. Neste ano, nas prateleiras de novidades importadas
das lojas de discos, um álbum de
Natal um pouco mais interessante
que o habitual vai dividir espaço
com os genéricos anônimos:
"Christmas Songs", da pianista e
cantora canadense Diana Krall.
"Desde criança eu gosto de Natal, e não só pelos presentes", ri
ela, em entrevista por telefone à
Folha. "O mais importante é o
que ele representa para mim espiritualmente. É um ponto de vista
espiritual, não religioso. O principal é o fato de a família estar junta,
jantar junta, cantar junta, toda essa idéia de paz na Terra. Eu viajo
muito, então sempre espero ansiosamente pelo Natal porque sei
que vou pra casa."
Qualquer pessoa menos ingênua pode perceber que, por mais
sinceras que sejam as intenções
de Krall, isso tudo é o velho lero-lero para se vender mais discos de
sempre. Mas, independente da ladainha, o importante, como sabemos, é a música -e nisso ela se
garante. O essencial é saber que o
disco de boas-vindas a Santa
Claus tem a mesma qualidade de
qualquer outro trabalho seu. É trilha sonora de ceia de Natal, mas
não por isso ela canta pior ou toca
menos piano.
O motivo é simples, como ela
explica. "Não queria aquela coisa
de só cantar canções típicas de
Natal, então escolhi alguns clássicos pop de gente como Irving Berlin, gente que escreveu outras
canções que não eram de Natal e
que eu já havia cantado. Então, a
minha abordagem foi de um disco de jazz, abordei as canções como eu faria com qualquer standard jazzístico."
O álbum já começa nesse espírito, com uma versão de "Jingle
Bells" que começa com os tradicionais sinos de Natal, mas acompanhados de uma bateria com o
típico balanço do jazz. Outras que
aparecem no disco são desde clássicos de sempre, como "White
Christmas", até alguns achados
menos conhecidos.
Cantora de jazz, especialista em
standards, gravando o seu disco
de Natal? Não dava pra cumprir
mais a cartilha da tradição musical americana do que isso. É bom
fazer parte de uma tradição?
"Acho que é essencial entender
a tradição, não copiar ou tentar se
prender a ela", explica. "Às vezes
eu gosto de me ver como parte de
algo que vem de outra época, mas
eu acredito que tradição pode ser
combinada com mudança. Assim
a sua personalidade pode surgir
através de uma tradição que você
estuda, aprende e ama. Aí você se
torna você mesmo, em vez de soar
como outra pessoa. Você pode assimilar muita influência de seus
cantores favoritos, juntar todos,
tirar algo de cada um e chegar a
um resultado novo. Acho que é
possível. Senão você estará simplesmente emulando um passado
do qual você não fez parte."
Então, aí está. A melhor leitura
de seu disco de Natal é um bom
espírito para este fim de ano: às
tradições, mas com desejo de novidade.
Christmas Songs
Artista: Diana Krall
Lançamento: Verve/Universal
Quanto: R$ 32, em média
Texto Anterior: Vitrine brasileira Próximo Texto: Exposições e shows são alternativa para feriado Índice
|