São Paulo, sábado, 24 de dezembro de 2005

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FIM DE ANO

Novo disco da cantora e pianista, "Christmas Songs" traz versões para "Jingle Bells" e outras composições tradicionais

Diana Krall canta versão jazzística do Natal

Jimin Lai - 17.mar.2005
A cantora e pianista Diana Krall durante show na Malásia


RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ano após ano, é sempre a mesma coisa. Setembro, outubro, novembro vão se aproximando e as lojas começam a receber aqueles discos. É uma tradição infalível, como os álbuns anuais de Roberto Carlos. Dezembro, pode reparar: não são poucos os álbuns compilando, regravando, pagando tributo a canções natalinas. Neste ano, nas prateleiras de novidades importadas das lojas de discos, um álbum de Natal um pouco mais interessante que o habitual vai dividir espaço com os genéricos anônimos: "Christmas Songs", da pianista e cantora canadense Diana Krall.
"Desde criança eu gosto de Natal, e não só pelos presentes", ri ela, em entrevista por telefone à Folha. "O mais importante é o que ele representa para mim espiritualmente. É um ponto de vista espiritual, não religioso. O principal é o fato de a família estar junta, jantar junta, cantar junta, toda essa idéia de paz na Terra. Eu viajo muito, então sempre espero ansiosamente pelo Natal porque sei que vou pra casa."
Qualquer pessoa menos ingênua pode perceber que, por mais sinceras que sejam as intenções de Krall, isso tudo é o velho lero-lero para se vender mais discos de sempre. Mas, independente da ladainha, o importante, como sabemos, é a música -e nisso ela se garante. O essencial é saber que o disco de boas-vindas a Santa Claus tem a mesma qualidade de qualquer outro trabalho seu. É trilha sonora de ceia de Natal, mas não por isso ela canta pior ou toca menos piano.
O motivo é simples, como ela explica. "Não queria aquela coisa de só cantar canções típicas de Natal, então escolhi alguns clássicos pop de gente como Irving Berlin, gente que escreveu outras canções que não eram de Natal e que eu já havia cantado. Então, a minha abordagem foi de um disco de jazz, abordei as canções como eu faria com qualquer standard jazzístico."
O álbum já começa nesse espírito, com uma versão de "Jingle Bells" que começa com os tradicionais sinos de Natal, mas acompanhados de uma bateria com o típico balanço do jazz. Outras que aparecem no disco são desde clássicos de sempre, como "White Christmas", até alguns achados menos conhecidos.
Cantora de jazz, especialista em standards, gravando o seu disco de Natal? Não dava pra cumprir mais a cartilha da tradição musical americana do que isso. É bom fazer parte de uma tradição?
"Acho que é essencial entender a tradição, não copiar ou tentar se prender a ela", explica. "Às vezes eu gosto de me ver como parte de algo que vem de outra época, mas eu acredito que tradição pode ser combinada com mudança. Assim a sua personalidade pode surgir através de uma tradição que você estuda, aprende e ama. Aí você se torna você mesmo, em vez de soar como outra pessoa. Você pode assimilar muita influência de seus cantores favoritos, juntar todos, tirar algo de cada um e chegar a um resultado novo. Acho que é possível. Senão você estará simplesmente emulando um passado do qual você não fez parte."
Então, aí está. A melhor leitura de seu disco de Natal é um bom espírito para este fim de ano: às tradições, mas com desejo de novidade.


Christmas Songs
   
Artista: Diana Krall
Lançamento: Verve/Universal
Quanto: R$ 32, em média


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