São Paulo, terça-feira, 25 de janeiro de 2005

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MÚSICA

Obra-prima do Clash, considerada um dos maiores discos da história, é relançada com demos e um documentário

"London Calling" ganha edição de luxo em seus 25 anos

Divulgação
O quarteto The Clash à época do álbum "London Calling"


LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

Na seção de lançamentos de qualquer loja de disco, faça o teste. A edição nacional de "London Calling", a comemorativa dos 25 anos do álbum da banda The Clash que acaba de sair, é bem mais pesada que os outros CDs.
E não é (só) porque este jubileu de prata do terceiro trabalho do extinto grupo de Joe Strummer vem em uma caixa de dois CDs com 40 músicas, um DVD com documentários e vídeos e um caprichado encarte.
O peso maior a carregar é o da história e da importância do álbum. O Clash é algo unânime, representa a mais importante formação de um movimento que é considerado a revolução mais profunda da música jovem em todos os tempos.
A questão da idade é coisa para ser levada em conta neste CD-efeméride. "London Calling", 25, interessa a quem tem hoje 55 e 45 anos e em 1979 se perguntava o que estava acontecendo com os jovens. Interessa aos que têm hoje 35 e se divertiram com toda a música pop dos anos 80 que o Clash e o "London Calling" ajudaram a moldar. Aos que têm 25, como o disco, e curtiram bastante a turma do Green Day e do Nirvana nos 90. E àqueles que têm 15 e adoram de Blink-182 a Libertines.
A luxuosa caixa "London Calling The 25th Anniversary Edition" junta no primeiro CD o tão-famoso álbum duplo de dezembro de 1979. O Clash apresentava com "London Calling" uma saída para o punk depois do estrago de 1977, com a saída para o rockabilly, reggae e blues. Não foi bem compreendido pelos puristas da época, mas pautou a música jovem que viria na década seguinte.
O CD 2 da caixa traz as famosas "Vanilla Tapes", 15 versões demo de músicas que entrariam no disco e quatro faixas inéditas que ficaram de fora, além de um cover de Bob Dylan ("The Man in Me") e uma releitura de "Remote Control", do primeiro disco.
O DVD que integra essa edição de aniversário traz um documentário de mais de meia hora chamado "The Last Testament", dirigido por Don Letts, com entrevistas e cenas do Clash. Seguem como atração do DVD os vídeos promocionais de "London Calling", "Train in Vain" e "Clampdown", fora outros 16 minutos de cenas em P&B do Clash no Wessex Studios, gravando o álbum.
A capa de "London Calling" é outro "ponto turístico" da história do rock. A foto, clicada pela famosa fotógrafa Pennie Smith, mostra o baixista Paul Simonon girando o baixo para depois estourá-lo no palco, durante um show em Nova York. Simonon chegou a dizer que não sentia tanto orgulho assim em estrelar a famosa capa, pois aquele era o seu baixo favorito e ele ficou arrependido de arrebentá-lo.
O Clash é ainda hoje uma banda muito viva para os ingleses. Há, por exemplo, uma "licença" informal para lojas de discos do Reino Unido, que vendem hoje, como oficial, o "The Clash: Kingston Advice", um CD pirata com histórica gravação de show do Clash na Jamaica em 1982. Se é material histórico do Clash, é permitido.

LONDON CALLING THE 25TH ANNIVERSARY EDITION. Banda: The Clash. Gravadora: Sony. Quanto: R$ 80, em média.

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