São Paulo, terça-feira, 25 de janeiro de 2005

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18ª SP FASHION WEEK

XAMANISMO E BOXE INSPIRAM CRIAÇÕES

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

A moda jovem deu o tom da segunda-feira na São Paulo Fashion Week, que termina hoje depois de mostrar 47 coleções de inverno. O mais esperado desfile foi o masculino de Alexandre Herchcovitch, já que este finzinho do evento foi arrastado e pouco criativo.
O dia começa com a volta do estilista Caio Gobbi à programação -ano passado ele realizou apenas uma instalação com suas roupas. Ele parece ter pensado melhor sobre sua marca.
Sua apresentação de inverno traz mais roupas e idéias mais amarradas, ainda que algumas delas estejam presas a uma estética antiga, como a logomania. Dá certo a troca do índigo pelo cotelê, renovando sua linha Gobbi Jeans, principalmente no trabalho de patchwork (rosa, uva, preto e branco) em silhueta anos 70 para calças, blazers, casacos e jaquetas.
Fábia Bercsek, vinda do evento Hot Spot, faz sua estréia na SPFW. O ponto de partida é um certo xamanismo fashion, que junta um estilo folk/ apache com a estética da cantora Cher. Deu certo.
Primeiro, porque a estilista conseguiu mostrar um trabalho de qualidade, evidenciando um crescimento de sua saída do underground. Depois, por continuar fiel ao seu estilo, preservando uma dose de excentricidade de que o evento estava carecendo.
Muitas franjas, camurça, jaquetas, acessórios incríveis, como brincos de pena feitos de prata, muita cor e uma ironia feminina que adentra agora no vocabulário da estilista e que parece estar fazendo muito bem a ela. Estão aqui os clássicos de seu estilo, como os leggings anos 80, as proporções soltas, o criativo trabalho de estamparia e a saudável "descombinação" das peças.
Fábia fez direitinho seu dever de casa, retomando seu trabalho em tricô e surpreendendo com looks como os conjuntos de suave efeito glitter, aplicado, do início, em tons de roxo, e nos looks com estampas (com a técnica de sublimação) com os mesmo motivos do lúdico cenário, provocando um retrô engraçado. A edição do desfile poderia ser melhor (ordem de entrada, casting), mas deu certo o batonzão vermelho (por que não em Marcelle?).

Olho roxo
Com referências ao universo do boxe, Herchcovitch traz meninos de olho roxo, mãos enfaixadas sempre dentro do bolso. Aparecem estampas de luvas, de troca de socos, a bota branca, o matelassê que vem dos calções transformado em suéteres e calças, um delicioso cinturão de caveira (a marca registrada do estilista).
Esses representam os melhores momentos do desfile, trazendo ainda uma atitude casual e relaxada, bem como a busca pelo conforto que move a moda de hoje -principalmente no masculino.
Os compradores do estilista, que já representam 50% de sua venda, segundo ele, vão gostar dessa coleção que veste todo tipo de homem -do mais moderno ao mais esportivo, do básico ao ultrafashion, do magricelo ao gordinho. Também vão garantir venda as inversões do guarda-roupa careta/clássico, como os cárdigans, os terninhos em casimira e as calças retas.


Colaborou Jackson Araujo, editor-assistente da revista Moda

Fábia Bercsek:    
A. Herchcovitch:   
Caio Gobbi:   


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