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18ª SP FASHION WEEK
XAMANISMO E BOXE INSPIRAM CRIAÇÕES
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
A moda jovem deu o tom da segunda-feira na São Paulo Fashion
Week, que termina hoje depois de
mostrar 47 coleções de inverno. O
mais esperado desfile foi o masculino de Alexandre Herchcovitch,
já que este finzinho do evento foi
arrastado e pouco criativo.
O dia começa com a volta do estilista Caio Gobbi à programação
-ano passado ele realizou apenas uma instalação com suas roupas. Ele parece ter pensado melhor sobre sua marca.
Sua apresentação de inverno
traz mais roupas e idéias mais
amarradas, ainda que algumas
delas estejam presas a uma estética antiga, como a logomania. Dá
certo a troca do índigo pelo cotelê,
renovando sua linha Gobbi Jeans,
principalmente no trabalho de
patchwork (rosa, uva, preto e
branco) em silhueta anos 70 para
calças, blazers, casacos e jaquetas.
Fábia Bercsek, vinda do evento
Hot Spot, faz sua estréia na SPFW.
O ponto de partida é um certo xamanismo fashion, que junta um
estilo folk/ apache com a estética
da cantora Cher. Deu certo.
Primeiro, porque a estilista conseguiu mostrar um trabalho de
qualidade, evidenciando um crescimento de sua saída do underground. Depois, por continuar
fiel ao seu estilo, preservando
uma dose de excentricidade de
que o evento estava carecendo.
Muitas franjas, camurça, jaquetas, acessórios incríveis, como
brincos de pena feitos de prata,
muita cor e uma ironia feminina
que adentra agora no vocabulário
da estilista e que parece estar fazendo muito bem a ela. Estão aqui
os clássicos de seu estilo, como os
leggings anos 80, as proporções
soltas, o criativo trabalho de estamparia e a saudável "descombinação" das peças.
Fábia fez direitinho seu dever de
casa, retomando seu trabalho em
tricô e surpreendendo com looks
como os conjuntos de suave efeito
glitter, aplicado, do início, em
tons de roxo, e nos looks com estampas (com a técnica de sublimação) com os mesmo motivos
do lúdico cenário, provocando
um retrô engraçado. A edição do
desfile poderia ser melhor (ordem
de entrada, casting), mas deu certo o batonzão vermelho (por que
não em Marcelle?).
Olho roxo
Com referências ao universo do
boxe, Herchcovitch traz meninos
de olho roxo, mãos enfaixadas
sempre dentro do bolso. Aparecem estampas de luvas, de troca
de socos, a bota branca, o matelassê que vem dos calções transformado em suéteres e calças, um
delicioso cinturão de caveira (a
marca registrada do estilista).
Esses representam os melhores
momentos do desfile, trazendo
ainda uma atitude casual e relaxada, bem como a busca pelo conforto que move a moda de hoje
-principalmente no masculino.
Os compradores do estilista,
que já representam 50% de sua
venda, segundo ele, vão gostar
dessa coleção que veste todo tipo
de homem -do mais moderno
ao mais esportivo, do básico ao
ultrafashion, do magricelo ao gordinho. Também vão garantir venda as inversões do guarda-roupa
careta/clássico, como os cárdigans, os terninhos em casimira e
as calças retas.
Colaborou Jackson Araujo, editor-assistente da revista Moda
Fábia Bercsek:
A. Herchcovitch:
Caio Gobbi:
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