SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA, EM NOVA YORK

Um pouco de Indiana Jones, outro tanto de The History Channel e o tom ingênuo de Nicolas Cage, ancorados no conceito de divertimento familiar da Disney, ajudaram a fazer de "A Lenda do Tesouro Perdido" (2004) um êxito de bilheteria, com arrecadação de US$ 173 milhões nos Estados Unidos.
Em time vencedor, a Disney preferiu não mexer: os mesmos ingredientes garantiram carreira ainda mais bem-sucedida à continuação, "A Lenda do Tesouro Perdido - Livro dos Segredos", que atingiu a marca de US$ 200 milhões nos EUA e continua firme em cartaz, atrás somente de "Eu Sou a Lenda" entre os filmes do fim de 2007.
Para o espectador norte-americano, o filme é um coquetel lúdico com base no conhecimento de eventos e personagens históricos, mas também na fantasia, sobretudo as teorias conspiratórias. Para o público estrangeiro, o apelo está na ação, que percorre pontos histórico-turísticos dos EUA, da França e da Inglaterra.
Desta vez, o caçador de tesouros Benjamin Franklin Gates (Cage) precisa limpar o nome da família: a descoberta de uma das páginas perdidas do diário de John Wilkes Booth, o assassino do presidente Abraham Lincoln, incrimina seu bisavô. A busca de provas que o inocentem leva à retomada da primeira aventura, a busca pelo mapa da fortuna supostamente escondida pelos fundadores dos EUA na proclamação da independência, em 1776.
Nessa jornada maluca, dirigida por Jon Turteltab ("Duas Vidas", "Instinto") com ares de inocência que às vezes resvalam pela mera tolice, Gates tem a ajuda de seu antigo assistente (Justin Bartha), da ex-namorada e curadora do Arquivo Nacional (Diane Kruger), do pai (Jon Voight) e da mãe (Helen Mirren). Como antagonista, um herdeiro de Booth (Ed Harris). E, como homem da lei, um agente do FBI (Harvey Keitel).
Sim, o final deixa aberta a trilha para o terceiro longa. Cinco séculos de história dos EUA ainda contemplam Gates.