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Crítica/"O Signo da Cidade"
Filme de Riccelli é como horóscopo: genérico demais
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
Dono de uma ficha de
bons serviços prestados ao cinema brasileiro como ator, Carlos Alberto
Riccelli encara novamente a direção, com um filme sem ambições artísticas e com muita
vontade de obter uma comunicação sem ruídos. Ao seu lado, a
mulher e também atriz, Bruna
Lombardi, assina um roteiro
feito de histórias simples para
serem narradas sem volteios.
A vontade que emana do projeto é a de retratar tipos urbanos enredados em suas fragilidades afetivas. O cenário da
grande metrópole, com suas
desconexões impostas, funciona como espaço para aproximação imediata desta questão.
A estrutura escolhida por
Lombardi se inspira no molde
do filme-coral, com a multiplicação de personagens a serviço
da estratégia de demonstração.
Tal escolha visa à oferta do
maior número possível de pólos de identificação para a platéia e, nesse sentido, corresponde ao modo habitualmente
adotado pelas séries de TV norte-americanas.
Ao contrário deste tipo de
produto, um filme tem de se
realizar narrativamente nos limites de um tempo muito mais
curto, e é este um dos obstáculos recorrentes de tal forma.
A multiplicação de personagens e situações impede que
seus dramas ganhem consistência, o que muitas vezes leva
esses filmes a parecerem caleidoscópios de tipos feitos de
pouca carne e nenhum osso.
O antídoto surge quando atores experientes emprestam sua
força a seus personagens e se
encarregam de dotá-los de humanidade. É o que se vê em "O
Signo da Cidade" nas cenas
com Juca de Oliveira e com Eva
Wilma. Já Bruna Lombardi,
ainda bela, guardou para si o
papel da astróloga que serve de
elo entre as histórias e catalisa
os problemas individuais na
forma episódica do filme.
"O Signo na Cidade" tenta incorporar a denúncia de sinais
da barbárie social (homofobia,
racismo, orfandade), mas sem
alcançar a necessária agressividade do cinema de Sergio Bianchi, que em parte o inspira.
O efeito final é o mesmo de
uma leitura de horóscopo, genérico demais para produzir
verdades.
O SIGNO DA CIDADE
Produção: Brasil, 2007
Direção: Carlos Alberto Riccelli
Com: Bruna Lombardi, Juca de Oliveira, Eva Wilma
Onde: a partir de hoje no ABC Plaza Shopping, Bristol, Cine Tam e circuito
Avaliação: regular
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