A Folha lança, a partir do próximo domingo, dia 1º2, a "Coleção Folha Grandes Fotógrafos", composta por 14 livros temáticos com cerca de 320 imagens realizadas por 33 dos mais prestigiados fotógrafos documentaristas da história, cujas obras pontuaram de forma emblemática e poética os grandes acontecimentos, os conflitos, as crenças, as paixões e as mudanças de comportamento da humanidade durante o século 20.
Cada volume da coleção trata de grandes temas como "Metrópoles", "Religião", "Guerra", "Infância", "Revoluções", "Esportes" e "Artes", por exemplo, por meio dos quais se podem ver, em retrospectiva, grandes imagens que marcaram acontecimentos diversos como a Segunda Guerra Mundial, os movimentos estudantis de 1968, a ascensão do comunismo na China e em Cuba, Marilyn Monroe no set de filmagem, o garimpo em Serra Pelada, a Olimpíada de Munique, o surgimento da minissaia, entre muitos outros.
Em paralelo a esses grandes temas, os livros abrem espaço também para a capacidade da fotografia em flagrar a beleza dos pequenos gestos cotidianos do homem comum, a partir do momento em que a câmera fotográfica se tornou leve e portátil (com a invenção da Leica, em 1925), permitindo aos fotógrafos captar imagens sem serem percebidos.
Essa linhagem conhecida como "street photography" -que, ao revelar as expressões do homem de forma natural e não posada, viria a humanizar a linguagem fotográfica e dinamizar o fotojornalismo- é privilegiada na coleção, sobretudo pela presença dos fotógrafos da mítica agência Magnum Photos, fundada em 1947 por Henri Cartier-Bresson, Robert Capa e David Seymour.
Cartier-Bresson (1908-2004), considerado por muitos como o mais importante fotógrafo da história, tem suas obras publicadas em oito dos 14 livros da coleção. Robert Capa, que surge em cinco livros, é o segundo autor mais citado, seguido por W. Eugene Smith, Steven McCurry, Josef Koudelka e o brasileiro Sebastião Salgado, que têm muitas de suas fotografias clássicas publicadas em quatro livros cada um.
Imagens que se tornaram clássicos da história da fotografia e até hoje servem de referência para fotógrafos iniciantes como "Atrás da Estação Saint Lazare" (1932), de Cartier-Bresson, a partir da qual ele criou a teoria do "momento decisivo" e "Mãe Emigrante" (1936), de Dorothea Lange, imagem símbolo da depressão americana, são alguns dos destaques da coleção que também traz à tona trabalhos menos conhecidos de importantes fotógrafos, como a fase documentarista de Miguel Rio Branco, mais conhecido pela vertente experimental e artística.
Além de um relato pontual e humanista sobre os acontecimentos que marcaram o século 20, por meio da "Coleção Folha Grandes Fotógrafos" é possível perceber os saltos qualitativos da linguagem fotográfica que evolui em sua forma de enquadrar e relatar o mundo visível em paralelo aos movimentos artísticos, mesclando a objetividade do relato com a subjetividade de composições, que ora se referenciam ao surrealismo, ora à geometria construtivista e ora se inspirando no cinema para incorporar a idéia de movimento e do extraquadro.
Seguindo diversas tendências, refletindo a evolução do modo de pensar e agir, a fotografia no século 20 se firmou como linguagem sensível, depositária da memória coletiva que alia a objetividade propiciada pelo aparelho à visão onírica, ideológica e apaixonada dos seus grandes mestres.
Os textos de introdução de cada volume, claros e sintéticos, contextualizam as obras dos fotógrafos ao momento social, político e artístico da época em que eles atuaram, servindo de ponto de partida para possíveis pesquisas que busquem aprofundar os temas abordados.
Nos 14 volumes, que têm o formato de 24,6 cm x 32,5 cm e 32 páginas cada, predominam imagens em preto-e-branco, até hoje a linguagem preferida dos fotodocumentaristas, mas a cor surge, por vezes de forma vigorosa, como nas requintadas séries de Steve McCurry, também da Magnum, com enfoque sobre os povos asiáticos. A impressão das imagens em papel couchê brilhante oferece as condições técnicas ideais para uma reprodução de alta qualidade.


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