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Caetano vai de luto
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
E o Brasil debutou no palco do
Oscar, pelas cordas vocais de
Caetano Veloso. Entre apresentações de concorrentes como o
messiânico U2 e o melancólico
Paul Simon, Caetano não tinha
muito a temer -e fez bonito, apesar do evidente nervosismo.
Politicamente não ousou emitir
palavra, noviço hollywoodiano
que era. Mas, bem, nem tampouco os sempre atuantes Paul Simon
e Bono (do U2). O rapper branquelo Eminem, outro indicado,
nem apareceu para cantar, o que
ali era sinal maior de rebeldia.
Talvez fosse o caso, então, de
entender como luto o terno preto
de Caetano, sua feição muito grave, os músicos todos dispostos à
sombra, uma imagem de fogo
vermelho no cenário ultrakitsch
da canção de "Frida".
Mas a mexicana Lila Downs, dividindo com ele "Burn It Blue"
quebrou a intenção, vestida de
preto, mas cheia de motivos coloridos. A canção, que sopra um
vento meio faroeste, também.
A coalizão latino-americana, reforçada pela introdução antiguerra do ator mexicano Gael García
Bernal (que deitou elogios ao "incrível" Caetano), marcou presença altiva. Mas foi perder o Oscar
de canção para o "ariano" Eminem e seu pobre rap "Lose Yourself" -o hip hop já ganha até Oscar. Ele não foi, mas seria engraçado vê-lo apanhando a estatueta
das mãos de Barbra Streisand.
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