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São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003

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Caetano vai de luto

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

E o Brasil debutou no palco do Oscar, pelas cordas vocais de Caetano Veloso. Entre apresentações de concorrentes como o messiânico U2 e o melancólico Paul Simon, Caetano não tinha muito a temer -e fez bonito, apesar do evidente nervosismo.
Politicamente não ousou emitir palavra, noviço hollywoodiano que era. Mas, bem, nem tampouco os sempre atuantes Paul Simon e Bono (do U2). O rapper branquelo Eminem, outro indicado, nem apareceu para cantar, o que ali era sinal maior de rebeldia.
Talvez fosse o caso, então, de entender como luto o terno preto de Caetano, sua feição muito grave, os músicos todos dispostos à sombra, uma imagem de fogo vermelho no cenário ultrakitsch da canção de "Frida".
Mas a mexicana Lila Downs, dividindo com ele "Burn It Blue" quebrou a intenção, vestida de preto, mas cheia de motivos coloridos. A canção, que sopra um vento meio faroeste, também.
A coalizão latino-americana, reforçada pela introdução antiguerra do ator mexicano Gael García Bernal (que deitou elogios ao "incrível" Caetano), marcou presença altiva. Mas foi perder o Oscar de canção para o "ariano" Eminem e seu pobre rap "Lose Yourself" -o hip hop já ganha até Oscar. Ele não foi, mas seria engraçado vê-lo apanhando a estatueta das mãos de Barbra Streisand.


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