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FESTIVAL DE CURITIBA
Festival dá rara visibilidade a criações alternativas, como "A Peça Didática de Baden Baden sobre o Acordo"
Grande vitrine de surpresas junta blefes e promessas
SERGIO SALVIA COELHO
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
Um festival que oferece 180 espetáculos tem as vantagens e
as desvantagens de uma grande
vitrine: dá rara visibilidade a alternativos, mas acaba promovendo
uma corrida a rótulos berrantes.
Na ânsia de transgredir o esperado, atores se lambuzam de lodo e
glacê de bolo, dançam com balões
(como na peça "Pequena Epifania, Um Réquiem para Todos
Nós") e simulam orgasmos, para
o terror ou a piedade da platéia.
Lado a lado, como laranjas na
feira, espetáculos-blefe acabam
contaminando corretos trabalhos
escolares, e é preciso serenidade
para lembrar que "A Peça Didática de Baden Baden sobre o Acordo", de Brecht, é só um exercício
proposto por Marcelo Lazzarato a
seus alunos da Unicamp.
Apesar de belas imagens, a peça
não promove a discussão. A didática está na aplicação quase ao pé
da letra de técnicas brechtianas.
Se escapar à pretensão, porém,
forte tentação após a exposição
no festival, o grupo tem condições
para percorrer os mesmos caminhos da outra companhia de Lazzaratto, a Elevador Panorâmico,
que, com semelhantes origens,
firma o pé na Mostra Oficial.
Por contraste, peças que se propõem apenas a contar bem uma
boa história acabam se destacando pela honestidade. O clássico de
Charles Dickens, "Grandes Esperanças", é bem defendido por atores seguros e pelo diretor/adaptador curitibano Luciano Coelho
que, embora vindo de uma premiada carreira no cinema, busca
antes de tudo o despojamento
teatral nessa sua estréia no palco.
Falta correr o risco de sintetizar
mais a longa história, diminuindo
as narrações submissas demais às
fontes literárias.
Evidentemente, o que o público
garimpa na lista diária do festival
é a soma de tudo isso: um espetáculo de linguagem inovadora, desenvolvida antes de tudo para servir a seu conteúdo, que una despojamento e profundidade. No
Fringe, o exemplo até agora é "A
Volta ao Dia..." , de Márcio Abreu.
Na Mostra Oficial, o deslumbrante "Mire Veja", da Cia. do Feijão.
Mas a eles se deve um espaço
maior do que essas breves crônicas do front teatral curitibano.
O jornalista Valmir Santos, a repórter-fotográfica Lenise Pinheiro e o crítico Sergio Salvia Coelho viajam a convite
do FTC
A Peça Didática de Baden
Baden sobre o Acordo -
Grandes Esperanças -
ilustrada online
Confira a programação completa do festival em
www.folha.com.br/especial/2003/festivaldeteatrodecuritiba/
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