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CDS
HUMAN AFTER ALL
CD da dupla chega às lojas brasileiras na semana que vem
Daft Punk retorna com álbum que oscila entre disco e rock
DA REPORTAGEM LOCAL
No ano passado, o escritório
britânico da gravadora Domino
Records recebeu um envelope
carregando um CD. Na capa do
disco, um papel: "Take Me Out
-(Daft Punk Mix)". A princípio,
não acreditaram que a reclusa dupla francesa, que não gravava desde 2001, tivesse perdido tempo remixando um hit de Franz Ferdinand. Foram confirmar. Sim, o
remix era do Daft Punk. Resultado: a Domino lançou a versão em
single e a música estourou.
O público gostou, mas a dupla
foi alvo de críticas fortes. É que a
versão é um remix econômico e
heterodoxo: eles não mexeram
muito na canção, apenas alteraram o tempo de uma batida aqui,
colocaram barulhos sujos no
meio de uma guitarra ali e pronto.
Bem, este "Human After All", terceiro disco do Daft Punk, parte do
mesmo princípio que pariu o remix. Deve levar pedradas.
"Human After All", segundo a
dupla, Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homem-Christo, demorou apenas um mês e meio para ser feito. No rock isso é coisa
mais banal -o White Stripes fez
seu "Elephant" em dez dias-, já a
eletrônica é território em que o
adjetivo "cru" não costuma ser
utilizado com freqüência.
Se ao realizar o remix de "Take
Me Out" eles respeitaram até demais a canção, apenas dando algumas pinceladas de verniz, como se a música fosse quase irretocável, em "Human After All" é o
próprio catálogo do Daft Punk
-e a disco dos anos 70- que recebe tratamento reverencioso.
Praticamente tudo o que está no
álbum, que chega às lojas do país
na semana que vem, já esteve presente nos dois discos anteriores
da dupla: "Homework" (1997) e
"Discovery" (2001).
Além de olhar para si próprio, o
duo, mais do que buscar referências, presta homenagem ao rock e
à disco de 30 anos atrás. Quando
"Human After All" pende para a
disco, ele cresce; quando se inclina para o rock, soa cansativo.
A viagem ao passado tem início
logo na faixa-título. "Human After All" abusa do vocoder, tem
uma bateria provocativa, é funkeada, como se James Brown fosse robotizado -ou como se o
Daft Punk fosse humano.
De James Brown para Kraftwerk. Os alemães são o espelho
em "Prime Time of Your Life" e
em "Technologic".
Se "Make Love" é um Daft Punk
mais calmo, como se estivesse
guiando um chill out, "The Brainwasher" é a dupla mirando as pistas, jogando uma acid house dançante, que lembra Chemical Brothers no início dos 90.
"Emotion" encerra o álbum
também abusando do vocoder,
com um vocal repetindo o título
da canção; é como um cover do
Aphex Twin por Brian Eno.
O lado rock de "Human After
All" é sintetizado por "Robot
Rock", que é também o single.
Inicia com riff de guitarra que não
ficaria fora de ordem num disco
do Van Halen o problema é que
não é um Van Halen da época de
"Diver Down" ou "1984", é um
Van Halen dos anos 90, enfadonho e repetitivo. "Steam Machine" é irrelevante; "Television Rules the Nation", com mais guitarra
hard rock e mais vocoder, irrita.
"Human After All" não tem o
ineditismo de "Homework" ou
"Discovery", mas estão ali os ingredientes que fizeram do Daft
Punk ser o que é.
(THIAGO NEY)
Human After All
Artista: Daft Punk
Lançamento: EMI (semana que vem)
Quanto: R$ 35, em média
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