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"MILES ELECTRIC"
Miles Davis "da tomada" é eletrizante
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando Miles Davis plugou
sua música na tomada, no final dos anos 60, o mundo da música tomou um choque. Alguns
comemoraram gritando heurecas, outros tantos clamaram que
um dos maiores gigantes do jazz
entrara em curto-circuito.
Mais de 30 anos se passaram,
Davis morreu há uma década e
tanto, mas essa história ainda
continua envolta em faíscas.
Teria ele nesta guinada rumo ao
pop se vendido ou o maior criador de revoluções jazzísticas de
todos os tempos vivia apenas
mais uma de suas iluminações?
Não existe instrumento melhor
para responder a essa questão do
que um DVD recém-lançado no
mercado brasileiro.
"Miles Electric" é o documento
por excelência da relação do
trompetista americano (1926-91)
com elétrons, prótons e nêutrons.
Produção de esmero raramente
visto no mercado de DVDs jazzísticos, o filme tem dois pacotes de
trunfos insuperáveis.
Por um lado, o passado. O documentário bebe em um arquivo
farto e selecionado de imagens de
Miles em ação, apresentando sua
música já eletrificada em festivais
mundo afora, com diversas formações musicais. As cenas de
show no gigantesco festival pop
da Ilha de Wight (Reino Unido),
em 1970, são a jóia dessa coroa.
Por outro lado, o presente. "Miles Electric" reúne depoimentos
de todos os músicos importantes
vivos que interagiram com o instrumentista durante o período. É
chance rara de ver, por exemplo,
depoimentos dos maiores astros
contemporâneos do piano jazzístico: Keith Jarrett, Herbie Hancock e Chick Corea.
Além dessas falas muito bem
entremeadas no roteiro do filme,
o DVD ainda tem como extra versões maiores das entrevistas.
E não só arremessadores de
confetes têm vez. Se o DVD registra o guitarrista Santana testemunhando um "orgasmo espiritual"
com o Miles elétrico, ele traz também um dos principais críticos de
jazz vivo, Stanely Crouch, testemunhando em registro barítono:
"Isto é tudo bobagem".
Miles Davis também tem voz no
DVD. E defende que conseguia
ouvir melhor o que fazia com instrumentos elétricos.
Quem quiser ver mais cenas disso tem como um "extra" um outro DVD que sai agora. "Miles Davis in Munich" registra show do
músico em 1988, na Alemanha. O
disco, duplo, traz "brindes" duvidosos: uma galeria dos desenhos
feitos pelo músico (como desenhista, sem dúvida ótimo trompetista), uma entrevista, que apesar da imbecilidade das perguntas
tem bons momentos, e mais duas
atrações indecentes.
Sob a rubrica "Comentários de
Adam Holzman, Tecladista de
Miles Davis" não vemos o tal cidadão. É um texto o que aparece na
tela. A mesma artimanha é usada
no item "linha do tempo". Nestas
horas sim é indiscutível. Vale tirar
tudo da tomada.
Miles Electric
Lançamento: ST2 Vídeo
Quanto: R$ 57, em média
Miles Davis Live in Munich
Lançamento: Indie Records
Quanto: R$ 69, em média
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