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Músicos gaúchos gravam disco de tango na Argentina
LÉO GERCHMANN
de Buenos Aires
Aquilo que os gaúchos chamam
de MPG (Música Popular Gaúcha)
vai apresentar uma nova face em
abril -menos brasileira e mais argentina. Será lançado um CD de
tangos, gravado por sete músicos
do Rio Grande do Sul em Buenos
Aires.
Nada de muito anormal nisso,
alegam os organizadores do projeto. Afinal, a cultura gaúcha tem
características que misturam tradições dos dois países.
"Tenho uma teoria: o gaúcho, o
que vive no sul do Brasil, tem uma
permanente crise de identidade.
Não sabe se é brasileiro, se é argentino, se é uruguaio. No inverno, sentimos tanto frio quanto em
Buenos Aires (razão pela qual eu
fundei a estética do frio em contraposição à estética tropical brasileira). E o tango está muito presente", disse, numa entrevista para o jornal argentino "Clarín", o
músico gaúcho Vítor Ramil, um
dos participantes do projeto.
O disco "Porto Alegre Canta
Tangos" é fruto do projeto "Porto
Alegre em Buenos Aires", que tem
a sua contrapartida no "Buenos
Aires em Porto Alegre". A terceira
edição do evento ocorreu no início
deste mês, com artistas de Porto
Alegre se apresentando em vários
espaços culturais de Buenos Aires.
O "Buenos Aires em Porto Alegre"
ocorrerá entre 16 e 19 de abril.
A promoção tem a iniciativa das
prefeituras das duas cidades, que
se proclamam "cidades irmãs" e
mantêm, também, intercâmbio
administrativo.
Além de Vítor Ramil, que é irmão de Kleiton e Kledir Ramil e
compôs canções importantes da
Música Popular Brasileira, como
"Estrela, Estrela" (interpretada
por Gal Costa), participam do disco os músicos Bebeto Alves, Lourdes Rodrigues, Leonardo Ribeiro,
Jorge Guedes, Hique Gomes e Luciana Pestano. Hique Gomes é um
dos responsáveis pelo espetáculo
cômico-musical gaúcho "Tangos
& Tragédias".
Os músicos de apoio do disco
são argentinos. A produção é de
Esteban Morgado. Entre outras
músicas, foram gravadas "El día
que me quieras", "Mano a mano",
"Malena", "Volver", "El último
café", "Uno" e "Por una cabeza".
Um dos cuidados tomados pela
produção do disco foi o de fazer
com que os músicos gaúchos não
perdessem suas características
próprias de interpretação.
Depois do lançamento em Porto
Alegre, que ocorrerá na Usina do
Gasômetro, o disco será lançado
em Buenos Aires, em maio.
Os eventos "Porto Alegre em
Buenos Aires" e "Buenos Aires em
Porto Alegre" já estão consagrados. No recente "Porto Alegre em
Buenos Aires", a participação do
público foi surpreendente. O filme
"Anahy de las Misiones", por
exemplo, levou um público de 195
pessoas até a sala Leopoldo Lugones, do Teatro San Martín, cuja
capacidade é para pouco mais de
200 pessoas. Ou seja, quase lotou.
"Anahy..." emocionou, divertiu
e surpreendeu o público portenho.
Algumas expressões tipicamente
espanholas (comuns também no
Rio Grande do Sul) utilizadas no
filme tiraram do público sorrisos e
comentários de aprovação.
Além dos shows e do disco, o orçamento participativo, modelo de
consulta popular existente desde
89 em Porto Alegre, foi adotado
pelos portenhos.
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